Os sequestradores da vereadora Lari Bortolote Marcon (Republicanos) são parte de uma quadrilha do tráfico de drogas que atua em Cachoeiro de Itapemirim, Sul do Estado, com ramificação em Rio Novo do Sul, localidade onde queriam firmar os "negócios". De acordo com a Polícia Civil, o dinheiro do resgate seria usado justamente para aplicar na organização criminosa e expandir a venda de entorpecentes.
"O que os sequestradores almejavam era o dinheiro da vítima. Eles estavam estabelecendo um ponto de tráfico em Rio Novo do Sul. Inclusive os dois que conseguiram fugir do cativeiro também estão sendo investigados por um homicídio que ocorreu recentemente na localidade", explicou o Faustino Antunes, superintendente de polícia regional Sul.
A vereadora foi sequestrada na manhã de segunda-feira (22), enquanto estava na propriedade da família dela, em Rio Novo do Sul. Dois criminosos chegaram de carro, amarraram o pai dela e um funcionário, e levaram a vítima para um cativeiro em Recanto do Sol, em Anchieta. Ela foi resgatada pela polícia às 22h do mesmo dia, sem nenhuma lesão.
Durante o período da tarde, dois suspeitos foram presos, enquanto tentavam pegar o dinheiro do resgate (inicialmente pediram R$ 250 mil, mas depois valor caiu para R$ 100 mil) com o irmão da vereadora, no bairro Zumbi, em Cachoeiro de Itapemirim. Os outros dois sequestradores, que estavam no cativeiro com Lari, conseguiram fugir após a chegada da polícia.
De acordo com o delegado, a princípio a polícia descartou a hipótese de que o crime tenha alguma motivação política.
Os dois presos em Cachoeiro têm 17 e 28 anos. Eles não quiseram dar nenhum depoimento, mas, de acorco com a polícia, já têm passagem por tráfico e homicídio. Agora, vão responder por extorsão mediante sequestro e porte ilegal de arma. O adulto ainda será indiciado por corrupção de menores.
A dupla que conseguiu fugir é a mesma que abordou a família da vítima na propriedade rural. Segundo o delegado, eles já foram identificados e são procurados. Um dos dois, inclusive, tem até mandado de prisão em aberto por tráfico e homicídio. Os nomes dos quatro envolvidos não foram divulgados.
Lari contou que, ao ser rendida, foi colocada no banco de trás do carro e recordou que os bandidos andaram por um longo tempo até chegarem à casa em Anchieta, onde ela foi mantida em cativeiro dentro de um dos quartos, desamarrada. Ela relatou que os criminosos lhe entregaram comida e diziam que não fariam nada com ela.
“Me colocaram num quarto e ficaram na sala, assistindo televisão. Me deram água e pão. No final da novela Pantanal, o sequestrador viu que a polícia chegou. Eu abaixei e só esperei, com medo de tiro, alguma coisa do tipo. Eles fugiram e a polícia entrou e me resgatou”, relembrou.
A vereadora disse, ainda, que se emocionou ao ver a equipe da Polícia Civil e agradeceu os agentes que a resgataram: "Não sei nem explicar a sensação, porque parecia que eu estava nascendo naquele momento. Tenho muito a agradecer à equipe da Polícia Civil. Sem eles (policiais), eu acho que eu não estaria aqui agora, agradecer a Deus também, minha família, meus amigos, todo mundo que torceu para mim".
"Foi emocionante demais porque eu pensava em mim, mas eu pensava neles (amigos e familiares) aqui também, porque eu sei que eles sofreram muito. Deus é muito bom e deu tudo certo", desabafou.
Apesar de não conseguir especificar há quanto tempo, o delegado Faustino revelou que a casa onde a vereadora ficou tinha sido alugada recentemente por um dos bandidos que está foragido.
Dentro da residência, havia vasto material ilícito. Tudo indica que eles estavam aproveitando o local para armazenar drogas e armas da quadrilha. Ao todo, foram apreendidos: uma pistola 9mm, uma espingarda de calibre 12, uma submetralhadora, balança, 22 tabletes e meio de maconha, crack, pinos de cocaína e dinheiro.
Com os dois presos em Cachoeiro, na hora em que iriam pegar o dinheiro do resgate, a polícia ainda apreendeu um revólver de calibre 38.
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