Em um apartamento de frente para o mar, em Bento Ferreira, Vitória, a polícia localizou um homem suspeito de ser o chefe do tráfico de drogas no bairro Jesus de Nazareth, também na Capital. Vivendo como um cidadão comum, Pablo Bernardes, de 30 anos, montou um escritório do crime em meio ao bairro nobre. Do 16°andar do prédio, o suspeito visualizava a comunidade estampada em um cordão de ouro que ele possuía para dar ordens do tráfico de entorpecentes, que incluía torturas e assassinatos.
De acordo com o delegado Marcus Vinicius Rodrigues, Chefe da Divisão de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Draco), na manhã da última quarta-feira (3) a Polícia Civil realizou uma operação de cumprimento de mandados de busca e apreensão no bairro Jesus de Nazareth, onde Pablo estaria escondido.
"Foram cumprido os mandados e ele não estava local. Mas durante as buscas as equipes conseguiram informações de que o suspeito estaria residindo em um apartamento de elevado padrão em Bento Ferreira. Foram realizadas mais diligências, onde obtivemos o endereço exato. Foi representada pela busca e apreensão e, na tarde de ontem (4), policiais da Draco, da Delegacia Especializada de Armas e Munições (Desarme) e da Coordenadoria de Recursos Especiais (Core), foram ao apartamento, no 16° andar. Assim que os policiais chegaram, o suspeito arremessou um celular pela janela, quase atingindo pessoas na rua, e logo em seguida foi rendido, sem reagir", contou o delegado.
No apartamento foi encontrada a quantia, aproximadamente, de R$ 5.700,00 em espécie, celulares e um cordão supostamente ouro, com a foto da comunidade Jesus de Nazareth no pingente. Pablo nega a participação do tráfico, diz que é trabalhador e que mora no apartamento com o dinheiro que consegue como pescador. Mas as investigações, segundo a polícia, apontam o contrário.
"Ele tem passagem por vários crimes, por porte de arma, tráfico de drogas e é investigado por homicídio. É um criminoso de alta periculosidade, que tem ligação com outros traficantes que atuam na região da Grande Vitória", afirmou Marcus Vinicius.
O delegado afirmou ainda que a Divisão de Inteligência também conseguiu informações de que Pablo teria relação direta com os ataques feitos na Ilha do Príncipe, em Vitória, no início deste ano. Isso será checado e caso confirmado, ele pode responder por mais esses crimes.
"Há a suspeita de que ele ainda seja fornecedor de armas e, se confirmado, também responderá por isso. As investigações estão em andamento. Esse é apenas o início do trabalho. Essa prisão nos causa a sensação de que esses criminosos acreditam que não vão ser presos nunca. Ele comandava o tráfico no morro de dentro de um prédio de alto padrão, montou um escritório do crime no apartamento, tinha visão privilegiada do morro onde comanda o tráfico, além de outras visões como a vista para o mar e até para o prédio do governador Renato Casagrande", contou.
Essa são foi a primeira vez que Pablo foi preso em um apartamento de bairro nobre. Em janeiro de 2017 ele foi detido por chefiar o tráfico de drogas de Jesus de Nazaretch de dentro de um apartamento em Jardim Camburi, próximo a uma unidade da Polícia Militar. A detenção aconteceu quando ele saiu do prédio para levar os filhos ao shopping. Agora, a polícia apura porque o homem foi solto.
"Estamos verificando o motivo da soltura. Mas foi alguma decisão judicial que permitiu que ele fosse liberado e voltasse transitar nas ruas. Estamos apurando e sabemos que ele responde por outros procedimentos. Faremos uma comunicação aos juízes desse processo informando a prisão para checar o motivo soltura, que a princípio, foi por meio de um alvará. Isso mostra as falhas na Lei Penal e Processual Penal. O mandado de prisão cumprido ontem (4) foi expedido no início de janeiro. Mas não sabíamos onde ele estava", explicou o delegado.
Para o secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, coronel Alexandre Ramalho, a prisão foi qualitativa, representando um forte investimento em inteligência e investigação, que propicia alcançar aqueles que fazem parte do perfil do "verdadeiro traficante". Ele afirma que irá intensificar ações para prender esse tipo de criminoso.
Já o delegado-geral da Polícia Civil, José Darcy Arruda, contou que é uma prática comum o chefe do tráfico não ficar na comunidade comandada por ele, deixando soldados e gerentes no local para viver em outro lugar, estando acima de qualquer suspeita.
" Ele escolheu um apartamento com vista privilegiada, inclusive para que pudesse ter controle do morro porque tinha uma visão que dava para saber se os olheiros estavam em pé, se havia inclusão policial, monitoramento. Do apartamento havia uma visão muito ampla, que incluía inclusive o apartamento do governador", contou.
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