Dezenove dias após a morte dos irmãos Kauã Salles, de 6 anos, e Joaquim Alves, de 3 anos, em um incêndio na casa onde moravam em Linhares, pelo menos 22 pessoas prestaram depoimento ou foram ouvidas pela Polícia Civil durante as investigações. O caso está sob segredo de Justiça.
Entre as pessoas que prestaram depoimento na 16ª Delegacia Regional do município estão a mãe das crianças, a pastora Juliana Salles, e o pastor George Alves, preso desde 28 de abril no Centro de Detenção Provisória de Viana II, acusado de atrapalhar as investigações, alterar a cena do incêndio e manter contato com testemunhas. Ele é casado com Juliana e é pai de Joaquim.
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Segundo a Polícia Civil, George Alves jogou papéis, livros e outros objetos no local da tragédia, mesmo com o quarto isolado. A polícia acredita que trata-se de uma conduta prejudicial para a coleta de elementos.
Além disso, os depoimentos do pastor também seriam "contraditórios e inconsistentes". Fontes da polícia tratam o caso como complexo devido ao aprofundamento das investigações. Quem comanda as investigações é o delegado Romel Pio de Abreu Júnior, titular da Delegacia de Divisões Penais e Outros (Dipo).
Ao todo, foram realizadas cinco perícias na casa. A primeira foi feita no dia do incêndio, 21 de abril. A última foi no dia 2. Em uma delas, foi feita análise com o reagente luminol, que indicou vestígios de sangue. O sangue encontrado será confrontado com os padrões biológicos das vítimas.
Um carro usado pelo pastor foi apreendido. O Classic, de cor preta, é de um membro da Igreja Batista Vida e Paz, que era liderada por George e Juliana. Foi realizada uma perícia com luminol e depois o automóvel foi devolvido ao dono.
Para auxiliar nas investigações e entender as circunstâncias do incêndio foram recolhidas imagens de câmeras de segurança da rua onde a tragédia aconteceu e de outros lugares que George frequentou após a morte dos meninos, como lanchonetes, hotéis e shopping.
Nesta quarta-feira (9), dois bombeiros que estiveram na casa no dia da tragédia foram à delegacia prestar depoimento. Eles ficaram na unidade policial por duas horas e, na saída, não conversaram com a imprensa. Fontes informaram que novas testemunhas serão ouvidas, e faltam os resultados das perícias para a conclusão do inquérito, mas não há um prazo determinado para isso.
A reportagem procurou a advogada Taycê Aksacki, que faz parte da defesa de George, para saber se foi feito um novo pedido de habeas corpus para o acusado, já que o primeiro foi negado. Ela preferiu não se manifestar.
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