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Suspeito de ataque na Piedade recebeu auxílio emergencial de R$ 600

Suspeito de ataque na Piedade recebeu auxílio emergencial de R$ 600

Rafael Batista Lemos, o Boladão, tem mandados de prisão em aberto por homicídios e tentativa de assassinato

Publicado em 15 de junho de 2020 às 16:17

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Rafael Batista Lemos, o Boladão
Rafael Batista Lemos é conhecido como Boladão. (Divulgação/PCES)
Suspeito de ataque na Piedade recebeu auxílio emergencial de R$ 600

Apontado pela polícia como o principal suspeito de participação no ataque que matou o estudante Fabrício Almeida, de 18 anos, e deixou duas pessoas baleadas no Morro da Piedade, em Vitória, na noite de sexta-feira (12), Rafael Batista Lemos, 26 anos, conhecido como Boladão, teve o recebimento do auxílio emergencial de R$ 600 aprovado. De acordo com a polícia e moradores, nenhuma vítima da invasão criminosa tinha envolvimento com crimes.

Na semana passada, a reportagem de A Gazeta consultou a situação cadastral de 20 dos 30 criminosos apontados como mais procurados no Estado. Onze deles fizeram o pedido e pelo menos quatro tiveram o benefício, concedido pelo governo devido à pandemia do novo coronavírus, aprovado. Entre os cadastrados, há homicidas, estelionatários, traficantes e até um dos chefes da facção criminosa que domina a região do Bairro da Penha, em Vitória.

Rafael Batista Lemos, o Boladão, teve cadastro do auxílio emergencial aprovado
Rafael Batista Lemos, o Boladão, teve cadastro do auxílio emergencial aprovado. (Reprodução)

Por verificação no sistema do governo federal, é possível constatar que Rafael Batista Lemos também foi contemplado com o auxílio. Segundo a Polícia Civil, o histórico criminal de Boladão teve início em 2012 quando ele foi preso por tráfico de drogas e posse ou porte de arma. A Secretaria de Estado da Justiça (Sejus) informou que ele deu entrada no sistema prisional em maio de 2012 e foi solto em março de 2017, mediante decisão judicial.

COMANDO

Junto com Alan Rosário Oliveira, conhecido como Hamburgão ou Gordinho, ele comandou o Morro da Piedade. No entanto, os dois foram expulsos da região pela família Família Ferreira Dias em 2018 e foram pedir abrigo no Primeiro Comando de Vitória (PCV), facção que controla o tráfico de drogas na região do Bairro da Penha. Apoiados pelo Trem Bala, braço armado do PCV, os dois queriam retomar o controle da região onde atuavam.

Segundo a polícia, a organização criminosa é comandada por Carlos Alberto Furtado, o Beto, que cumpre condenação por diversos crimes há quase 10 anos, inclusive tráfico e assassinato, na Penitenciária de Segurança Máxima II, e tem em Fernando Pimenta, o Marujo, seu representante direto e em liberdade. Marujo é um dos criminosos mais procurados pela Secretaria de Estado da Segurança (Sesp).

Fernando Moraes Pereira, o Marujo, é procurado pela polícia desde 2017.
Fernando Moraes Pereira, o Marujo, é procurado pela polícia desde 2017. . (Divulgação/ SESP)

Contra Boladão, constam mandados de prisão pendentes por assassinatos e tentativas de homicídio. Um dos crimes foi o ataque criminoso ao Morro da Piedade, em Vitória, que culminou na morte dos irmãos Ruan e Damião Reis. Os dois foram executados com mais de 20 tiros cada um, no quintal de casa. O crime aconteceu em 25 de março de 2018 e nenhum dos dois tinha qualquer envolvimento com crimes.

Ruan Reis (à esquerda) e Damião  Marcos Reis (à direita): irmãos mortos  com mais de 20 tiros cada no Morro da Piedade
Ruan Reis (à esquerda) e Damião Marcos Reis (à direita): irmãos mortos com mais de 20 tiros cada no Morro da Piedade. (Reprodução Facebook)

Boladão também é investigado por suspeita de participação na morte de Walace de Jesus Santana, 26 anos, assassinado a tiros por cerca de 20 homens armados na manhã do dia 10 de junho de 2018 na rampa Guiomar de Oliveira, perto da sede do projeto social Raízes do Samba. À época, o alvo teve a casa invadida, conseguiu fugir do imóvel, mas se deparou com outros criminosos que o perseguiam pelo bairro. Após o crime, o grupo expulsou a avó, o irmão e a cunhada da vítima de casa e ateou fogo na residência.

Durante as investigações relacionadas à morte de Walace, policiais fizeram buscas na residência de Boladão e encontraram colete balístico, coturno, granada e trajes, que segundo a Polícia Civil, eram usados pelos criminosos para realizarem ataques. O material foi apreendido.

Material apreendido na casa de Rafael Batista Lemos, o Boladão, em julho de 2018
Segundo a polícia, colete balístico, coturno, granada e trajes foram apreendidos na casa de Rafael, o Boladão, em julho de 2018. (Divulgação/PCES)

Um dos mandados de prisão expedidos pela Justiça está relacionado à uma tentativa de assassinato registrada no dia 15 de dezembro de 2018, na Escadaria Eduardo Silva, próximo à Escola de Samba Piedade. A vítima disse à polícia que Boladão era um dos suspeitos de terem atirado contra ele. Na decisão, o juiz Felipe Bertrand Sardenberg Moulin destacou que o crime era consequência do tráfico de drogas.

Aspas de citação

A periculosidade dos acusados, evidenciada pelas circunstâncias em que o crime teria sido cometido (em via pública, onde circulavam outras pessoas, e em plena luz do dia), revestidos de severa frieza, embasam a custódia cautelar no resguardo da ordem pública, haja vista que a sociedade não pode ficar exposta a toda sorte de atos semelhantes, e à mercê de quem, pelo que consta, se mostram extremamente destemidos

Felipe Bertrand Sardenberg Moulin
Trecho da decisão do juiz
Aspas de citação

A Justiça também expediu mandado de prisão de Boladão por envolvimento em outro ataque realizado em janeiro de 2019. O crime resultou na morte de Luiz Fernando da Conceição Gomes, 18 anos, Patrick Oliveira de Sousa, 26 anos, e Wemerson da Silva Lima, 23 anos, e deixou dois baleados no alto do morro do bairro Moscoso, na divisa com o Morro da Piedade. As informações da época davam conta de que o tiroteio foi promovido por pelo menos 12 bandidos.

Luiz Fernando da Conceição Gomes de 18 anos (camisa branca e relógio); Patrick Oliveira de Souza de 26 anos (boné e camisa preta) e Wemerson da Silva Lima, conhecido como Perreco, de 23 anos.
Luiz Fernando da Conceição Gomes de 18 anos (camisa branca e relógio); Patrick Oliveira de Souza de 26 anos (boné e camisa preta) e Wemerson da Silva Lima, conhecido como Perreco, de 23 anos foram mortos em 2019. (Reprodução)

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