O traficante Marujo já não está no Espírito Santo. A informação foi divulgada pelo chefe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), delegado Romualdo Gianordoli, na manhã desta sexta-feira (14). Fernando Moraes Pimenta é o chefe do tráfico de drogas do Bairro da Penha e Bonfim, na Capital, e responde diretamente à cúpula da liderança do Primeiro Comando de Vitória (PCV), facção que comanda a região e se estende a vários bairros – não só na Grande Vitória como no interior do Estado.
Segundo a Polícia Civil, Marujo é o responsável por ordenar os ataques a ônibus em Vitória, na última terça (11), após perder um segurança em confronto com a Polícia Militar.
"A informação é de que ele estava realmente aqui (Espírito Santo) e a Polícia Militar quase o prendeu naquele confronto, mas ele já voltou no outro dia. Em meio ao caos, ele acabou se aproveitando para fugir para o Rio de Janeiro", afirmou o delegado ao repórter Diony Silva, em entrevista ao Bom Dia Espírito Santo, da TV Gazeta.
Vitória virou cenário de guerra na terça após a morte de um traficante que fazia a segurança de Marujo, número um da lista dos mais procurados do Estado. O comandante-geral da Polícia Militar do Espírito Santo, coronel Douglas Caus, havia dado um recado para o criminoso.
"Marujo, ou você sai do Estado ou cava um buraco e desaparece, porque mais cedo ou mais tarde a polícia vai te achar, e quando te achar, você que gosta de reagir, o seu caminho já está selado".
"Tem um núcleo central dentro do PCV e o Beto (Carlos Alberto Furtado) — que foi transferido para uma prisão federal no Norte do país — é a principal liderança porque a facção nasceu no Bonfim, no Bairro da Penha e lá ele era uma liderança. Nisso, ele foi formando seus gerentes e seus homens de confiança. Marujo era um deles e um dos únicos que ficaram soltos", contextualiza Romualdo Gianordoli.
"Nós prendemos outros indivíduos como o Dario, vulgo Nenego, que também era da extrema confiança do Beto. Prendemos o Rodolfo, o Guilherme Trindade, vulgo Guigui. O leque vai diminuindo, Marujo vai ascendendo e, hoje, considero ele a grande liderança do PCV, até porque há uma dificuldade de comunicação, ao contrário dessa época de investigações em que havia uma comunicação intensa entre Beto e Marujo, pois hoje Beto está em um presídio federal no Norte do país", explica.
Mesmo no Rio de Janeiro, o delegado explica que Marujo tem controle total do tráfico de drogas no Espírito Santo. "No Rio de Janeiro ele está solto, tem todos os recursos de aparelho celular para controlar tudo o tempo todo, então ele fica 24 horas. A gente já sabe da rotina dele, que ele dorme pouco, não tem horários normais, está sempre acordado pela noite, participa de tudo e do Rio consegue controlar. Pontualmente, ele precisar vir aqui (Espírito Santo) para acertar uma ou outra situação", detalha.
Romualdo Gianordoli avalia que o PCV foi a primeira facção organizada do Espírito Santo, com um surgimento em 2010. "É relativamente nova, quando o Carlos Alberto Furtado (Beto) foi para um presídio federal, teve contato com membros do Primeiro Comando da Capital (PCC) e fizeram um estatuto bem parecido com o da facção paulista. Depois, viraram aliados do Comando Vermelho (CV), no Rio de Janeiro, o que é uma ironia, mas enfim", argumenta.
A partir daí, o PCV começou a comprar drogas, armas, a se abastecer e tomar muitas bocas de fumo sem gastar uma munição sequer. "Eles falavam com o dono da boca: 'olha, você vai vender a sua droga e dar tal porcentagem para a gente, nisso você tem a nossa proteção'. Se o sujeito não aceitasse, acabava perdendo a vida", afirma.
A preocupação, na avaliação de Romualdo, é o objetivo do PCV que consta no relatório telemático divulgado por A Gazeta nesta quinta-feira (13).
O delegado avalia que há uma dificuldade de prender Marujo no Rio de Janeiro, devido à baixa quantidade de operações na localidade, além das restrições para a realização de ações policiais lá.
"Sempre há muita troca de tiros, então são operações pontuais que, por acaso, poderiam pegá-lo. Mas aqui é claro que seria bem mais fácil. A gente consegue fazer mais operações, inclusive parte do relatório mostra que ele dizia que era melhor fugir para o Rio, porque aqui estava muito difícil", destaca.
"A gente só precisa ter um dia de sorte, para pegá-lo. Ele (Marujo) vai ter que ter sorte todas as vezes", finaliza o delegado.
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