Um dia após a prisão dos pais de Jorge Teixeira da Silva – criança de dois anos que foi morta e teria sido espancada, torturada e estuprada –, a defesa da mãe dele se pronunciou sobre o caso, afirmando que Jeorgia Teixeira da Silva não tem envolvimento no crime. Em nota, os advogados apontaram que houve erro na investigação, que teria sido conduzida de forma "irresponsável" pela Polícia Civil.
"Ao contrário do que foi noticiado e informado pela autoridade policial, Jeorgia não tem nenhum envolvimento com a morte de seu filho", diz o texto, assinado por Carlos Bermudes e Lucas Kaiser Costa.
Em contato com a reportagem de A Gazeta, a defesa afirmou que Jeorgia é uma parte interessada em saber o que aconteceu com a criança.
De acordo com o advogado Lucas Kaiser, a criança estava passando mal há uma semana e teria sido levada diversas vezes ao hospital pela mãe, que conseguiu um atestado médico para não comparecer ao trabalho.
O estado de saúde do menino teria ficado pior entre domingo (3) e segunda (4), quando Jorge Teixeira da Silva foi levado ao pronto-socorro privado, antes de passar pelo PA da Glória e ser encaminhado ao Hospital Estadual Infantil e Maternidade Alzir Bernardino Alves (Himaba), em Vila Velha.
"Existe evidente erro na conclusão das investigações, que foram conduzidas de forma açodada e irresponsável. A Sra. Jeorgia não pode ser julgada e muito menos condenada, antes que todo o processo seja concluído. Os equívocos encontrados serão esclarecidos e temos plena convicção de que iremos provar a inocência quanto a morte da criança", afirmaram os advogados.
Ainda segundo Lucas Kaiser, o erro estaria em responsabilizar a mãe como praticante do abuso. Ele afirma que Jeorgia não tem relação com o crime.
A defesa também afirmou que, por enquanto, não houve um pedido para que a mãe da criança saia do sistema penitenciário, mas que estuda um pedido para que ela seja solta.
Os advogados Carlos Bermudes e Lucas Kaiser assumiram apenas a defesa de Jeorgia, mãe da criança. Em contato com a reportagem de A Gazeta, os dois explicaram que não têm como propósito apontar que o pai – Maycon Milagre da Cruz, de 35 anos – seja culpado, mas que a investigação pode demonstrar que haja algum "conflito entre as versões" deles.
"Como as investigações ainda estão em andamento, pode ser que haja um conflito entre as defesas e as versões apresentadas por mãe e pai. Todos os detalhes ficarão demonstrados. Isso não tem como propósito apontar um outro culpado, mas conhecemos apenas a versão dela", disse Lucas Kaiser.
A reportagem de A Gazeta não localizou a defesa de Maycon Milagre da Cruz, mas reforça que o espaço está aberto para manifestação da parte.
A Polícia Civil apontou, após exames feitos no Departamento Médico Legal (DML), em Vitória, que a criança havia sido vítima de espancamento, estupro e tortura. Jorge tinha marcas no corpo, que teriam sido provocadas por cigarro.
No entanto, a defesa de Jeorgia afirma que as marcas não eram de cigarro, mas de uma alergia a mosquito. "Aquilo não são marcas de cigarro, até porque nenhum deles (dos pais) faz uso de tabaco", afirmou.
Também conforme divulgado pela Polícia Civil, o boletim de ocorrência foi feito pela mãe, após alertas feitos por médicos no Himaba sobre um suposto abuso sexual sofrido pela criança.
De acordo com a defesa, o registro não foi feito antes justamente pelo fato de a mãe desconhecer as marcas no corpo e a possibilidade de a criança ter sido abusada.
"Quem registrou a ocorrência foi a própria mãe, ela atua como comunicante do caso. Jeorgia registrou o boletim quando tomou conhecimento do suposto abuso. Até então, o quadro era de pneumonia, ela não sabia das marcas no corpo", disse a defesa.
A pneumonia apontada pelo advogado era a causa da procura por atendimento médico, segundo a mãe. Na chegada ao Himaba, a mãe relatou que o filho de dois anos estaria com sintomas de pneumonia.
A Polícia Civil ainda revelou à repórter Daniela Carla, da TV Gazeta, que os pais teriam tentado levar o corpo da criança direto para a funerária, sem passar pelo DML. A defesa dela aponta o contrário.
"Quem providenciou que o corpo fosse para a perícia foi a Jeorgia, ela desembaraçou a situação. Ela não tentou impedir", afirmou Lucas Kaiser.
A ida para a funerária sem passar pelo DML impediria, por exemplo, que os sinais de estupro, espancamento e tortura fossem identificados. Foi no DML que um médico-legista examinou a criança, verificando que o corpo tinha as marcas de possíveis agressões.
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