O homem responsável pelo abrigo clandestino – que foi fechado nesta quarta-feira (1), no distrito de Itaoca, em Itapemirim, no Sul do Estado – se passava por enfermeiro para conseguir a confiança dos familiares das vítimas.
As investigações da Polícia Civil (PC) apontaram que o suspeito era gesseiro, trabalhava em um hospital em Cachoeiro de Itapemirim e fez curso de cuidador.
A polícia informou que, enquanto ele trabalhava, começou a criar vínculos com uma Organização Não Governamental (ONG) que cuidava de doentes soropositivos, em Cachoeiro de Itapemirim, e começou a criar amizades com o responsável pela organização.
Assim, o responsável pela ONG indicava os pacientes para que o suspeito cuidasse. “Após conseguir se passar por enfermeiro, conseguiu confiança dos familiares, que, não tendo local adequado para abrigar seus parentes, os colocaram sob responsabilidade do falso enfermeiro”, divulgou a corporação.
O abrigo foi fechado após uma denúncia de maus-tratos. Segundo a Prefeitura de Itapemirim, o espaço precário não apresentava alvará de funcionamento e nem alvará sanitário. E, no local, foram recolhidos pela Vigilância Sanitária diversos remédios vencidos e vários outros sem identificação.
A Secretária de Assistência Social afirmou que a cena encontrada no local foi de total descaso. “O espaço não tinha condições de ser um abrigo, a alimentação e a higiene pessoal eram péssimas, sem contar no forte odor de urina e fezes”, declarou Maria Helena Spinelli Escovedo, da Secretária de Assistência Social.
De acordo com o titular da Delegacia Regional de Itapemirim, delegado Djalma Pereira Lemos, os internos se encontravam em uma situação em que a alimentação era insuficiente, precária – já que na casa não havia nenhuma proteína disponível – e sem qualidade – visto que foi encontrada uma panela de arroz mal cozida.
Além disso, Djalma informou que essas pessoas dormiam em um colchão no chão, sem coberta, lençóis e roupas de cama. E, aqueles que precisavam receber um tratamento especializado devido a doenças que tinham, não recebiam.
A PC recebeu informações de que no local havia uma paciente de 58 anos com deficiência intelectual e que ela teria sido vítima de estupro cometido por um dos internos.
O suspeito de abusar da paciente, conforme apontaram as investigações, é um homem de 34 anos, que estava internado no abrigo em decorrência de dependência química e foi comprovado ser soropositivo.
O delegado Djalma Pereira Lemos informou que o interno suspeito de estuprar a mulher é soropositivo e tinha ciência disso. “Estamos aguardando o laudo do Departamento Médico Legal (DML) e, caso seja confirmado o estupro, o indivíduo terá a prisão preventiva representada em juízo”, disse.
“Além do crime de estupro de vulnerável, o investigado poderá responder ainda pelo crime de disseminar a outrem moléstia grave de que está contaminado, ato capaz de produzir contágio”, completou Lemos.
As seis pessoas que estavam internadas foram reintegradas aos familiares. Já o homem de 38 anos, que se passava por enfermeiro, foi conduzido à delegacia para prestar esclarecimentos. Ele foi autuado nos crimes de cárcere privado e maus-tratos a pessoas e encaminhado em seguida ao Centro de Detenção Provisória de Marataízes, onde permanecerá à disposição da Justiça.
A reportagem procurou o Conselho Regional de Enfermagem do Espírito Santo para saber se gostaria de se pronunciar sobre o caso e, se houver retorno, este texto será atualizado.
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