O empresário Odorico Coelho, de 50 anos, que se envolveu em uma discussão de trânsito com um policial militar, e que teve a filha de 14 anos agredida pelo PM, na Avenida Norte Sul, na Serra, neste domingo (17), entrou em contato com a Rede Gazeta para esclarecer a ocorrência e dar sua versão sobre a confusão. Odorico disse que levava a filha para fazer um simulado de prova para o Instituto Federal do Espírito Santo (Ifes) quando se deparou com o veículo do policial - que não estava em uma viatura da PM.
Ele relatou que passava perto do cruzamento com a ES 010 - em uma Astra Preto - e na frente dele estava o carro do PM, um Prisma Branco, que seguia em menor velocidade. Como não tinha como passar para a faixa da direita porque havia um ônibus, o empresário afirmou que pediu passagem com o farol piscando. Foi quando ele acelerou e depois freou umas três vezes com o intuito de que eu batesse na traseira do carro dele. Eu até falei com minha filha que poderia ser alguém bêbado. Depois ele me deu passagem, mas quando eu ultrapassava, ele jogou para a direita, contra o meu carro. Quando a gente saiu do veículo ele já veio com a pistola na mão gritando, relatou.
Odorico conta que tentou acalmar o policial, mas não conseguia. A situação aconteceu perto do Parque da Cidade, onde ocorria um evento. Agentes da Guarda de Trânsito da Serra chegaram rapidamente para conter a situação.
Quando ele saiu do carro me falou que queria resolver a situação toda ali mesmo porque estava trabalhando a noite toda e me chamou de vagabundo. Ele começou a agredir - e essa parte o vídeo não mostra - e minha filha saiu do carro indignada, tentando entender o que estava acontecendo. Ele pediu várias vezes para ela sair, ameaçando dar um tapa na cara dela. Foi quando aconteceu a situação, detalhou.
Segundo o empresário, após ver a filha sendo agredido pelo PM, mesmo contido pelos agentes, deu um chute na costela do policial.
Um vídeo desse momento foi gravado por quem estava justamente no ônibus de uma empresa. Assista abaixo:
Odorico acredita que, se os agentes da Guarda Municipal de Trânsito não estivessem próximo do local da ocorrência, algo pior poderia ter acontecido. No meu entendimento ele é um psicopata. Se não fosse a Guarda Municipal, que chegou rápido, ele teria me matado e diria para todos que fez isso porque eu coloquei a mão na cintura e ele se sentiu ameaçado, declarou.
DENÚNCIA E PEDIDO DE SAÍDA DE PM
Depois da situação, pai, filha e o policial foram encaminhados para a 3ª Delegacia Regional da Serra, em Laranjeiras, onde Odorico ficou detido até por volta das 20 horas deste domingo (16) e pagou fiança de R$ 540 para ser liberado. Logo após deixar a delegacia, ele procurou ajuda médica por causa dos ferimentos causados pela agressão.
A Polícia Civil respondeu, por meio de nota, que Odorico foi autuado por lesão corporal tentada e desacato à autoridade e foi liberado após o pagamento de fiança. Eu não fiz nada contra ele, ele nem me revistou e nem deu voz de prisão na hora e estava fora do horário de serviço. A única coisa que eu tinha no carro era um bastão retrátil, que tenho desde que fui assaltado em 2017. Ele disse que eu usei o bastão para tentar agredi-lo, mas isso não aconteceu. O que ele alega é que foi agredido pela minha filha e a vítima é ele, garantiu.
A adolescente de 14 anos assinou Boletim de Ocorrência Circunstanciado por desacato à autoridade. Ainda de acordo com a Polícia Civil, o policial militar também foi autuado e assinou um Termo Circunstanciado por abuso de autoridade, "por atentado contra a incolumidade física dos detidos."
Odorico conta que ficou indignado com a situação e espera conseguir alguma punição para o PM envolvido no caso.
O OUTRO LADO
A reportagem do Gazeta Online tentou conversar com o policial na 3ª Delegacia Regional da Serra na tarde deste domingo (16), mas ele alegou que não estava autorizado a comentar o caso.
PM VAI APURAR RESPONSABILIDADES
Procurada pela reportagem, a Polícia Militar informou, por meio de nota, que "será instaurado processo administrativo para apurar responsabilidades" sobre o fato.
"O início do vídeo mostra o que parecem ser agentes da guarda municipal tentando, junto com o policial militar, conter um homem. A mulher que aparece em primeiro plano oferece resistência a fim de impedir a ação, chegando a desferir um tapa no PM, tentando, logo em seguida, retirar o que parece ser um telefone das mãos do policial, o que provoca a reação do servidor militar. É importante ressaltar, que a resistência de terceiros no impedimento de uma ação legal de agente público competente constitui crime. Será instaurado processo administrativo para apurar responsabilidades. A Polícia Militar ressalta seu compromisso com o povo capixaba em defesa da verdade ampla dos fatos e não coaduna com atos de violência", diz a nota da PM.
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