Maycon Milagre da Cruz, de 35 anos, se recusou a fazer o exame para comparar o material genético dele com o encontrado nas roupas do filho Jorge Teixeira da Silva, de 2 anos, que morreu na semana passada. Nesta quarta-feira (13), a Polícia Civil afirmou que encontrou vestígios de sêmen e sangue em roupas da criança. O homem e a mãe do menino, Jeorgia Karolina Teixeira da Silva, de 35 anos, são apontados como suspeitos da morte do filho.
A informação sobre a recusa para fazer o exame foi confirmada pela Polícia Civil na manhã desta quinta-feira (14). A corporação evidenciou que, diante da negativa do homem, “será necessário avaliar as possibilidades legais”.
“Os exames foram ofertados para dois parentes que aceitaram. Até o momento, não tem o resultado de quem seria o sêmen e o sangue”, finalizou a Polícia Civil em nota.
Na tarde desta quarta-feira (13), a Polícia Civil enviou nota à imprensa informando que exames constataram vestígios de sêmen e sangue nas roupas de Jorge.
O delegado titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, Alan Moreno, afirmou que ainda não era possível dizer a quem pertencem o sangue e o sêmen encontrados.
Ainda segundo o delegado, o material genético foi encontrado em uma roupa que estava dentro da casa e que não, necessariamente, havia sido usada pela criança no dia da morte.
Devido a essa dúvida, a Polícia Civil informou que solicitaria que o pai realizasse os exames nesta quinta-feira (14), para comparação genética, mas o homem se recusou.
"Em uma peça, que denota ser de uma criança, foi encontrado sangue humano e PSA. Ainda não sabemos de quem é o material genético. Vai ser feito uma comparação [do material] com outras pessoas", explicou, em entrevista à repórter Any Cometi, da TV Gazeta.
A reportagem tenta localizar a defesa do suspeito. O texto será atualizado, caso algum posicionamento seja enviado.
Na madrugada de segunda (4), Jorge Teixeira da Silva foi levado pela mãe para o Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha. Segundo a Polícia Civil, Jeorgia informou, ao chegar ao local, que a criança estava com pneumonia. Porém, os médicos perceberam que a criança estava com lesões, apontando possíveis torturas e abusos.
O crime começou a ser apurado durante a madrugada dessa terça-feira (5), quando a polícia tomou conhecimento da morte da criança. A corporação tinha informações sobre sinais de abusos sexuais. O corpo foi levado ao DML, com o acompanhamento da equipe policial. O objetivo era entender o que causou a morte do menino.
Desde a chegada ao Himaba até a detenção do casal, a polícia afirmou ter observado que os pais da criança demonstravam indiferença com a morte dela, sem emoções ou tristeza aparente, apesar da gravidade do caso. Na avaliação de Alan Moreno, delegado adjunto da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, o comportamento causou estranhamento.
Segundo a Polícia Civil, Jeorgia e Maycon apresentaram resistência quando souberam do protocolo de transferência do Himaba, que encaminharia o corpo de Jorge para o DML. Segundo apuração da repórter Daniela Carla, da TV Gazeta, os pais tentaram evitar que o corpo fosse levado. A tentativa era que a criança fosse diretamente para uma funerária. O casal teria alegado não ser necessária a autópsia do corpo.
Após a realização de um exame no DML, o médico-legista apontou que o menino havia sido violentado sexualmente e que a causa da morte foi "choque séptico peritonite, decorrente da perfuração do reto e do ânus devido a um trauma contuso anal". A pneumonia, antes relatada pela mãe, foi descartada pela Polícia Civil.
Com os exames feitos na PC, os médicos apontaram que houve introdução de instrumento contundente na vítima, além de lesões na face, no dorso, no braço e em parte da coxa, que podem ter sido provocadas por cigarro.
O descarte da pneumonia e o conhecimento das lesões internas e externas fizeram com que o casal fosse levado a explicar o ocorrido. Jeorgia Teixeira da Silva e Maycon Milagre da Cruz foram conduzidos à Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa de Vila Velha, onde prestaram depoimento por aproximadamente 12 horas. Em coletiva de imprensa nesta quarta-feira (6), o delegado Alan Moreno afirmou que eles não souberam dizer o que aconteceu com a criança de domingo (3) para segunda (4), tendo "apresentado versões lacunosas e imprecisas".
Durante as investigações, uma troca de mensagens entre os pais chamou a atenção da polícia. Após o alerta feito por médicos sobre a suspeita de abuso, a mãe da criança entrou em contato com o companheiro. "Ela diz assim: 'O nosso filho foi vítima de um estupro'. O pai responde: 'Estupro, mas por quê?', e ela diz que a médica estava falando que ela precisava ir até a delegacia fazer um boletim. O pai fala que isso é normal, que todo hospital faz isso, e para a mulher ficar tranquila", detalhou o delegado Alan Moreno. Após confeccionar o boletim, quando a criança ainda estava viva no hospital, Maycon mandou uma mensagem para a mulher. "Ele fala a seguinte frase: 'Depois nós temos que sentar e conversar sobre o boletim, pode ser que tenhamos passado alguma coisa despercebida'. Quero deixar claro que temos que entender o que foi dito antes e após essas mensagens, para fazer uma contextualização, mas elas causam estranheza à polícia", disse o delegado.
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