O soldado da Polícia Militar do Espírito Santo, Lucas de Figueiredo Pereira, de 37 anos, está preso suspeito de ter assassinado Fernando Santos de Aquino, de 23 anos, em uma distribuidora de bebidas no dia 18 de junho deste ano no bairro Hélio Ferraz, na Serra. Investigações da Polícia Civil apontam que o crime ocorreu durante uma briga entre a vítima e o policial por causa de pino de cocaína.
Um vídeo divulgado na manhã desta terça-feira (9) pela Polícia Civil mostra o momento que o soldado da PM deixa o local do crime.
A prisão de Lucas de Figueiredo Pereira foi realizada no dia 8 de julho pela Divisão de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) da Serra, em ação conjunta com a Corregedoria da Polícia Militar do Espírito Santo (PMES), mas foi divulgada somente nesta segunda-feira (8), um mês após o crime. Ele foi preso quando chegava em casa, no retorno das férias em Minas Gerais. Com o soldado, foi apreendida a arma utilizada no crime: uma pistola .40 da corporação.
O delegado Rodrigo Sandi Mori informou que no dia do crime, por volta de 3h30 o policial chegou sozinho à distribuidora, sentou no balcão e pediu uma dose de uísque. Logo depois, ele discutiu com a vítima porque pegou um pino de cocaína dela.
"Após ingerir a dose de uísque, ele pegou um pino de cocaína que estava em cima do balcão da distribuidora e era da vítima para seu consumo e foi até o banheiro. Ao retornar do banheiro, a vítima se levantou e foi ao encontro do Lucas cobrar a quantia devida pelo pino de cocaína. Fato que fez com que o Lucas ignorasse a situação e passasse a chamar ele de "cachorro morto" e "zóio torto" zombando de uma deficiência que a vítima tinha no seu olho esquerdo", contou o delegado.
Depois de zombar da vítima, o PM, segundo o delegado, ainda empurrou Fernando, que caiu no chão. Ele se levantou do chão e deu um soco em Lucas e os dois entraram em luta corporal.
"Foi nesse momento que o Lucas sacou a arma de fogo, encostou na costela da vítima e efetuou um único disparo fazendo com que a vítima fosse a óbito no local", disse o delegado.
Após o crime, o soldado da PM saiu com a arma à mostra e fugiu no seu carro. Segundo a Secretaria de Estado de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), além do assassinato, o militar é investigado em outros inquéritos policiais.
De acordo com o delegado Rodrigo Sandi Mori, o policial tem um longo histórico de ocorrências. Em 2 de abril de 2019, em um bar em Jardim Camburi, Lucas efetuou um disparo de arma de fogo para o alto e deu uma coronhada no dono do bar porque discordou do valor da conta.
No dia 1º de setembro de 2021, em um posto de gasolina de Jardim Camburi, ele também se envolveu em uma confusão com um frentista do posto.
No dia 22 de maio, 26 dias antes do assassinato, ele atirou no calcanhar de um homem após uma discussão por causa de um jogo de sinuca em um posto no bairro Manoel Plaza, na Serra.
"Foi instaurando inquérito pelo crime de lesão corporal em razão desse acontecimento no posto no dia 22 de maio. Esse vasto histórico de ocorrências corroborado com o fato do policial, no dia18 de junho de 2022, estar no seu período de folga em um ambiente frequentado constantemente por traficantes, fato incompatível com a função que ele ocupa. Além disso, após crime, ele não ter comunicado os fatos ao Ciodes e ao seu superior hierárquico foram fatores que fundamentaram a decretação da prisão temporária na fase de investigação e a prisão preventiva após a denúncia", disse o delegado Rodrigo Sandi Mori.
Em depoimento, o soldado Lucas de Figueiredo Pereira se reservou ao direito de ficar em silêncio. Ele foi autuado por homicídio qualificado por motivo fútil e impossibilidade de defesa da vítima e já é réu na ação penal que corre perante o Júri da Serra.
A reportagem procurou a Polícia Militar para saber porque, mesmo com esse histórico de ocorrências, o soldado continuava atuando na corporação. Até a última atualização deste texto, a reportagem ainda não havia obtido retorno.
*Com informações de Fabiana Oliveira, do g1ES
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