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Tortura: adolescente cortou namorada com gilete antes de matá-la no ES

Tortura: adolescente cortou namorada com gilete antes de matá-la no ES

A titular da DHPM, delegada Raffaella Aguiar, disse que o menor tem envolvimento com o tráfico de drogas em Vitória

Publicado em 16 de outubro de 2019 às 16:21

Delegada Raffaella Aguiar, titular da DHPM Crédito: Isaac Ribeiro

“Ele queria realmente ver o sofrimento dela.” A declaração é da titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), delegada Raffaella Aguiar. De acordo com a delegada, o adolescente de 16 anos confessou, com detalhes, como espancou, torturou e matou a namorada Karolini Vitória, 15 anos. Os dois se conheceram em Jardim Tropical, na Serra, em 2017, quando então começaram a namorar. Em agosto daquele ano, ele e um comparsa do tráfico de drogas foram alvos de um tiroteio no bairro Nova Carapina. Após o ataque, o adolescente se mudou para o bairro Santa Marta, em Vitória.

“Eles namoravam desde 2017, mas a família dela era contra. A Karolini mentia para os pais, pegava o ônibus na Serra e seguia para Vitória, onde o adolescente morava. Ele exercia o tráfico em Central Carapina, bairro que foi expulso devido a outros homicídios que tinha praticado. Por isso, não podia voltar na Serra”, explicou a delegada.

Em Vitória, o garoto se tornou gerente do tráfico de drogas com a responsabilidade de controlar a venda de crack. Na manhã do domingo (22), ele acordou cedo e foi às bocas de fumo recolher o dinheiro arrecadado com o tráfico. Ao retornar para casa, pegou o celular de Karolini e viu que ela havia recebido mensagens de outro garoto.

Ele acordou a namorada e a questionou sobre o teor das mensagens. A garota mencionou que havia trocado mensagens com o outro rapaz e afirmou que não tinha traído o namorado. Mesmo assim, o adolescente ficou revoltado e a espancou dentro de casa. Um irmão dele o orientou a parar. Ele cessou as agressões e saiu com a vítima de casa. No caminho, telefonou para um amigo, também adolescente.

Os dois foram para a região de mangue no bairro Joana D'arc, na Capital. No local, o adolescente retomou as agressões enquanto o amigo vigiava a chegada da polícia ou de algum morador dos bairros da região. “Ele contou que como atua com o crack, tinha uma gilete. Ele usou a blusa da vítima para amarrá-la com as mãos para trás e nisso começou a pegar essa gilete e a cortar a vítima inteira para que aquilo causasse um sofrimento intenso a ela”, explicou a delegada.

"Ele deu um tiro na perna da estudante, a atacou com um pedaço de madeira e ainda desferiu vários socos, chutes nela. Só depois que ele viu que ela estava sentindo muita dor, deu o chamado tiro de misericórdia. Tudo isso foi acompanhado de um companheiro dele, no entanto, essa pessoa não praticou os atos de execução"

Delegada Raffaella Aguiar

Titular da DHPM

O corpo ficou o domingo inteiro no local. À noite, preocupado com o encontro do corpo da namorada, ele acionou outro comparsa. Os dois seguiram de carro até o mangue, enrolaram a jovem em um lençol e deixaram o corpo dela às margens da Rodovia Serafim Derenzi. “Depois de tudo isso, ele viveu a vida tranquilamente, como se nada tivesse acontecido”.

Karolini Vitória foi localizada por um vigilante que passou pelo local na manhã do dia 23 de setembro. Segundo a perícia da Polícia Civil, o corpo já estava em adiantado estado de decomposição. Ele tinha duas perfurações de bala e estava com as mãos amarradas.

Karoline Vitoria Souza Nascimento, 15 anos Crédito: Acervo pessoal

DENÚNCIAS ANÔNIMAS

A titular da DHPM, delegada Raffaella Aguiar, disse que denúncias anônimas enviadas pela população contribuíram para o trabalho de investigação do assassinato da adolescente Karolini Vitória, 15 anos, em Vitória. Na manhã desta terça-feira (15), o adolescente foi apreendido em casa. Ele estava com uma nova namorada e um irmão.

Os três foram encaminhados para a unidade policial, mas somente o acusado foi apreendido. No imóvel, a polícia encontrou duas pistolas, sendo uma calibre .380 e outra .40, além de munição, um celular, uma quantia em dinheiro e uma pequena quantidade de droga. Como a vítima foi morta a tiros de pistola calibre .40, a arma apreendida será periciada para identificar se é a mesma que foi usada no crime.

Ele responde por crime análogo a homicídio, com as qualificadoras do feminicídio e impossibilidade de defesa da vítima. Além de apreendido pelo assassinato, o adolescente foi autuado por crime análogo a tráfico de drogas e porte ilegal de arma. A delegada destacou que os demais assassinatos e crimes praticados pelo garoto são investigados em outras delegacias.

“Já de imediato, ouvimos as pessoas próximas da vítima e chegaram muitas denúncias anônimas. Por isso, é tão importante a gente até frisar o instrumento do 181 para que a população continue usando. Isso faz com que nós cheguemos à conclusão mais rápida e eficaz desses crimes tão bárbaros e que vêm assolando a nossa sociedade”

COMPARSAS

O assassinato da estudante segue em investigação. A polícia informou que o adolescente que acompanhou o assassinato e o homem que auxiliou o namorado de Karolini Vitória a carregar o corpo dela para a Rodovia Serafim Derenzi serão responsabilizados pelo envolvimento no homicídio da estudante.

“Com certeza responderão pelos seus atos e não ficarão impunes. Vamos prendê-los. Um dos comparsas, que é adolescente, vai responder por crime análogo a homicídio e o outro, maior de idade, vai responder por fraude processual e corrupção de menor”, explicou o delegado.

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