A morte de Kevinn Belo Tomé da Silva, um adolescente de 16 anos que esperou durante horas por atendimento dentro de uma ambulância, em Vila Velha, completou seis meses no último domingo (30). No dia 30 de abril deste ano, o adolescente saiu de Cachoeiro de Itapemirim, mas não foi atendido no Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha. Seis meses depois, a Secretaria de Estado da Saúde informou à reportagem de A Gazeta que concluiu o relatório de apuração do caso, sem dar mais detalhes.
Em nota enviada à reportagem, a Sesa informou que o relatório aguarda deliberação do atual chefe da pasta, Tadeu Marino, e tem previsão de ser enviado às autoridades envolvidas ainda durante a semana. Não foi divulgada uma data exata. A secretaria não respondeu à reportagem se o documento aponta culpados, por qual motivo o adolescente esperou por quatro horas e se a organização de atendimento do hospital foi alterada depois da morte.
No mesmo dia da morte de Kevinn Belo Tomé da Silva, a secretaria anunciou que duas médicas plantonistas que trabalhavam no hospital haviam sido afastadas das funções. O caso, na época, foi visto como "flagrante negligência médica por parte dos profissionais".
Seis meses depois, a Sesa voltou a afirmar que as médicas envolvidas no episódio continuam afastadas das atividades do Hospital Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba).
Também procurada pela reportagem nesta segunda-feira (31), a Polícia Civil informou que a investigação segue em andamento na Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha. Segundo a corporação, testemunhas estão sendo ouvidas para "esclarece os fatos com precisão".
Outras informações não serão passadas, por enquanto, para não interferir na apuração do fato, segundo a corporação. Todas as medidas legais foram adotadas e estão tramitando dentro do prazo legal, garantiu a Polícia Civil.
No dia 30 de abril, o Conselho Regional de Medicina (CRM-ES) informou que abriria sindicância para apurar as responsabilidades no caso. No dia 31 de outubro, no entanto, o conselho informou que o caso "ainda está em fase de sindicância".
O Ministério Público do Espírito Santo (MPES) também foi procurado para informar se acompanha o caso. A matéria será atualizada assim que houver um retorno.
O adolescente de 16 anos morreu no dia 30 de abril, dentro de uma ambulância, depois de esperar aproximadamente quatro horas por um leito de UTI no Himaba, em Vila Velha. De acordo com parentes, Kevinn Belo Tomé da Silva estava internado no município de Cachoeiro de Itapemirim havia pelo menos três dias quando começou a passar mal e sentir falta de ar.
A transferência aconteceu na noite do dia 29 de abril, quando uma vaga já estava reservada para atendê-lo na Grande Vitória. No trajeto entre Cachoeiro e Vila Velha, o jovem teve duas paradas cardíacas. A terceira parada cardíaca foi registrada quando ele já estava em frente ao hospital, dentro da ambulância.
Em nota enviada horas após a morte, a Secretaria de Estado da Saúde informou que a direção do hospital lamentou o falecimento do adolescente e que havia registrado um boletim de ocorrência contra o que considerou "flagrante negligência médica por parte dos profissionais". A posição foi reforçada pelo secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes.
"A instituição considera inadmissível negligência em qualquer atendimento, já que a premissa do hospital é garantir acolhimento e assistência a todos os pacientes. E informa que garantirá toda assistência necessária à família do jovem Kevinn", diz em nota.
Um dia após o secretário de Estado da Saúde, Nésio Fernandes, afirmar que houve omissão e negligência das médicas plantonistas no atendimento ao jovem Kevinn Belo Tomé da Silva, o advogado das profissionais, Jovacy Peter Filho, rebateu a fala do chefe da Sesa e afirmou que as profissionais não negaram socorro ao rapaz.
Em entrevista ao Bom Dia Espírito Santo, da TV Gazeta, no dia 3 de maio, ele foi enfático ao dizer que houve pré-julgamento das médicas por parte do secretário e que não foram observados aspectos importantes relativos ao plantão no dia do ocorrido - madrugada de sábado (30). Os nomes das médicas não foram divulgados.
Segundo ele, assim que Kevinn chegou ao Himaba trazido em uma UTI móvel de Cachoeiro de Itapemirim, foi logo observada a gravidade do quadro clínico do paciente, que indicava a necessidade de internação em um leito de terapia intensiva. Ocorre, de acordo com Jovacy, que a reserva feita pela regulação de leitos, era para outro setor, que por sua vez não atendia às necessidades do adolescente.
A reportagem de A Gazeta voltou a procurar, nesta terça (1), a defesa das médicas afastadas. Segundo o advogado Jovacy Peter Filho, as duas foram ouvidas e colocadas à disposição do MPES e da Polícia Civil. Esclarecimentos foram prestados pelas médicas.
De acordo com o advogado, as duas não foram afastadas pela Sesa. As profissionais, na verdade, pediram o próprio afastamento durante a apuração do caso. Elas continuam servidoras do Estado e estão trabalhando em outros locais, detalhou Jovacy.
O delegado apontou que as clientes não devem voltar a trabalhar no Himaba após a apuração do caso por causa da exposição que sofreram com o episódio. "Com a atual gestão, não há nenhum ambiente profissional saudável para trabalharem no Himaba. Mas a ideia das duas pode mudar", diz o advogado.
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