Dois homens apontados pela Polícia Civil como responsáveis por organizar ataques ao bairro de Andorinhas, em Vitória, foram presos durante a Operação Píthikos, que teve início na manhã desta segunda-feira (24) no Morro do Macaco, também na Capital. Segundo a polícia, os suspeitos não apenas coordenavam as investidas aos rivais, mas também participavam dos ataques.
Segundo o delegado Romualdo Gianordoli, chefe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), os dois suspeitos também coordenaram e participaram de ataques ao Morro do Romão, também em Vitória, em 2020. Ele destacou que as prisões foram de lideranças do tráfico de drogas da região.
"São dois indivíduos que participavam diretamente. São conhecidos como ‘faixa-preta’, são os indivíduos que realmente participam dos ataques, ficam responsáveis pelas armas longas no morro e estão nos ataques, eles não só coordenam. Eram dois que fizeram esses ataques em Andorinhas e, no ano passado, proporcionaram diversos ataques no Morro do Romão. Foram duas prisões de grande porte, muito importantes para nós", disse.
Ao todo, sete pessoas foram presas – todas com mandado de prisão em aberto. Também foram apreendidas 19 buchas de haxixe, 206 pinos de cocaína, 199 pedras de crack, nove radiocomunicadores, 47 munições e uma pistola. O objetivo da Polícia Civil era cumprir 13 mandados de prisão. O delegado Romualdo Gianordoli afirmou que chefes do tráfico de drogas do Morro do Macaco conseguiram escapar.
"Escaparam dois chefes do tráfico, do mais alto escalão do Morro do Macaco, entre outros indivíduos que também são responsáveis por ataques. Essa fase foi a que nós chegamos mais longe na hierarquia do tráfico de drogas do Macaco", acrescentou.
Durante a operação, a Polícia Civil desarticulou um laboratório de fabricação de cocaína que funcionava no Morro do Macaco. O delegado informou que a droga produzida no local era de baixo teor de pureza, mas também era muito letal. No local, ninguém foi preso.
"O laboratório era uma informação que nós tínhamos. Quando chegamos, não tinha nenhum indivíduo lá, mas estavam panelas, liquidificadores e materiais para embalo de entorpecentes. Eles utilizam as pedras de crack e diluem com ácido bórico para virar uma cocaína com baixo teor de pureza. O usuário tem que utilizar mais vezes e em um maior volume para conseguir o resultado desejado. Então, é uma cocaína muito letal", explicou.
O detalhe que chamou a atenção do delegado foi que a equipe encontrou vários QRCodes, que são comumente utilizados para transferências bancárias. Gianordoli afirmou que os códigos eram utilizados para fazer pagamentos relacionados ao tráfico de drogas.
"Nós encontramos alguns QRCodes do tráfico. Eles realmente não só recebem dinheiro vivo como têm transferências via aplicativos que todos nós usamos hoje. É o tráfico se modernizando", finalizou.
Desde a metade de abril, o bairro Andorinhas sofre com a disputa pelo domínio do tráfico de drogas na região. Na madrugada do último dia 16, facções trocaram tiros, e os moradores acordaram assustados por volta das 3h. Os criminosos disparavam para o alto, em muros, nos carros e até nas residências.
Para tentar intimidar os rivais, os bandidos divulgam vídeos na internet, ostentando armas pesadas e fazendo ameaças. No meio dessa guerra, fica a população, como os alunos que praticavam atletismo na pista da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes) e que precisaram deitar no chão para escapar dos tiros.
A Polícia Civil prendeu Rhaony Hansen, um homem de 29 anos apontado como líder do tráfico de drogas de Andorinhas. Ele estava escondido em um sítio na região de Bom Jesus, no município de Marechal Floriano. Segundo as investigações, ele teria comprado o local com R$ 200 mil em dinheiro.
Mesmo com a prisão, os moradores do bairro não tiveram paz e viveram dois dias consecutivos de intensos tiroteios. Na segunda-feira (3), indivíduos armados abriram fogo em um parque municipal. Diante do cenário, o coronel Douglas Claus, comandante-geral da PM, afirmou que cercos seriam feitos e que não haveria "diálogo".
Apesar das promessas de segurança e do reforço no policiamento, os moradores de Andorinhas voltaram a sofrer com tiroteios no bairro na quinta-feira (6). Dessa vez, os disparos aconteceram no início da tarde, antes das 14h. Uma gravação em áudio enviada para A Gazeta captou a sequência e o barulho dos tiros.
Após ser acionada por uma denúncia anônima, a Polícia Militar realizou um patrulhamento na região. Durante as buscas, foram encontradas 25 cápsulas de dois calibres diferentes (.40 e 380), três munições intactas para pistola (.40) e um projétil. Todo o material será entregue na Primeira Delegacia Regional.
Cinco suspeitos chegaram a ser presos no bairro Joana D'arc, próximo a Andorinhas, na quinta-feira (6), após efetuarem disparos contra policiais militares. Na troca de tiros, um dos suspeitos – um adolescente de 16 anos – acabou ferido e foi levado para o Hospital Estadual de Urgência e Emergência (HEUE), também na Capital.
Membro da Força Tática do Primeiro Batalhão, o sargento Edney informou que a equipe estava na região devido a um tiroteio em Andorinhas. "Fomos acionados por volta das 15h30. Eles (os cinco criminosos) deram um ataque lá e se esconderam em uma casa do bairro Joana D'Arc, onde fizemos o cerco", contou.
Já no último dia 7, a Polícia Civil prendeu um homem e um adolescente no bairro Santa Martha, em Vitória, em uma casa que era utilizada como base para ataques a Andorinhas. Na casa, a polícia apreendeu duas pistolas calibres .380 e .100, além de 24 munições de calibre .380 e 37 munições de calibre .40. Também foram encontradas três buchas de maconha, um rádio comunicador e seis carregadores de pistolas.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta