Uma decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ) concedeu habeas corpus para Wagner Nunes de Paulo — condutor do veículo que atingiu e matou Amanda Marques em 17 de abril de 2021. A decisão saiu no dia 8 de agosto e desde então, ele está em liberdade. A família da jovem, no entanto, somente soube da decisão na segunda-feira (28).
Wagner Nunes de Paulo, de 28 anos, é quem dirigia o carro que atingiu a traseira da moto em que estava a jovem Amanda Marques(Reprodução de Redes Sociais | Montagem A Gazeta)
A decisão do STJ definiu uma série de medidas cautelares que deverá ser seguida por Wagner, como proibição de frequentar bares e restaurantes. A habilitação para dirigir veículos também está suspensa.
David Metzker, advogado de defesa do motorista, afirmou que, em março, Wagner já havia tido o habeas corpus negado pelo próprio STJ, mas que conseguiram reverter a decisão. “Recorremos a essa decisão do relator e foi levado para o colegiado do STJ. Foi marcada uma sessão de julgamento para o dia 8 de agosto. Fui a Brasília sustentar. A princípio, o ministro relator manteve a decisão, mas os outros ministros entenderam pela revogação da prisão. Ao final do julgamento, o próprio relator também resolveu acompanhar o entendimento da maioria", explicou.
O resultado foi exatamente o que foi pedido em habeas corpus. A defesa entende que se trata de um resultado adequado para o momento e técnico, visto que a prisão não pode ser uma antecipação de pena
David Metzker
•Advogado de Wagner Nunes
O que diz a acusação
STJ manda soltar motorista que gerou acidente com morte na Darly Santos
Segundo o advogado que representa a família de Amanda no processo, Fábio Marçal, o objetivo no momento é que seja julgado o recurso da defesa a respeito da pronúncia do júri. “A gente fica contrariado porque entende que ele é um risco ao processo. No nosso entendimento, ele pode voltar a praticar crimes da mesma natureza. Colocar Wagner em liberdade é a mesma coisa que assinar uma certidão de impunidade", disse.
Tentar outras instâncias no próprio STJ pode demorar, o que a gente vai tentar é acelerar esse julgamento dos recursos apresentados pela defesa para que ele possa ir à júri popular e volte para cadeia
Fábio Marçal
•Advogado da família de Amanda
Relembre o caso
Com apenas 20 anos, Amanda Marques teve a vida encerrada em 17 de abril de 2021, na Rodovia Darly Santos, em Vila Velha. Wagner Nunes de Paulo, condutor do veículo Toyota Corolla, atingiu a moto em que estavam ela e o companheiro, Matheus José da Silva. Câmeras de videomonitoramento flagraram o momento do acidente.
O casal estava de moto e voltava da casa da mãe da jovem pela rodovia. Quando os dois passavam pelo bairro Jardim Asteca, foram atingidos pelo carro dirigido por Wagner. Matheus pilotava a moto, modelo Honda XRE 300, no momento em que o Corolla, que seguia no mesmo sentido na pista, atingiu a traseira da motocicleta, segundo a Polícia Militar.
Com o impacto da batida, as vítimas foram arrastadas por cerca de 50 metros até o veículo parar. Amanda morreu ainda no local, enquanto o companheiro foi socorrido em estado grave para o Hospital Estadual de Urgência e Emergência (HEUE), em Vitória. Ele teve alta médica dez dias depois.
Wagner Nunes de Paulo se recusou a fazer o teste do bafômetro no local do acidente, mas foi detido em flagrante após a batida e autuado inicialmente por homicídio culposo na direção de veículo automotor, crime previsto no artigo 302 do Código de Trânsito Brasileiro, como informou a Polícia Civil, na época.
Apesar de detido no local do acidente, Wagner teria tentado arrancar com o carro para fugir, mas foi impedido por testemunhas, que também afirmaram que o motorista estava embriagado e dirigindo em alta velocidade. Na ocasião, um policial civil amigo da família teria tentado retirá-lo da cena e ameaçado as pessoas.
Ele foi encaminhado para o Centro de Triagem de Viana, onde passou por audiência de custódia e teve a prisão em flagrante convertida em prisão preventiva, a pedido do Ministério Público do Espírito Santo (MPES). Desde então, saiu da cadeia somente no início deste mês, mais de dois anos depois.
Após as investigações, a Delegacia de Delitos de Trânsito concluiu que o condutor havia ingerido bebida alcoólica durante uma festa com amigos. Indiciado por homicídio qualificado por motivo fútil, Wagner ficou preso no Centro de Detenção Provisória de Viana II.