Moradores voltaram a fechar a Rodovia Serafim Derenzi, em Vitória, em novo protesto no final da tarde desta sexta-feira (29), contra a morte de Emanuel Nascimento dos Santos, de 18 anos, ocorrida na quinta-feira (28), na região da Grande São Pedro. Segundo a Polícia Militar, o rapaz teria entrado em confronto com agentes, mas quem vive no local negou a versão, alegando que o jovem estaria mexendo no celular e que apenas correu ao escutar barulho da troca de tiros.
Além de cartazes, o grupo que ocupou a rodovia colocou fogo em alguns pneus para inibir a passagem de veículos. O protesto se dissipou por volta das 19h, com o trânsito sendo liberado minutos mais tarde. Um longo engarrafamento se formou nos entornos devido à manifestação.
Às 20h, enquanto a reportagem da TV Gazeta estava no local, a manifestação foi retomada e a informação é de que a via foi fechada novamente, a cerca de 500 metros do ponto de bloqueio anterior.
A circulação de ônibus também foi afetada pela situação. A Companhia de Transportes Urbanos da Grande Vitória (Ceturb-GV) confirmou, em nota, que "por conta de manifestações na região de São Pedro, as linhas que atendem a região estão passando por Maruípe. Assim que a situação voltar ao normal, os itinerários originais voltarão a ser realizados."
Mais detalhes sobre a manifestação foram solicitados à Polícia Militar e à Guarda Municipal, mas não houve retorno até a publicação deste texto.
Esse não é o primeiro protesto devido à morte do jovem. Na noite de quinta (28), pouco após Emanuel ser baleado, na região da Grande São Pedro, em Vitória, pessoas também se juntaram na Serafim Derenzi chamando atenção sobre o caso. Em protesto, pessoas desceram o morro e atearam fogo em objetos para bloquear a passagem na rodovia. Dois ônibus foram depredados.
Vídeos que circularam nas redes sociais (confira acima) mostram o fogo no meio da Rodovia Serafim Derenzi. Nas imagens também é possível ver o ônibus da linha 535 (Terminal de Carapina/ Terminal de Campo Grande) com o para-brisa e janelas quebradas.
A repórter Priciele Venturini, da TV Gazeta, esteve no bairro na manhã desta sexta-feira (29) e conversou com moradores. Eles disseram que Emanuel estava sentado, jogando no celular, quando uma correria começou. "Ele se assustou com o pessoal correndo, olhou para trás e começou a correr também. Ele não sabia se era polícia, se era bandido, por isso ele correu. Nesse momento a polícia disparou nele o tiro", revelou uma mulher, que preferiu não se identificar.
Ela revelou que Emanuel foi socorrido por moradores até o Pronto Atendimento (PA) de São Pedro. "Ele não estava armado, não tem arma, ele não mexe com nada errado. Estamos numa tristeza aqui no bairro", afirmou a mulher.
A mãe do jovem estava no trabalho quando recebeu a notícia. "Olhei no celular e vi várias mensagens dizendo que os policiais subiram o morro e alvejaram meu filho, que estava tomando sorvete e mexendo no celular, com um colega, e foi alvejado nas costas. Não teve troca de tiros, todos lá sabem. Eles estarem procurando outras pessoas, dá o direito de eles chegarem no morro atirando? Encontrar o garoto na rua e meter bala? Ele tem família! Como vai ser minha vida a partir de hoje?", indagou. Ela pediu para não ser identificada.
A versão da Polícia Militar é diferente. Eles disseram que receberam a informação de que havia um grupo armado planejando um ataque na região de São Pedro e Nova Palestina. Os agentes foram até o mirante de Comdusa e fizeram buscas por becos e escadarias, até que, segundo a corporação, três suspeitos armados atiraram.
"Após cessarem os primeiros disparos por parte dos indivíduos, os militares tentaram avançar no terreno e realizar as buscas pelos suspeitos, que fugiram sentido a parte baixa do morro, porém os indivíduos, ainda em fuga, atiraram para trás, contra as equipes da PMES, no intuito de impedir a progressão dos policiais. A injusta agressão foi revidada", afirmou a PM.
No caminho, foram encontrados uma pistola calibre 9mm e um celular. "A patrulha continuou progredindo na área até chegar na parte baixa do morro, onde obteve a informação que um dos indivíduos que atirou com os integrantes da Força Tática teria caído próximo a uma ladeira e sido socorrido por populares para o Pronto Atendimento de São Pedro."
Os militares foram até o PA. "A equipe médica informou que o indivíduo, de 18 anos, havia ido a óbito. Ele foi reconhecido pelos militares como um dos indivíduos envolvido no confronto", finalizou a corporação.
Em protesto após a morte, pessoas bloquearam a passagem na Rodovia Serafim Derenzi, na altura de Santos Reis, incendiando objetos na via. Dois ônibus foram depredados, segundo a Polícia Militar. "Um coletivo estava próximo a um ponto de ônibus, próximo a uma distribuidora de bebidas, e teve os para-brisas quebrados. O outro veículo estava próximo a um semáforo quando começou a sofrer os ataques. Este coletivo teve dois para-brisas frontais e dois laterais danificados", informou a corporação.
Apesar da PM falar sobre dois ônibus, o Sindicato das Empresas de Transporte Metropolitano da Grande Vitória (GVBus) mandou informações apenas sobre um, dizendo que "a empresa responsável pelo coletivo informa que, na noite desta quinta-feira (28), um ônibus do Sistema Transcol foi apedrejado na Avenida Serafim Derenzi, em Vitória. Não há feridos. Para-brisas e janelas foram atingidos e ficaram destruídos. O ônibus foi enviado para a garagem para reparos".
Em nota, a Polícia Civil disse que "a ocorrência foi entregue na 1ª Delegacia Regional de Vitória. A arma apreendida foi encaminhada para o Departamento de Balística Forense, da Polícia Científica (PCIES), juntamente com as munições e o carregador. O corpo do suspeito foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML), da Polícia Científica, em Vitória, para ser necropsiado e, posteriormente, liberado para os familiares. O caso seguirá sob investigação do Serviço de Investigações Especiais (SIE) do Departamento Especializado de Homicídios e Proteção à Pessoa (DEHPP), que investiga ocorrências de confronto com agentes de segurança do Estado".
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