Foi preso nesta quinta-feira (26) um homem de 40 anos, suspeito de matar o marido da amante, na madrugada do mesmo dia, em São Mateus, no Norte do Espírito Santo. A Polícia Civil informou que chegou até ele após outra mulher — ex-companheira dele — ir à Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher (Deam) para denunciar agressões e ameaças que estava sofrendo. Ele foi localizado em uma obra, no bairro Novo Horizonte.
Segundo a Polícia Civil, o homem invadiu a casa onde a amante — uma jovem de 24 anos — morava com o companheiro de 30 anos e a filha dela, no bairro Litorâneo. A vítima dormia na sala e a mulher e a criança estavam no quarto no momento do crime.
Aos policiais, a mulher disse que ouviu um barulho e viu o momento em que três homens encapuzados arrombaram a janela e entraram na residência. Os criminosos teriam mandado que ela saísse de casa com a filha e efetuaram três disparos de arma de fogo contra o marido dela.
A irmã do homem assassinado informou para os policiais militares que um homem que teria tido um relacionamento com a cunhada teria ameaçado a família, afirmando que, ao sair da cadeia, iria matar toda e qualquer pessoa que tivesse se envolvido com ela.
A Polícia Civil conseguiu chegar até o homem quando a ex-companheira do suspeito, de 39 anos, compareceu à Deam de São Mateus informando que o ex-marido a havia agredido fisicamente e cortado o cabelo dela, além de ter colocado uma arma de fogo em direção à cabeça dela.
Segundo a vítima, as agressões só tiveram fim quando o autor fugiu ao saber que a Polícia Militar estava a caminho da residência. Enquanto a mulher era atendida na delegacia, o homem passou a ligar incessantemente para ela.
Em depoimento, ela relatou que vivia uma relação extremamente conturbada com o suspeito, tendo sido agredida várias vezes. “O suspeito tem passagens pela Justiça desde 2013, além de registros de ameaças e de agressões contra ex-companheira desde 2015”, afirmou a titular da Deam de São Mateus, delegada Gabriella Zaché.
Com medo de ser morta, a vítima passou o dia na delegacia e se recusou a ir para a Casa Abrigo, pois não poderia levar seu filho de junto com ela.
“O homem foi autuado pelos crimes de lesão corporal qualificada na forma da Lei Maria da Penha, ameaça, porte ilegal de arma de fogo e por perseguir alguém reiteradamente, ameaçando-lhe a integridade física ou psicológica e restringindo-lhe a capacidade de locomoção, invadindo ou perturbando a esfera de liberdade ou privacidade da pessoa. O suspeito foi encaminhado ao Centro de Detenção Provisória (CDP) de São Mateus”, complementou a delegada.
A advogada Camilla Tonini, que faz a defesa da mulher agredida, informou que a vítima não foi de espontânea vontade à delegacia, mas sim convocada para comparecer ao local para maiores esclarecimentos a respeito de agressões que sofreu em 20 de maio, quando o ex-marido teria invadido a residência dela.
Segundo a defesa, a vítima realmente se recusou a deixar a delegacia e ir para o abrigo, como foi informado pela PC, mas reforça que as informações das agressões repassadas aos policiais não colaboraram com a prisão do ex-marido em relação ao homicídio, "sendo estes fatos totalmente isolados e que, coincidentemente, ocorreram na mesma data", enfatizou Camilla Tonini, em nota.
No dia 26/05/2022, minha cliente recebeu uma ligação da PCES convocando-a para
comparecimento à delegacia para maiores esclarecimentos a respeito da
ocorrência do dia 20/05/2022, data em que seu ex-marido teria invadido
sua residência e a agredido física e verbalmente, após uma discussão.
Durante sua permanência na delegacia, diversas vezes minha cliente
manifestou seu desejo de retornar para o trabalho, porém os policiais
temiam por sua segurança e a mantiveram sob vigilância e supervisão,
inclusive, orientando-a, ainda, que todas as ligações que recebesse em seu
telefone celular particular fossem atendidas em viva-voz.
Posteriormente, também foi sugerido pela PCES que minha cliente fosse
transferida para um abrigo, que, em razão de seu filho e seu cachorro se
encontrarem sozinhos em casa e necessitarem de seus cuidados, não
aceitou tal sugestão.
Minha cliente declara acreditar que estes fatos ocorreram devido às
investigações em andamento sobre o homicídio supracitado em que
supostamente também envolveria seu ex-marido.
Reforça, também, que os fatos do dia 26/05/2022 não possuem nenhum
tipo de correlação ou resulta em qualquer tipo de colaboração para com a
PCES sobre as investigações a respeito do homicídio de Vinícius Rodrigues,
sendo estes fatos totalmente isolados e que, coincidentemente, ocorreram
na mesma data.
Após a publicação da reportagem, a advogada que faz a defesa da mulher que denunciou a agressão enviou nota para reforçar que o depoimento da vítima não teve relação com a suspeita de homicídio. O texto foi atualizado.
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