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Suspeitos colocam fogo em ônibus do Transcol na Serra

Suspeitos colocam fogo em ônibus do Transcol na Serra

Um grupo de pelo menos sete pessoas abordou o coletivo e obrigou que o motorista parasse. Na sequência, passageiros e o condutor desceram forçadamente do veículo

Publicado em 27 de novembro de 2024 às 14:21- Atualizado há 28 minutos

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Mikaella Mozer
Repórter / [email protected]

Um ônibus do Transcol foi incendiado no bairro Cascata, na Serra, na tarde desta quarta-feira (27), por um grupo de sete pessoas. Enquanto dois deles mandaram o condutor parar o veículo, outros cinco ordenaram que os dez passageiros e o motorista descessem, e na sequência atearam fogo no coletivo. Vídeos mostram o veículo em chamas e tomado por uma fumaça muito densa, vista até por moradores de outros bairros. 

Devido ao fogo, o Departamento de Operações de Trânsito da Prefeitura da Serra orientou o trânsito na região. Em atendimento a imprensa realizada as 16h30 desta quarta-feira, o comandante-geral da Polícia Militar, o coronel Douglas Caus, afirmou que a queima do automóvel pode ter sido uma retaliação a morte de Carlos Eduardo Vieira de Jesus, de 21 anos.

O jovem morreu horas antes do ônibus ser queimado durante um confronto policial em Santo Antônio, também no município serrano, que fica perto de Cascata. 

Ônibus é incendiado no bairro Cascata, na Serra.(Vinicius Colini)

O Corpo de Bombeiros foi acionado e as chamas foram controladas rapidamente, sem registro de feridos. As labaredas chegaram até a rede elétrica na Rua das Acácias – onde clientes ficaram sem energia. Equipes da EDP já estão na região e a empresa explicou que o serviço já está sendo restabelecido gradativamente. 

A Polícia Civil informou, por nota, que o caso segue sob investigação da Delegacia Especializada de Repressão aos Crimes Contra o Transporte de Passageiros (DRCCTP) e até o momento nenhum suspeito foi detido. "Informações podem ser compartilhadas de forma sigilosa por meio do Disque-denúncia (181), que é uma linha de contato gratuita, disponível em todos os municípios do Estado. As informações passadas pela comunidade podem ser cruciais para o avanço das investigações", frisou.

Morte motivou queima

A morte de Carlos Eduardo, que pode ter levado sete suspeitos a incendiarem o ônibus, ocorreu durante patrulhamento da polícia militar. Segundo Caus, a equipe estava na região quando cinco homens foram vistos em um beco conhecido pelo tráfico de drogas. Ao darem voz de parada, três teriam fugido e dois confrontaram os agentes. Um deles, sendo o homem de 21 anos que morreu, apontou uma arma contra a viatura e atirou.

Carlos Eduardo Vieira de Jesus, de 21 anos, morreu durante patrulhamento em Santo Antônio, na Serra.
Carlos Eduardo Vieira de Jesus, de 21 anos, morreu durante patrulhamento em Santo Antônio, na Serra. (Reprodução | Redes Sociais)

Em seguida, fugiu em direção a outro beco. Ao seguirem ele, conforme Caus, os agentes novamente foram alvos de disparos, momento em que revidarem, e cerca de 300 metros à frente encontraram Carlos caído. 

"Ele tem várias passagens por tráfico de drogas, porte ilegal de arma e tinha mandado de prisão pelo crime de homicídio. Possuía ascensão no Terceiro Comando Puro, que tem atuação em Santo Antônio e Cascata. Hoje, em ação rotineira, eles foram flagrados com arma em mão. A queima do ônibus é o que chamamos do terrorismo criminal, que é uma forma das facções mostrarem a insatisfação com ação da polícia. Geralmente são arquitetados e efetivados por outros traficante daquela facção", frisou o comandante-geral. 

Prejuízo milionário

O ônibus queimado em Cascata se junta a lista com outros 92 veículos do sistema público de transporte coletivo nos últimos 20 anos. De acordo com a GVBus, o veículo queimado nesta quarta-feira ficou totalmente desmanchado e lamentou a destruição de ônibus coletivos de forma criminosa. 

A empresa ainda ressaltou que o ato somente traz prejuízos para o Sistema Transcol, sendo financeiro e social, já que impacta na vida de quem utiliza os coletivos. O impacto financeiro, somente em 2024, já chegou a R$ 2,4 milhões e a R$ 74,4 milhões nos últimos 20 anos.

"Levando em consideração o custo de reposição desses veículos em valores atuais – um coletivo novo custa em média R$ 800 mil, já os micro-ônibus, média de R$ 650 mil. Estes prejuízos recaem em todo o sistema, especialmente nas empresas de ônibus, mas também na população. Isso porque, embora os consórcios possuam veículos reservas para garantir a operação, a destruição de um coletivo gera transtornos, já que um ônibus novo demora em média três meses para ser fabricado, além do período dos trâmites legais para que ele entre em circulação", informou a GVBus. 

Atualização: o incêndio foi provocado por um grupo de pessoas que cercou o coletivo. Devido a isso, o título desta reportagem foi alterado. 

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