Todo o dinheiro levado pelos criminosos no ataque a Santa Leopoldina, Região Serrana do Estado, foi recuperado. A informação foi confirmada nesta segunda-feira (3) pelo delegado Gabriel Monteiro, da Delegacia Especializada de Roubo a Bancos (DRB), durante o detalhamento das prisões ocorridas pela manhã.
Apesar de não informar o valor em reais, por questões de segurança, o delegado disse que os criminosos conseguiram roubar o dinheiro dos cofres do Banco do Brasil e do Banestes, na madrugada de sexta-feira (30). Eles também atacaram a agência do Sicoob, mas não conseguiram acessar o cofre.
Ao todo, cinco suspeitos do ataque foram mortos, no sábado (1º), e outros dois presos nesta segunda-feira (3). Quatro integrantes de uma mesma família de Viana ainda foram detidos na sexta-feira, acusados de ajudarem os bandidos.
Um grupo de homens fortemente armados invadiu a cidade de Santa Leopoldina, na madrugada de sexta-feira (30). Os indivíduos fecharam ruas, atiraram contra viaturas, renderam motoristas e saquearam pelo menos três bancos, com uso de explosivos.
Os criminosos derrubaram uma árvore em uma estrada para fechar a passagem. Depois, fizeram um caminhoneiro refém e fecharam outra estrada. Nesse momento começou o tiroteio, que deixou os moradores desesperados. Os bandidos usavam touca ninja e estavam fortemente armados, como deu para ver nos vídeos feitos por câmeras de videomonitoramento.
Após os tiros, começaram as explosões. Eles jogaram granadas em três bancos: Banco do Brasil, Sicoob e Banestes. De acordo com a Defesa Civil, o Banestes foi o maior prejudicado. Em cima dele funcionava uma igreja, que vai precisar ficar completamente interditada por pelo menos 30 dias. Ainda não há informação sobre quando as agências voltarão a funcionar normalmente.
Depois de saquearem os bancos, os bandidos fugiram. O ataque aconteceu no dia do pagamento de servidores públicos, como explicou o prefeito da cidade. Pela manhã, uma dinamite foi encontrada dentro de uma das agências bancárias invadidas. O esquadrão antibombas foi acionado e detonou o material em uma área de vegetação da cidade.
Em seguida, dois veículos incendiados foram encontrados em uma zona rural de Viana, a 60km de Santa Leopoldina. A perícia da Polícia Civil foi até lá e constatou que os carros foram usados pela quadrilha.
Dentro de um deles, que não ficou completamente destruído, havia algumas pistas: os bandidos deixaram para trás galões de gasolina, chave de fenda, munições, chave do carro, calça, luvas e chapéu. O material foi apreendido.
Após receberem denúncias de que os fugitivos do ataque a bancos em Santa Leopoldina estavam escondidos em uma mata na localidade de Tirol, zona rural do município, os policiais envolvidos nas buscas precisaram montar um plano de ação. Para conseguirem circular pela região despercebidos, eles usaram uma van escolar. A tática deu certo, tanto que os dois últimos foragidos foram capturados na manhã desta segunda-feira (3).
O major Cabral, comandante da 8ª Companhia Independente da Polícia Militar, detalhou que pela manhã eles começaram a receber informações de que dois suspeitos estavam com roupas rasgadas e cheios de arranhões pelo corpo rondando pela região de Tirol. Eles pediam informações sobre como chegar até Viana, na Grande Vitória.
"Começamos a direcionar nossas buscas para aquela região, próximo a uma escola. Verificamos que, mesmo com viaturas descaracterizadas, poderíamos chamar atenção. Então pedimos apoio à prefeitura, que nos disponibilizou um veículo de transporte escolar, e com ele conseguimos fazer o trabalho", disse o comandante.
Enquanto rodavam com a van, os militares viram os dois saindo da mata. Um deles foi preso primeiro, e o outro conseguiu correr, mas foi perseguido e capturado em seguida.
Os dois fugitivos queriam ir para Viana porque lá era a "base" da facção aqui no Espírito Santo. No local morava uma família que, de acordo com as investigações, fez contato com o bando para que o crime no estilo "novo cangaço" (quando um grupo fortemente armado cerca uma cidade e saqueia bancos) ocorresse.
O delegado Gabriel Monteiro, da Delegacia Especializada de Roubo a Bancos (DRB), destacou que o pai dessa família conhecia criminosos de São Paulo e da Bahia responsáveis por outras invasões a bancos, oito na Bahia e 10 em Minas Gerais. O indivíduo já havia residido em Santa Leopoldina e conhecia bem a região de Tirol, onde os criminosos foram localizados.
"O pai da família estava planejando com esse grupo da Bahia e de São Paulo, facções especializadas em roubo a banco e em outros estabelecimentos. Ele conheceu os indivíduos e planejou durante um ano o roubo no Espírito Santo. Acreditavam haver pouca vigilância", contou.
Segundo o delegado, os criminosos ficaram no Estado por sete dias, na residência da família em Viana, se organizando para a ação. "O pai e o filho deram fuga aos criminosos e levaram até essa região de mata, depois vieram com os veículos e incendiaram em Viana", detalhou. O filho do homem foi, inclusive, o responsável por levar a serra elétrica para cortar a árvore que bloqueou o trânsito no município.
Houve ainda a participação de um cunhado, que carregou combustível e depois escondeu a serra elétrica. Já a mãe da família sabia o tempo todo da ação, segundo o delegado, e também foi presa. A identidade dos familiares ainda não foi informada pela Polícia Civil.
Segundo as investigações, sete pessoas participaram ativamente do ataque em Santa Leopoldina durante a madrugada: cinco da Bahia e dois de São Paulo.
No sábado, três da Bahia e dois de São Paulo foram mortos. Nesta segunda, dois baianos foram presos.
De acordo com o delegado Gabriel Monteiro, quatro dos cinco mortos participaram de um ataque na Bahia, no mês passado, e tinha conseguido fugir de lá após confronto com a polícia. Na ocasião, outros quatro comparsas deles foram mortos. Os que conseguiram sobreviver vieram para o Espírito Santo, mas acabaram mortos também em confronto com a polícia capixaba.
Ainda segundo o delegado, um dos que foram mortos no sábado é um dos ladrões de bancos mais procurado do país. A polícia não passou o nome de nenhum dos criminosos, pois ainda não finalizou o inquérito.
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