Um reforço policial que se iniciou na madrugada desta segunda-feira (10) – e não tem data para acabar – resultou no fechamento de todas as saídas do Complexo da Penha, em Vitória, para conter a tensão com traficantes da região. Tanto o bairro como locais adjacentes têm sido palco de confrontos e mortes nas últimas semanas, como a de Natanaeliton da Mota, de 24 anos, baleado após um tiroteiro na sexta-feira (07).
Durante uma coletiva de imprensa no início desta noite, o comandante-geral da Polícia Militar, coronel Douglas Caus, destacou que mais de 100 policiais e 30 viaturas participam da ação. Ao todo, são 29 pontos de bloqueio em um raio de 15 km, cujo principal foco é prender alguns dos principais traficantes da região.
"Fizeram cerco, bloqueio, abordagem a ônibus, abordagem à táxi. Fechando todo esse período de 15 km, praticamente isolamos o Complexo da Penha de receber armas, drogas e munições, e [impedimos] indivíduos com mandado de prisão de saírem – e caso saíssem, fossem presos", afirmou o coronel.
Ele também reforçou que o efetivo deve aumentar nesta terça-feira (11), com o apoio de mais de 220 homens do Curso de Habilitação a Sargento. "Trabalharão 110 na parte da manhã, mais 110 à tarde, além da tropa especializada à noite", destacou o comandante-geral.
Ainda de acordo com Caus, outro importante ponto de saturação durante à tarde foi a Avenida Leitão da Silva, que fica no entorno das regiões de maiores conflitos. Imagens registradas por leitores de A Gazeta mostram o local praticamente vazio por volta das 14h, além da presença de muitas viaturas policiais no acostamento. Ao longo do dia, também houve atuação da PM nas avenidas Marechal Campos e Maruípe.
Sobre uma possível paralisação do comércio e também da circulação dos ônibus, já que houve uma mudança nas rotas dos coletivos pela manhã para evitar as localidades dos conflitos, Douglas Caus negou que tenha ocorrido qualquer anormalidade. Entre as linhas de ônibus afetadas estavam a 051, 052, 073, 241, 182 e 204. Os desvios, no entanto, não duraram duas horas, sendo retomadas as rotas originais até as 9h30.
"Nosso serviço de inteligência não detectou nenhum tipo de ameaça. Pelo contrário. Nós tivemos, ao longo do dia, dezenas, centenas de telefonemas, perguntando o que estava acontecendo. E a resposta foi clara: a PM saturando para garantir ao cidadão capixaba dessas regiões o direito de ir e vir e a segurança deles", informou.
Dados levantados pelo secretário de Estado da Segurança Pública e Defesa Social, Alexandre Ramalho, e publicados em A Gazeta, mostram que o Espírito Santo teve 203 confrontos entre traficantes e policiais militares nos primeiros cinco meses do ano. A média é de mais de um confronto por dia.
Segundo o comandante-geral, embora seja alto, esse número é resultado das ações mais intensas da corporação. "Temos que entender que a PM está chegando cada vez mais perto dessas lideranças [do tráfico]. Com essa aproximação, nos deparamos com soldados dos traficantes, que recebem dinheiro para defendê-los. Em um ato de desespero, eles estão confrontando a PM. Mas estamos completamente preparados, com equipamentos precisos", destacou Caus.
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