Um dia após a ação na Avenida Leitão da Silva, em Vitória, que envolveu troca de tiros entre policiais militares, guardas municipais e criminosos, com a morte de um dos suspeitos e o terror espalhado na região, o secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, coronel Alexandre Ramalho, rebateu as críticas feitas pelo presidente da seccional do Espírito Santo da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB-ES), José Carlos Rizk Filho. De acordo com Ramalho, "exigir perfeição" dos agentes de segurança é "muito difícil" e uma análise "atrás de uma mesa, dentro do ar condicionado", é "mais tranquila".
Em entrevista ao vivo na manhã desta terça-feira (29) à repórter Vanessa Calmon, da TV Gazeta, durante o Bom Dia ES, o secretário de Estado de Segurança Pública ressaltou que a Guarda Municipal tentou abordar o veículo antes da Leitão da Silva. As tentativas, no entanto, foram frustradas porque os quatro homens que estavam no carro continuaram fugindo.
Ainda na segunda-feira (28), José Carlos Rizk Filho publicou em rede social, em tom de cobrança, um pedido para que a abordagem feita na Leitão da Silva seja investigada. O presidente da OAB-ES afirmou que "não cabe o cidadão de bem servir de escudo humano a quem quer que seja".
Quatro homens estavam dentro do carro, que havia sido utilizado para um ataque na Ilha do Príncipe na última sexta-feira (25). Um deles conseguiu fugir durante a abordagem. Um foi morto, outro foi baleado e um terceiro foi preso no local. O vídeo mostra que houve troca de tiros no meio da avenida, sendo que um veículo que não tinha relação com a perseguição foi atingido por ao menos um disparo de arma de fogo.
"Com total respeito ao Rizk e à opinião da OAB, mas só quem passa pelo confronto armado sabe o estresse policial. Exigir nesse momento que nossos policiais tenham a perfeição é muito difícil", iniciou o coronel Alexandre Ramalho.
Ramalho ainda enfatizou o trabalho feito pelas forças de segurança pública. Segundo o secretário, foram 290 confrontos entre policiais e criminosos entre janeiro e julho deste ano, resultando em 2.316 armas ilegais apreendidas e 744 pessoas, classificadas por ele como "homicidas", presos.
O secretário de Estado de Segurança Pública e Defesa Social, coronel Alexandre Ramalho, destacou que a abordagem feita na Leitão da Silva, que terminou com um indivíduo morto, um ferido e um preso, evitou que o grupo promovesse um novo ataque armado.
Na última sexta-feira (25), o carro em que eles estavam foi utilizado em um ataque armado na Ilha do Príncipe, em Vitória. Naquela ocasião, um jovem de 22 anos foi morto. Segundo Ramalho, eles poderiam ter cometido novamente um crime semelhante caso a Guarda Municipal e a Polícia Militar não tivesse agido.
"O que esses quatro criminosos estavam fazendo armados dentro de um carro? Certamente, sem essa ação, estaríamos falando de um novo ataque em outro bairro, trazendo consequências severas para comunidades em vulnerabilidade. Ninguém está passeando dentro de um carro com esse armamento", afirmou à TV Gazeta.
Os nomes dos indivíduos envolvidos no ataque não haviam sido informados pela Sesp até a manhã desta terça-feira (29). O secretário informou, no entanto, que ao menos três dos quatro "têm uma ficha extensa". "Eles têm um poder de fogo muito pesado. A abordagem tem que ser essa", afirmou.
Os vídeos e imagens que traduzem o terror vivido por quem esteve na Leitão da Silva na tarde dessa segunda-feira (28) mostram que havia a presença de muitos guardas municipais, com ao menos duas viaturas (uma de cor verde-escura e outra branca), e também policiais militares, com uma viatura característica.
Apesar da presença de diferentes agentes de segurança e do resultado da abordagem, o coronel Ramalho afirmou que a Polícia Militar, corporação de competência do Estado do Espírito Santo, não foi acionada para contribuir e participar da perseguição e prisão, promovida inicialmente pela Guarda Municipal, força de segurança de competência do município de Vitória.
Ainda de acordo com o secretário, o monitoramento que identificou o carro enviou informações apenas para a Prefeitura de Vitória. Uma viatura da Polícia Militar, porém, estava na região e percebeu a abordagem.
Segundo o secretário, um acionamento da PM poderia facilitar que recursos da corporação fossem disponibilizados. Logo depois da observação sobre a falta de comunicação, Ramalho disse que não seria momento para "discutir a ação do outro".
"O que fica para debatermos é a marginalidade que está se confrontando com nossos policiais. Há muito trabalho e empenho. Não quero julgar a parte operacional", afirmou.
Após a afirmação do coronel sobre a ausência de acionamento, a reportagem de A Gazeta foi atrás da Guarda Municipal para saber por que motivo a corporação não procurou a Polícia Militar.
Em conversa com a reportagem de A Gazeta nesta terça-feira (29), o secretário Municipal de Segurança Urbana de Vitória, Amarílio Boni, afirmou que, apesar do comentário feito por Ramalho, os dois mantêm uma boa relação e constroem uma integração entre forças de segurança.
"Temos uma integração muito positiva com a Polícia Militar e Polícia Civil. O tempo todo trocando informações para diminuir os números de criminalidade. A ocorrência foi dinâmica", afirmou Boni.
De acordo com o secretário municipal, a viatura da Polícia Militar se deparou com a ocorrência no Bairro República, em Vitória, acompanhando a perseguição. Ainda segundo Boni, a ocorrência de segunda (28) na Leitão da Silva deve ser analisada e observada internamente para melhorias nos procedimentos.
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