O suspeito de assassinar a tiros a enfermeira Íris Rocha de Souza, de 30 anos, em Alfredo Chaves, foi preso na tarde desta quinta-feira (18). Cleilton Santana dos Santos, de 27 anos, era ex-namorado da vítima.
Ela estava grávida de oito meses e o corpo foi encontrado no dia 11 de janeiro, coberto de cal, em uma estrada de chão na região entre Matilde e São Bento de Urânia. Apesar de o crime ter ocorrido no Sul do Espírito Santo, a vítima morava na Serra.
Cleilton foi levado para o Departamento Especializado de Homicídios e Proteção à Pessoa (DEHPP), em Vitória, onde presta depoimento.
O advogado Rafael Almeida, que representa o suspeito, alegou que ele o cliente seguiam para Alfredo Chaves, onde Cleilton se apresentaria às 14 horas. Durante o trajeto, porém, o carro em que os dois estavam foi abordado pela Polícia Civil no posto da Polícia Rodoviária Federal (PRF) de Viana.
“Ele [Cleilton] estava levando um celular para entregar e a senha do cofre apreendido. Quando falei para os policiais que estava agendado, eles acalmaram, mas quando percebi, já tinham levado Cleilton para trazer para Vitória e me deixaram com a PRF”, disse.
Na DEHPP, a defesa também criticou a maneira como foi feita a abordagem.
“Por que não aguardar chegar na delegacia? Para quê me abordar no meio do caminho, com um monte de fuzil apontado para o meu carro? A PRF que nada sabia saiu correndo, com um monte de fuzil. Até explicar o que estava acontecendo, que estava agendado; ainda bem que a escrivã de Alfredo Chaves me atendeu e começou a explicar que o atendimento estava agendado”, afirmou.
A reportagem de A Gazeta procurou as polícias Civil e Rodoviária Federal sobre a abordagem realizada, que culminou na prisão do suspeito.
De acordo com a Secretaria de Estado da Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), o homem foi preso em uma ação conduzida pela Polícia Civil, por meio da Delegacia de Polícia de Alfredo Chaves. "As diligências que culminaram na prisão tiveram a participação de diversas delegacias da PCES, da Subsecretaria de Inteligência da Sesp e de outras instituições, que trabalharam em conjunto", completou a Sesp.
No dia 5 de outubro de 2023, Íris registrou um boletim de ocorrência relatando que havia sofrido agressão do então namorado, Cleilton, preso nesta quinta-feira. À época, eles estavam juntos havia cinco meses, e a enfermeira estava grávida de 15 semanas. Ela relatou que os dois estavam conversando quando o homem deu um golpe de "mata-leão". A vítima chegou a desmaiar.
Quando recuperou os sentidos, ela estava com o nariz sangrando e tossindo. O próprio agressor teria dado banho na enfermeira, que depois foi trabalhar. Ao contar o que aconteceu para uma colega, Íris foi incentivada a registrar o boletim de ocorrência. Na ocasião, ela solicitou medida protetiva.
Íris foi encontrada morta por um policial de folga em uma estrada rural. A vítima tinha duas perfurações no tórax. Consta no boletim de ocorrência da Polícia Militar que a identificação foi difícil, já que ela estava coberta de cal – um material utilizado na construção civil. No local, foram encontradas cinco cápsulas de pistola calibre .40.
Apesar de ter sido encontrada no dia 11 de janeiro, uma quinta-feira, familiares só souberam do caso quatro dias depois, no dia 15, uma segunda-feira, quando foram reconhecer o corpo no Serviço Médico Legal (SML) de Cachoeiro de Itapemirim, também no Sul capixaba.
A enfermeira fazia mestrado na área de Ciências Fisiológicas da Ufes, e atuava como pesquisadora no Hospital Universitário Cassiano Antonio Moraes (Hucam), na Capital. Conforme explicou a instituição, ela coordenava o estudo CV-Genes, que avalia o impacto do componente genético como fator de risco para doença cardiovascular aterosclerótica no Brasil.
Além da bebê que esperava, Íris deixou um filho de 8 anos. Durante o velório no Cemitério Jardim da Paz, na Serra, familiares contaram à TV Gazeta que a neném chegou a passar por autópsia e foi recolocada no ventre da mãe, para ser sepultada junto dela.
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