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Soldado Celini é enterrado em Cariacica: "Era o sonho dele ser PM"

Soldado Celini é enterrado em Cariacica: "Era o sonho dele ser PM"

O soldado Celini foi assassinado com o colega, o também soldado Bruno Mayer Ferrani, neste domingo (16), durante uma emboscada no município

Publicado em 17 de outubro de 2022 às 15:11

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Júlia Afonso
Repórter / [email protected]

O corpo do soldado da Polícia Militar Paulo Eduardo Oliveira Celini, 29 anos, foi enterrado na tarde desta segunda-feira (17) no  Cemitério Parque da Paz, na Rodovia do Contorno. Em imagens feitas pelo repórter fotográfico Fernando Madeira, de A Gazeta, é possível ver a grande quantidade de policiais militares presentes. O corpo foi recebido com aplausos e muita emoção. (vídeo acima)

Em entrevista à repórter Tarciane Vasconcelos, da TV Gazeta, a tia de Celini falou sobre o sonho do sobrinho de entrar na Polícia Militar

Soldado Celini é enterrado em Cariacica Era o sonho dele ser PM
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Ele tinha o sonho de ser policial militar e era uma realização para ele poder atuar, com os demais colegas, apara ajudar a sociedade. Foi uma satisfação enorme para ele ter essa aprovação. Você via o brilho nos olhos dele, a esposa sempre falou que ele estava muito feliz fazendo o que fazia. Paulo sempre foi um exemplo: estudioso, servo do Senhor, excelente marido, filho, sobrinho. Todos nós da família tínhamos muito orgulho dele

Renata França
Tia do soldado Celini
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"Muita tristeza. A gente não vai falar que está revoltado porque isso não vai adiantar nada nesse momento. A justiça de certa forma foi feita, agora a gente vai ver como vai ser no dia após dia. Sempre que podia ele estava junto da família, preservava muito essa união", finalizou Renata. 

Corpo do soldado é recebido com palmas no cemitério Parque da Paz, em Cariacica(Fernando Madeira)

Celini era formado em Educação Física pela Universidade Federal do Espírito Santo e estava casado havia poucos meses. Natural de Campinas, em São Paulo, ele morava em Cariacica, e ingressou na Polícia Militar capixaba em 2021.

ENTERRO DO SOLDADO FERRANI

O corpo do soldado da Polícia Militar Bruno Mayer Ferrani, de 30 anos, foi enterrado na manhã desta segunda-feira (17) no Cemitério São Pedro, no bairro Santo André, em Cariacica

Ferrani era casado e deixa a esposa e duas filhas. Na corporação desde 2015, ele e o soldado Celini estavam lotados no 7º Batalhão localizado em Mutum, Cariacica.

HOMENAGENS 

Emoção e homenagens: soldado Ferrani é enterrado em Cariacica(Fernando Madeira)

A Polícia Militar de Goiás também fez uma homenagem aos dois policiais mortos no Espírito Santo. "Deram suas vidas pelos seus próximos. Somos um Brasil inteiro, uma só polícia, de norte a sul, de leste a oeste", diz o vídeo. 

Em Linhares, no Norte do Estado, outra homenagem foi registrada. Os policiais ligaram a sirene e mantiveram o giroflex ligado por 1 minuto no momento previsto para o sepultamento de Bruno. 

Coronel Késio Freitas Oliveira fez uma homenagem também durante o sepultamento do soldado Celani. Assista:

ENTENDA

Os policiais militares Paulo Eduardo Oliveira Celini, de 29 anos, e Bruno Mayer, de 30, realizavam uma ronda noturna em Cariacica, nos entornos da Rodovia Leste-Oeste. Durante o serviço, por volta das 3 horas da madrugada, os soldados avistaram uma tentativa de assalto.

Durante o serviço, por volta das 3 horas da madrugada, os soldados avistaram uma tentativa de assalto. Dois dos quatro suspeitos, que estavam em um Fox branco, saíram do carro e tentaram abordar um Fiat Argo. Nesse momento, os assaltantes foram surpreendidos pela chegada dos policiais, que ligaram suas sirenes e o giroflex.

Ao avistarem a viatura, os assaltantes — um homem e uma mulher — entraram no Fox branco novamente e tentaram fugir. A partir dessa hora, foi iniciada uma perseguição.

O carro era dirigido por Eric da Silva Ferreira, de 45 anos. No carona, estava Luana de Jesus Luz, de 26 anos; no banco traseiro, estavam os namorados Eduardo Bonfim Meireles, de 40 anos, e Erica Lopes Ferreira, de 26 anos.

Eric, Érica, Eduardo e Luana foram presos suspeitos de fazer emboscada para assassinar os soldados  Paulo Eduardo Oliveira Celini e Bruno Mayer
Eric, Érica, Eduardo e Luana foram presos suspeitos de fazer emboscada para assassinar os soldados Paulo Eduardo Oliveira Celini e Bruno Mayer. (Montagem A Gazeta / Foto do leitor)

VÍTIMAS DO ASSALTO

Três pessoas estavam num Fiat Argo quando o assalto foi anunciado. Eles deram coronhadas nas vítimas, entre elas uma grávida.

Os bandidos pegavam celular, pulseira e cordão de uma das vítimas quando viram o carro da polícia se aproximando. Durante a abordagem dos bandidos, um dos suspeitos fez um disparo de arma de fogo em direção ao carro e atingiu uma das vítimas de raspão.

A mãe do motorista do carro assaltado disse que um dos criminosos daria outro tiro no filho, mas que a aproximação da polícia inibiu os assaltantes.

Ainda não se sabe qual o tipo de arma foi utilizada na tentativa de roubo. De acordo com uma das vítimas, uma assaltante, que pertencia ao grupo criminoso, portava uma arma calibre 12. A suspeita da polícia é que essa mulher seja a Erica.

PERSEGUIÇÃO E PEDIDO DE REFORÇOS

Assim que avistaram a tentativa de assalto, os PMs deram início à perseguição e solicitaram reforços à corporação.

O veículo branco com os quatro suspeitos foi perseguido até o bairro Santa Bárbara. No local, os policiais ligaram novamente as sirenes da viatura, segundo a versão da polícia.

Na Rua Manoel Freire, ainda em Santa Bárbara, os bandidos encostaram o Fox branco. Eduardo e Érica se esconderam atrás de um caminhão para uma emboscada, segundo a polícia. Eric e Luana continuaram dentro do veículo, nos bancos da frente, de acordo com as autoridades.

Quando a viatura alcançou os suspeitos de assalto, os policiais desceram do veículo para realizar a abordagem do motorista e da carona.

Conforme fala do comandante do 7º Batalhão da Polícia Militar, o tenente-coronel Paulo Roberto Schulz Barbosa, foi nessa hora que os suspeitos escondidos atiraram contra os soldados. Um foi atingido por um tiro no rosto e o outro na região da axila esquerda.

Embed sonora de Douglas Caus

SOCORRO E MORTE

Após atirar contra os soldados, Eduardo e Erica embarcaram novamente no Fox e fugiram com os outros dois que já estavam dentro do veículo.

Segundo informações da Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp), quando as equipes de reforços chegaram, os dois policiais estavam deitados em frente à viatura, que também foi alvo dos disparos.

Os soldados chegaram a ser socorridos pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levados ao Hospital Meridional, em Cariacica. Porém, não resistiram aos ferimentos.

PRISÕES

Algumas horas após a fuga, a PM encontrou o Fox branco utilizado pelo grupo abandonado nos entornos de Castelo Branco. Ainda no bairro, um policial militar viu um casal caminhando nas proximidades, que apresentava atitude suspeita. O homem e a mulher foram identificados como Eric da Silva Ferreira e Luana de Jesus Luz. Motorista e carona, respectivamente. Após serem abordados, ambos confessaram a participação no crime.

Em seguida, a partir de investigações das polícias Civil e Militar, os outros dois participantes foram identificados e localizados em um motel, em Cariacica.

Eduardo Bonfim Meireles comemorava o aniversário de 40 anos neste domingo. Ele é namorado de Erica Lopes Ferreira, e ambos têm ficha criminal com homicídios e assaltos à mão armada, segundo a polícia.

Os policiais foram descaracterizados ao local e abordaram o casal. Lá, foram encontradas três armas: uma pistola 9mm, debaixo da cama do motel, e outras pistolas 2 .40, que pertenciam aos soldados mortos.

No início da abordagem, Eduardo, inicialmente, deu o nome falso de Marcelo, seu irmão. Erica é filha de Eric, que dirigia o carro Fox branco, ao lado de Luana.

O comandante-geral da Polícia Militar, coronel Douglas Caus, informou que o tempo de duração entre a perseguição e as prisões foi de aproximadamente 7 horas.

Os quatro suspeitos foram presos e encaminhados ao Departamento de Homicídios e de Proteção à Pessoa (DHPP) por volta das 10h45.

Entre todos os membros do quarteto, apenas Luana — a carona — não tinha antecedentes criminais.

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