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'Teve intenção de matar', diz irmão de atropelado em Santa Maria de Jetibá

'Teve intenção de matar', diz irmão de atropelado em Santa Maria de Jetibá

Jovelino Ortelan, de 40 anos, foi atingido por um carro no sábado (22); ele chegou a ir à polícia para registrar a ocorrência e morreu horas depois, após chegar andando a hospital

Publicado em 26 de abril de 2023 às 11:06

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Jovelino Ortelan, de 40 anos, morreu no último sábado (22) em Santa Maria de Jetibá
Jovelino Ortelan, de 40 anos, morreu no último sábado (22) em Santa Maria de Jetibá. (Acervo familiar)

"O vídeo é muito claro: ele jogou o carro, teve a intenção de matar." Esta é a certeza da família de Jovelino Ortelan, de 40 anos. Dono de uma oficina mecânica, ele morreu no último sábado (22), horas após ser atropelado em Santa Maria de Jetibá, na Região Serrana do Espírito Santo. Após ser atingido pelo veículo, ele procurou a polícia para registrar o caso e buscou atendimento médico.

Uma câmera de segurança de um posto de combustíveis flagrou quando o carro amarelo passa, atinge a vítima e sai sem prestar socorro (veja abaixo). Tudo aconteceu a poucos metros do Destacamento da Polícia Militar (DPM), praticamente em frente de onde estavam estacionadas três viaturas.

O motorista é o empresário Cláudio Schneider, de 43 anos. Nesta quarta-feira (26), o advogado Alan Cristian Brito afirmou que o cliente não teve intenção de atropelar o autônomo e que se trata de um acidente de trânsito. Os dois não se conheciam, e a vítima teria dado disparos antes do atropelamento, segundo ele.

"Meu cliente está sengo julgado de antemão. Ele não parou para prestar socorro porque viu, pelo retrovisor, que Jovelino se levantou logo depois. A morte foi posterior. Antes disso, a vítima tinha dado tiros para o alto, enquanto tentava ultrapassar o meu cliente, que não tinha como dar passagem."

A família de Jovelino, no entanto, contesta a versão. "A confusão de trânsito pode ter acontecido, mas ele não tinha arma. Ele fez um disparo e seguiu armado para procurar a polícia e pedir ajuda? Isso não existe", declarou o irmão, um pequeno empresário de 45 anos, que preferiu não ser identificado.

Aspas de citação

É crime de um jeito ou de outro, se não for homicídio é tentativa de homicídio

Irmão de Jovelino
Pequeno empresário, não quer ser identificado
Aspas de citação

O autônomo Jovelino Ortelan morreu depois de dar entrada na Fundação Hospitalar Beneficente Concórdia, em Santa Maria de Jetibá, com dores no corpo e batimentos cardíacos acelerados. A causa da morte, no entanto, consta como "violenta: a esclarecer" na certidão de óbito.

Após o falecimento, o corpo dele foi encaminhado para o Departamento Médico Legal (DML) de Vitória, onde foi liberado pelo irmão. "O laudo deve sair em até 30 ou 40 dias. Vamos esperar para ter certeza, mas ele estava com hematomas na cabeça e o atropelamento aconteceu, temos provas disso", disse.

Revoltado, ele falou que a família espera por justiça. "Isso não pode passar em branco de jeito nenhum. Senão, amanhã ou depois, aquele motorista faz a mesma coisa com outra pessoa." Jovelino Ortelan foi sepultado no Cemitério Municipal de Santa Maria de Jetibá e tinha uma filha de cinco anos.

Atendimento e investigação

Procurada pela reportagem de A Gazeta, a Polícia Militar informou que Jovelino foi até o DPM e relatou que "por volta das 19h20, havia sido atropelado por um carro, sendo que o condutor teria fugido sem prestar socorro, em direção ao bairro São Luís". Buscas foram feitas, mas o suspeito não foi localizado.

A corporação também afirmou que a vítima seguiu até o pronto-socorro do Hospital Concórdia, com dores no corpo e acompanhado de um amigo. Em seguida, os policiais foram até a unidade e receberam a informação de que Jovelino havia morrido após chegar andando e sofrer uma arritmia.

Depois, a equipe soube que o motorista envolvido no atropelamento procurou um militar da região e disse que "estava dirigindo na localidade de Recreio quando um veículo iniciou uma série de tentativas de ultrapassagens indevidas e que, ainda atrás dele, um ocupante realizou dois disparos de arma de fogo".

Após a ultrapassagem, "o carro teria estacionado em um posto e, do veículo, desembarcaram dois homens, que o aguardaram passar (...) e um deles teria se jogado na frente do automóvel". O condutor, então, disse temer pela própria vida e pelas acompanhantes (esposa e filha), fugindo do local.

Já a Polícia Civil informou que o suspeito Cláudio Schneider, de 43 anos, foi conduzido à Delegacia Regional de Aracruz, ouvido e liberado porque o delegado entendeu que "não havia elementos suficientes para lavrar o auto de prisão em flagrante naquele momento". O caso segue sob investigação.

Errata Atualização
26 de abril de 2023 às 12:16

Em contato com A Gazeta desde o início da manhã, Cláudio Schneider passou o telefone do advogado após a publicação desta matéria. A reportagem entrou em contato com Alan Cristian Brito para adicionar o posicionamento deles. O texto foi atualizado.

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