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Traficantes suspeitos de matar Fernando Cabeção em Vila Velha são presos

Traficantes suspeitos de matar Fernando Cabeção em Vila Velha são presos

De acordo com a Polícia Civil, os presos lideram o tráfico de drogas de Guaranhuns. As prisões aconteceram em Vila Velha e em Colatina

Publicado em 20 de dezembro de 2021 às 11:14- Atualizado há 3 anos

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Fernando Cabeção foi assassinado a tiros em Vila Velha
Fernando Cabeção foi assassinado a tiros dentro de uma BMW em Vila Velha. (Foto leitor | Montagem A Gazeta)

Três homens foram presos pela Polícia Civil na última sexta-feira (17) suspeitos de terem assassinado a tiros Fernando de Oliveira Reis, conhecido como Fernando Cabeção, um dos condenados pela morte do juiz Alexandre Martins, executado em 2003. A prisão do trio foi divulgada nesta segunda-feira (20).

De acordo com a Polícia Civil, os três suspeitos são considerados lideranças do tráfico de drogas do bairro Guaranhuns, em Vila Velha, e conheciam a vítima há anos. As prisões ocorreram nos bairros Guaranhuns e Xuri, em Vila Velha, e no bairro Columbia, em Colatina.

De acordo com o delegado Tarik Halabi Souki, titular da Delegacia de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vila Velha, Fernando Cabeção morreu em decorrência de desavenças com outros traficantes, geradas devido a novas regras impostas ao tráfico de drogas na região de Guaranhuns.

Aspas de citação

Ele impôs algumas regras e excluiu algumas pessoas, gerando uma animosidade e um racha no grupo de narcotraficantes. Assim, outros líderes locais iniciaram um complô para executá-lo

Tarik Halabi Souki
Delegado titular da DHPP de Vila Velha
Aspas de citação

Morador de Vitória à época, Fernando Cabeção esteve em Guaranhuns no dia do crime para um churrasco na casa do pai. “Ele estava sendo vigiado e quando saiu passou a ser perseguido por cinco indivíduos, três em um carro e dois em uma moto, até parar em um semáforo no início da Terceira Ponte, onde o veículo em que ele estava foi cercado e os suspeitos efetuaram aproximadamente 15 tiros”, revelou.

Ao todo, nove pessoas participaram do crime. "Foram cinco executores, três que ajudaram a vigiar a vítima e um responsável por conseguir os veículos, sendo que os três que vigiaram a vítima são os mentores intelectuais, que planejaram o crime", detalhou Tarik. Entre eles, há amigos de infância e um irmão da vítima.

O parente envolvido no crime tem 42 anos e é o suspeito que foi preso na última sexta-feira em Colatina. Os outros dois detidos têm 22 e 28 anos. Os nomes deles não foram divulgados, em razão da prisão ser temporária. Os seis suspeitos que continuam soltos também já estão com mandado de prisão em aberto.

O CRIME

De acordo com informações da Polícia Militar, o veículo onde estava Cabeção, uma BMW, seguia pela Avenida Doutor Olívio Lira (antiga Avenida Carioca), no sentido Vila Velha-Vitória e, quando parou no sinal de trânsito, nas proximidades do Shopping Praia da Costa, foi fechado por outro veículo. De dentro do carro, os criminosos teriam feito pelo menos 15 disparos. Fernando Cabeção não resistiu aos ferimentos e morreu. Os autores do crime fugiram.

O carro em que Fernando Cabeção estava era dirigido pela mulher dele. Ela não foi atingida pelos tiros, apenas se machucou com os estilhaços de vidro. À polícia, a mulher contou, na ocasião,  que o marido havia saído da cadeia há seis meses.

Além do envolvimento na morte do juiz Alexandre Martins, Fernando Cabeção era apontado pela polícia como líder de uma facção criminosa no bairro Guaranhus, em Vila Velha.

MORTE DE JUÍZ

No dia 24 de março de 2003, o juiz Alexandre Martins de Castro Filho, de 32 anos, foi assassinado com três tiros quando chegava a uma academia de ginástica, em Itapuã, Vila Velha. Ele tinha acabado de estacionar o carro e foi baleado na rua.

Na época, testemunhas contaram que olharam da janela da academia ao ouvirem os tiros e viram pessoas em uma moto atirando. Alexandre integrava a missão especial federal que, desde julho de 2002, investigava as ações do crime organizado no Espírito Santo.

Juiz Alexandre Martins, assassinado em 2003
Juiz Alexandre Martins, assassinado em 2003. (Arquivo | TV Gazeta)

Dez pessoas foram acusadas de participar do crime. Os executores foram Giliarde Ferreira de Souza e Odessi Martins da Silva Júnior, o “Lumbrigão”. Os intermediários foram os sargentos da PM Heber Valêncio e Ranilson Alves da Silva, Fernando de Oliveira Reis, o “Fernando Cabeção”, Leandro Celestino, o “Pardal” - que emprestou a arma usada no crime - e André Luiz Tavares, o “Yoxito” - que emprestou a motocicleta usada pelos assassinos confessos no crime Giliarde e Lumbrigão.

Apontados como mandantes do crime, o ex-policial civil Cláudio Luiz Andrade Baptista, o Calú, foi absolvido, e o juiz aposentado Antônio Leopoldo Teixeira, único acusado que ainda não foi a júri. Já o coronel reformado da Polícia Militar, Walter Gomes Ferreira, ainda está preso.

PAI DE ALEXANDRE MARTINS COMENTOU MORTE DE CABEÇÃO

Após a confirmação da morte de Fernando de Oliveira Reis, o pai do magistrado Alexandre Martins Filho comentou o ocorrido. O advogado, também Alexandre, disse que "todo óbito é lamentável, o dele também, mas ele recebeu o que no final mereceu por toda a vida que ele teve".

Para Alexandre Martins de Castro, o assassino do próprio filho sofreu com as mesmas armas que aplicou nos outros. "Aparentemente ele estava envolvido em um assassinato. Era um traficante, matador. Para ele, a prisão não serviu em nada em termos de ressocialização. Com o currículo criminal que ele tinha e com a gravidade da participação que teve no assassinato do meu filho, não deveria ter estado na rua. A Justiça com 'j' minúsculo deixou ele sair. Às vezes é feita a justiça por vias tortas, ele voltou para o Estado e estava na rua. Eu lamento a morte de qualquer um, mas lamento que ele não tenha pagado mais pela morte do meu filho", disse.

Errata Atualização
20 de dezembro de 2021 às 16:05

Após a publicação desta matéria, a Polícia Civil informou detalhes sobre a prisão dos suspeitos e sobre o crime em coletiva de imprensa. O texto foi atualizado.

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