A advogada Josileide Neiman Sales, presa por suspeita de participar do roubo milionário a um apartamento na Praia da Costa, em Vila Velha, teve um novo pedido de prisão preventiva expedido. Este é o segundo mandado judicial referente à investigada. Em 9 de outubro ela foi para o Centro Prisional Feminino de Cariacica (CPFC) por um pedido temporário da Justiça do ES. Porém, saiu da unidade prisional no 8 de novembro devido ao vencimento da prisão temporária, segundo a Secretaria de Justiça (Sejus).
O Tribunal de Justiça do Espírito Santo não informou quando o novo mandado (de prisão) foi expedido. A mulher de 42 anos chegou a atuar na defesa de Herica Lucide Custódia, de 44 anos, acusada de arquitetar todo o crime no imóvel.
Segundo as investigações, a advogada é investigada por lavar o dinheiro roubado por ‘Gordinho’, de 22 anos, e Diego Souza Ferreira, de 37. Os dois entraram no imóvel com a ajuda de Hérica, que era a diarista no apartamento, e levaram dois cofres.
Em coletiva de imprensa no dia 15 de outubro, o delegado Gabriel Monteiro, chefe do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic), informou que após lavar o dinheiro, ela repassava à filha de Hérica, de 29 anos, que ocultava os valores comprando e vendendo armas.
Até esta quarta-feira, permaneciam presos 'Gordinho', e a filha da diarista, ambos detidos em 9 de outubro, e Hérica, levada pela polícia em 17 de julho. Diego e um quarto homem - ainda não identificado - que ajudou na fuga estão foragidos. A reportagem tenta localizar a defesa de Josileide.
“Com gordinho nós recuperamos uma pistola importada com seletor de rajada, com diversas munições, e, R$ 120 mil reais (parte dele no roubo), na casa de um familiar. Apreendemos uma moto que ele comprou dois dias após o crime, no valor de 40 mil reais”, explicou, em outubro, o delegado Gabriel Monteiro, chefe do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic).
Em nota, a Ordem dos Advogados do Espírito Santo (OAB-ES), disse que está acompanhando o caso e buscando informações para tomar as providências cabíveis, observando as prerrogativas da advocacia e as normas do Código de Ética e Disciplina da OAB.
No dia 17 de julho deste ano, segundo consta no boletim de ocorrência registrado pela Guarda Municipal de Vila Velha, uma equipe foi acionada por volta das 16h50. Chegando lá, os agentes encontraram a diarista Herica Lucide Custódia amarrada e presa no quarto. O apartamento estava todo revirado.
À equipe da Guarda, na ocasião, ela contou que foi abordada dentro do apartamento por uma mulher armada. Na versão inicial da diarista, além da assaltante, outros dois criminosos também estariam envolvidos e ela teria sido xingada, agredida e amarrada em um dos quartos. Ela contou ainda que teria desmaiado após uma coronhada e chamado a guarda assim que acordou, por volta das 16h40.
No mesmo dia, ela e o porteiro do prédio foram levados à Delegacia Especializada de Segurança Patrimonial (DSP) para dar esclarecimentos sobre o caso. Inicialmente, a Polícia Civil disse que, para preservar a investigação, nenhuma informação seria passada.
Todo o plano começou a ser planejado após Hérica “convocar” Diego e Gordinho. De acordo com o delegado, eles se conheciam de festas em Cariacica e disse para a dupla que “tinha um serviço para os dois”. Veja passo a passo do crime:
Filmagens de videomonitoramento mostram os homens na rua com uma mala, uma mochila e uma sacola - onde estavam dois cofres. Eles tiveram acesso ao apartamento por meio da liberação da diarista, que estava sozinha.
O delegado Gabriel Monteiro explicou em coletiva feita que 15 dias antes de cometer o assalto, o quarteto tentou realizar o roubo. Porém, não deu certo e o insucesso confundiria Hérica no depoimento prestado à polícia após o crime em 17 de julho. Isso porque, quando tentaram levar o dinheiro e joias pela primeira vez, Gordinho entrou com uma peruca loira no intuito de criar um disfarce.
Por causa dessa lembrança, Hérica disse em depoimento que uma mulher chegou armada no apartamento e a rendeu. Só que as filmagens do corredor, da portaria, e de dentro da casa mostravam somente homens.
“Então, ela estava com aquilo na cabeça e, na hora que estava na delegacia, ela falou que era uma mulher. Isso aí foi um ponto que desestruturou ela. Comprovamos que a primeira história era furada, não existia nenhuma mulher, eram dois indivíduos a todo tempo”, contou o delegado.
Ela afirmou ainda que levou coronhada, mas exames de delito não apontaram nenhum ferimento. O carro utilizado no crime, um Volkswagen Voyage, era do Gordinho, e foi vendido três dias depois. Em parceria com a Polícia Rodoviária Federal, o veículo foi encontrado em Santa Catarina. Assim, conseguiram comprovar a utilização do automóvel.
Monteiro explicou ainda que todos podem responder por lavagem de dinheiro, associação criminosa e comércio de arma de fogo. Agora, a polícia busca encontrar o restante do dinheiro. "A advogada ainda será ouvida e vamos concluir o inquérito. O quarto elemento [homem não identificado] estamos adiantados na investigação e em breve vamos conseguir pedir a prisão", afirmou.
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