Dois suspeitos, de 29 anos, acusados de participarem do assassinato da agente de Polícia Civil aposentada e escritora capixaba Lacy Fernandes Ribeiro, de 64 anos, foram presos em outubro deste ano no bairro André Carloni, na Serra. O crime, que gerou grande repercussão, aconteceu no dia 3 de janeiro de 2013.
Fabricio Ghermano Gomes, vulgo Bill, e Rafael de Carvalho Rodrigues, vulgo Rafael lagarto, foram acusados pelo crime quase 10 anos depois do ocorrido. As prisões foram divulgadas nesta quarta-feira (7).
Segundo a Polícia Civil, os dois criminosos foram capturados em 14 de outubro. Fabricio também é apontado como autor do homicídio de Maria Ramos, de 45 anos. Ela foi morta a facadas no dia 10 de dezembro de 2012, no bairro Mestre Álvaro, na Serra.
Os dois tinham mandados de prisão em aberto e são réus em ação penal. Rafael já estava preso por outros crimes e o mandado por este crime foi cumprido dentro do presídio.
Ainda de acordo com a Polícia Civil, o crime chamou a atenção pela brutalidade: o corpo da vítima foi arrastado e deixado sem roupas no terraço da própria casa.
Segundo a titular da Divisão Especializada de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), delegada Raffaella Aguiar, a rotina da delegacia de sempre averiguar inquéritos antigos ajudou a encontrar novos indícios no crime e dar uma conclusão às famílias das vítimas.
No caso da escritora capixaba, quando a polícia passou a olhar novamente na investigação, encontrou um segundo homicídio praticado 20 dias antes com elementos parecidos. As investigações passaram ser conduzidas juntas.
"Tem inquéritos de homicídios que são complexos, então demandam um tempo e esperamos que outras informações vão surgindo. No início as duas investigações tiveram várias linhas e precisamos checar cada uma nós", disse a delegada.
Um dos suspeitos, Fabricio Ghermano, ofereceu às vítimas serviços de capina de quintal e passou a observar a rotina delas, esperando o melhor momento para cometer o crime. A polícia não encontrou indícios da participação de Rafael no homicídio de Maria Ramos.
"A gente conseguiu elementos tanto técnicos quanto subjetivos. Vários depoimentos, conseguimos confrontar com o que foi prestado na época e vimos que, de acordo com as provas técnicas, não tinham veracidade. E aí confrontamos agora este ano aquelas testemunhas e algumas se retrataram e disseram a verdade. Tem testemunhas que até disseram que o revólver da policial estava em poder de um dos autores, que confidenciou a testemunha", explicou a delegada.
A polícia não conseguiu chegar a motivação dos crimes. Isso porque os dois presos negam a autoria dos assassinatos. Durante as investigações que se seguiram esse ano, Rafael, que estava preso por outro crime, recebeu beneficio da saidinha e foi conversar com o comparsa. "Muito provavelmente traçaram uma estratégia de defesa que negariam o fato e não daria nenhuma outra informação, então, a motivação, não conseguimos descobrir porque eles negam o fato e não falam além."
No dia do crime, os suspeitos acreditavam que surpreenderiam Lacy Ribeiro, mas o laudo do local deixou claro que eles arrombaram a porta e as roupas da vítima estavam alinhadas, o que, segundo a polícia, sugere que ela estava se preparando para sair quando ouviu a porta sendo arrombada, pegou a arma, um revólver, e tentou se defender.
"Há indícios de defesa. Ela conseguiu alvejar o Fabricio, que no dia do crime chegou a dar entrada em um hospital. Conseguimos neste ano comprovar o DNA dele na cena do crime", afirmou delegada Raffaella Aguiar.
Inclusive, no interrogatório, Rafael afirmou aos policiais que se Fabricio tivesse informado a ele que tinha disponibilizado o DNA à polícia, ele não voltaria ao presídio.
Rafael já têm passagens por tentativa de homicídio. Ele e Fabricio atuavam no tráfico de drogas no bairro André Carloni, na Serra.
A advogada Bianca Campelo, que faz a defesa de Fabricio, enviou uma nota à reportagem. "A defesa esclarece que o acusado Fabrício dispôs voluntariamente de seu material genético para as autoridades, visando colaborar com a elucidação dos fatos. Um exame de DNA não conduz a condenação, devendo ser analisado todo o contexto probatório, podendo ao final o Juiz decidir contra o laudo. O processo está no começo, não há como afirmar que ele seja o culpado e a defesa trabalhará para provar a inocência do acusado."
A reportagem tenta localizar a defesa de Rafael de Carvalho Rodrigues. O espaço segue aberto.
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