Os tiroteios registrados entre a noite desta segunda-feira (18) e a madrugada desta terça-feira (19) em comunidades da região central de Vitória e que assustaram moradores de vários bairros da Capital trouxeram à tona um problema que já aterrorizou moradores do Morro da Piedade. O Instituto Raízes, que desenvolve ações sociais na região, relembrou a onda de violência de 2018 que fez com que moradores abandonassem casas, deixando um rastro de destruição.
Em nota divulgada nesta terça-feira, o Instituto aponta que os tiroteios e as disputas entre facções criminosas rivais traz a lembrança do medo que ficou instaurado em 2018.
Naquele ano, o acirramento da guerra do tráfico de drogas no Morro da Piedade fez com que 32 casas abandonadas e 93 pessoas deixaram o bairro. A área conhecida como "Seu Queiroz", no alto do morro, foi a que sofreu o maior impacto, com 90% dos moradores deixando as residências.
Conforme o Instituto, o cenário de terror vivido naquele período está se repetindo, com famílias já pedindo ajuda para deixar o bairro. Ainda cita a falta de efetividade das políticas públicas, relembrando a instalação da base da Polícia Militar no bairro e questionando os resultados trazidos pela presença da polícia na região.
O Instituto ainda afirma que vai acionar a Prefeitura de Vitória, o governo do Estado e a Secretaria Estadual de Segurança Pública (Sesp) para pedir ações de proteção à comunidade.
Os tiros que invadiram novamente os morros do Centro de Vitória pela segunda noite seguida, faz com que a situação desastrosa de 2018 volte aos pensamentos dos moradores das comunidades e gera mais medo e terror em quem vive por aqui. Em 2018, metade dos moradores da Piedade e de outras comunidades deixaram suas casas com medo. Esse cenário volta a se repetir, possuímos uma lista com mais famílias pedindo ajuda para deixar o local.
Estamos sem a efetividade das políticas públicas, especialmente os demandados pela comunidade através do Plano de Ação 15. As famílias a noite toda acordada, crianças chorando, se escondendo embaixo da cama e esses ataques ocorrendo a madrugada toda.
Foram tiros, efeitos de bomba, gritos e invasões de casas registradas nesta madrugada.
Fica a pergunta de todos: quem protege os cidadãos que vivem nestas comunidades? Quais as medidas que são adotadas para esta proteção? Porque a Base da Polícia Militar não faz mais as rondas diurnas e noturnas na comunidade? Quais são os resultados do trabalho dessa Base? Essas são as perguntas iniciais, de outras várias que temos.
No último final de semana tivemos vários momentos de alegria e confraternização entre as comunidades, como torneio, festa nas escolas e nas comunidades fazendo todos circularem entre os bairros, e lamentavelmente essa situação acontecendo.
Nos juntamos às inquietações dos moradores e das comunidades e vamos ainda hoje acionar a Prefeitura de Vitória, o Governo do Estado e a Secretaria Estadual de Segurança Pública para respostas e ações protetivas e sociais para todos deste território.
Intensos tiroteios deixaram moradores de bairros de Vitória assustados entre a noite desta segunda-feira (18) e a madrugada desta terça-feira (19). Os confrontos armados foram registrados em quatro comunidades da região central da Capital: Piedade, Alagoano, Moscoso e Cabral, deixando aterrorizados também quem mora em bairros no entorno.
De acordo com apuração da repórter Daniela Carla, da TV Gazeta, os disparos que tiraram o sono e geraram pavor em moradores foram em razão de um confronto entre facções criminosas rivais, que dominam o tráfico de drogas em diferentes comunidades da Grande Vitória.
Traficantes das comunidades do Romão e do Alagoano teriam invadido as comunidades do Moscoso e do Cabral e promoveram um ataque, disparando várias vezes contra os rivais. Até o momento, não há registro de vítimas. Daniela Carla esteve no Cabral, na manhã desta terça-feira e foi ameaçada por um homem, que a obrigou a sair do local.
Os relatos de tiros na região vêm desde o domingo (17), de acordo com moradores e poderia estar relacionado com dois assassinatos registrados em Vitória. Um deles aconteceu na Ilha do Príncipe, onde um ataque a tiros deixou um jovem de 18 anos, identificado como Raí Vitor Rosa dos Santos, morto, e um adolescente de 17 anos ferido.
Moradores disseram ter ouvido mais de 100 tiros e várias marcas ficaram nas paredes. Testemunhas contaram que Raí foi perseguido e baleado por cinco homens armados que chegaram ao bairro em um carro.
O adolescente também foi baleado, mas conseguiu correr até o Destacamento da Polícia Militar (DPM), na Vila Rubim para pedir ajuda. Ele foi socorrido por uma ambulância do Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu) e levado para um hospital da região.
Vídeos enviados à reportagem de A Gazeta mostram os tiroteios que aconteceram entre esta segunda-feira e a terça-feira. É possível ouvir vários disparos de armas de diferentes calibres, além de barulhos similares a explosões. Assista:
Segundo um morador, que vive perto da região, os tiros começaram por volta de 1 hora da madrugada desta terça-feira e terminaram às 3h. Ainda conforme o relato do morador, que reside na área desde criança, ele nunca tinha ouvido tantos tiros como nesta madrugada.
Ele fez um registro do tiroteio, próximo ao Centro de Vitória. Veja:
Em entrevista ao repórter João Brito, da TV Gazeta, o comandante Fábio Ribeiro, da Guarda Municipal, explicou que a corporação foi acionada por conta dos tiroteios e foi até a região onde foram registrados disparos.
"No momento dos disparos, foram acionadas nossas viaturas e elas deram apoio. Foram diversos chamados na região da Fonte Grande, nossas viaturas prosseguiram ao local, mas não foi feita nenhuma detenção", disse.
Ainda segundo o comandante, a Guarda Municipal ainda está apurando a motivação para os tiroteios.
Nas redes sociais, registros da guerra do tráfico de drogas. Internautas publicaram relatos de medo e compartilharam vídeos que mostram trocas de tiros com mais de 40 segundos de duração. Veja abaixo:
Um outro internauta mostrou que teve a casa atingida por um disparo na madrugada desta terça-feira. A foto compartilhada mostra o buraco criado pela bala na janela da residência.
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