Conhecido pela tranquilidade, Jardim da Penha, em Vitória, vê explodir casos de sequestro-relâmpago envolvendo transferências Pix exigidas pelos criminosos. Somente nos últimos dois meses foram contabilizados sete casos, mas a Polícia Militar fala em, pelo menos, dez ocorrências desde agosto. Em entrevista para A Gazeta, o major Isaac Rubim cita a existência de uma quadrilha e explica por que o bairro se tornou alvo de bandidos.
O major da PM evidencia que desde agosto foram diversas ocorrências e houve certa dificuldade para catalogar cada uma, visto que algumas foram registradas como cárcere privado e outras até como furto. “Estamos fazendo um pente-fino. Em alguns casos, a vítima nem registrou devido ao medo. Desde agosto, são pelo menos dez sequestros envolvendo a transferência de Pix”, declara.
Para a polícia, os crimes estão sendo praticados por uma quadrilha que se organizou para cometer os sequestros especificamente em Jardim da Penha. “Não é um caso isolado, de alguém que foi lá para roubar uma mulher. É um grupo que se organizou, uma quadrilha”, pontua o major Isaac, da Polícia Militar.
Na avaliação da polícia, os criminosos escolheram Jardim da Penha pelas seguintes características:
“Eles restringem a liberdade da vítima porque as pessoas não andam mais com dinheiro, a maioria usa o Pix. Pedir um pix na rua no meio da rua não dá, porque vai chamar atenção, por isso precisam pegar a pessoa”, contextualiza.
A Polícia Militar identificou, até o momento, que a quadrilha que tem agido em sequestros-relâmpagos com exigência de transferência de Pix é formada por cinco integrantes, todos da Grande Vitória: quatro homens e uma mulher.
“Um homem fica andando no bairro, aborda e ataca até a vítima do crime, outro embarca, pega o cartão de crédito, vai fazendo compra, pede as senhas. Quando é só Pix, abandona vi tima em outra cidade, como Cariacica e Serra ou em bairros tipo Itararé e Santa Martha. Já a mulher não age em loco, fica fazendo compras e transferências”, detalha o major.
Uma dúvida frequente é se não daria para identificar os criminosos rastreando para onde o dinheiro via Pix foi transferido. O policial explica que a quadrilha utiliza de contas laranjas para tentar ocultar a própria identificação.
“Às vezes eles pegam a documentação de laranjas, até em situação de rua. Criam uma conta no banco por meio de fraude para uma pessoa que não existe ou alguém difícil de identificar."
Para conter os crimes, a Polícia Militar aumentou o efetivo em Jardim da Penha e tem trabalhado para convencer as vítimas a registrarem boletim de ocorrência. Além disso, a corporação passou a usar o policiamento velado, com militares disfarçados em alguns pontos da localidade.
• Observar a rua antes de sair de casa;
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Se houver algum homem ou uma dupla de boné e máscara contra a Covid-19, entre em contato com a Polícia Militar;
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Não entre na garagem se tiver algum homem com atitude suspeita nas proximidades;
• Telefone do DPM de Jardim da Penha: (27) 99203658 e (27) 3224-5280 ou denuncie pelo 190.
Questionada sobre a existência de uma quadrilha no bairro e sobre os sequestros, a Polícia Civil informou, em nota, que está atenta aos crimes na região e investiga todos os casos que chegam ao seu conhecimento. "No que lhe compete, a Polícia Civil do Espírito Santo tem empenhado esforços na investigação e elucidação deste tipo de crime, bem como na prisão de autores", afirma.
"Cabe destacar que foi criado em dezembro um Núcleo Especializado em investigar crimes de extorsão com restrição de liberdade, dentro do Departamento Especializado de Investigações Criminais (Deic). A população pode contribuir com informações de forma anônima através do Disque-Denúncia 181. O anonimato é garantido e todas as informações fornecidas são investigadas", finaliza o texto.
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