Pelo menos dois ônibus foram abordados por um grupo, na manhã desta segunda-feira (2), em Ilha da Conceição, Vila Velha: o primeiro foi depredado (teve os vidros quebrados) e o segundo quase foi incendiado — a polícia chegou a apreender um galão de gasolina no local. Tudo aconteceu após um homem ser baleado por policiais militares na região, que faz divisa com Vila Batista. Kaique Ariel da Silva, de 21 anos, chegou a ser socorrido, mas não resistiu aos ferimentos.
Vídeos que circulam pelas redes sociais mostram o momento em que o homem ferido é retirado de um beco, sangrando, e levado por policiais para uma viatura. Nas imagens muitas pessoas aparecem gritando, desesperadas. Assista:
O baleado foi levado para o Hospital Estadual Antônio Bezerra de Faria, também no município. Testemunhas disseram ao repórter Diony Silva, da TV Gazeta, que o jovem teria sido atingido por quatro tiros na região da cabeça.
A irmã da vítima conversou com a TV Gazeta. Ela que informou sobre a morte do rapaz. A familiar afirmou que o jovem tinha ido dormir na casa da namorada, em Ilha da Conceição, quando aconteceu uma abordagem da polícia. Segundo ela, Kaique não estava armado. "Meu irmão estava chegando na casa da minha mãe. Se fosse para parar o meu irmão, eles tinham que ter dado tiros nas pernas, nos braços, por que deram tiros na cabeça do meu irmão? Eu quero justiça. Se estava trocando tiros igual eles (policiais) estão falando, cadê a arma dele?", questionou. Veja entrevista abaixo:
Depois de Kaique ser baleado, moradores ficaram revoltados. Manifestantes desceram para a parte baixa do bairro, na Avenida Jerônimo Monteiro, na tentativa de fecharem a via, mas foram impedidos por policiais. Outro grupo abordou os dois ônibus. No segundo coletivo, nove pessoas entraram no veículo, mandaram os passageiros descerem e tentaram atear fogo, mas não tiveram sucesso. Um galão com gasolina e um coquetel molotov foram apreendidos.
A reportagem de A Gazeta pediu informações às polícias Militar e Civil para entender as circunstâncias do caso, mas, como a ocorrência estava em andamento, ainda não havia detalhes. Após a publicação da matéria, a Polícia Militar informou que Kaique estava armado e atirou contra os militares em patrulhamento. Segundo a corporação, com o ataque, a equipe revidou para se proteger.
Em coletiva realizada no fim da tarde desta segunda-feira (2) o comandante da Polícia Militar (PM) coronel Douglas Caus informou que não se sabe de onde saiu o tiro que matou Kaique Ariel da Silva, de 21 anos. O coronel explicou que a equipe esteve no local para verificar disparos de armas na região, mas ao chegarem na região os policiais ouviram tiros.
Ao descer para realizar o patrulhamento, um grupo de pessoas armadas foi vista pela corporação. "Eles pediram para que eles entregassem as armas e deitassem no chão. O Kaique estava à frente e atirou contra os policiais militares que então efetuaram disparos contra esses indivíduos. Eles correram e o nosso pessoal continuou progredindo e numa área chamada valão foi encontrado o Kaique deitado no chão atingido por disparos", falou o coronel.
O comandante da PM contou que Kaique estava com uma pistola Glock 9 milímetros e um carregador. Ele tinha passagem na polícia por tentativa de roubo, tráfico e porte ilegal de armas.
Em nota, a Guarda Municipal de Vila Velha disse que "equipes estão nas unidades escolares da região. Os agentes estão auxiliando na entrada e na saída dos alunos, dos professores e dos funcionários. As aulas nas unidades seguem sem alteração. Alguns alunos foram liberados mediante a presença dos pais e/ou responsáveis".
A Companhia de Transportes Urbanos da Grande Vitória (Ceturb) informou que, por conta do conflito na região de Vila Batista e Ilha da Conceição, as linhas 658, 604, 625, 633, 660, 607 e 663 não estão entrando nos bairros Santa Rita, Paul, Vila Garrido e Aribiri, por orientação das autoridades de segurança. "Assim que a situação se normalizar, os coletivos voltarão aos seus itinerários originais", garantiu.
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