Os 28 tripulantes do navio onde foi encontrada mais de 1,5 tonelada de cocaína continuam no Espírito Santo e só devem deixar o Estado após a Polícia Federal finalizar os exames de DNA e a comparação deles com as digitais colhidas nos pacotes com as drogas colocados na embarcação.
A Polícia Federal confirmou para A Gazeta, na manhã desta terça-feira (7), que o navio com os tripulantes saiu do cais do Porto de Vitória e foi para a área de fundeio, na costa de Vitória e Vila Velha, onde as embarcações geralmente aguardam para entrar no porto.
Segundo a Polícia Federal, a previsão é que a embarcação deixe o Estado na quarta-feira (8). O armador do navio tem a prerrogativa de substituir a tripulação e solicitar seguir viagem, caso os tripulantes não sejam liberados a tempo. A reportagem de A Gazeta questionou a corporação sobre o lugar os investigados ficariam, caso o navio siga viagem sem eles, mas obteve como resposta a afirmação de que o questionamento deveria ser direcionado à agência da embarcação.
"Nós utilizamos um equipamento para coletar as impressões digitais, todos os tripulantes estão tendo as suas impressões digitais confrontadas com as verificadas nos pacotes de drogas. O material genético da tripulação também foi colhido para que a gente tente apontar, sem sombra de dúvidas, quem foi responsável por colocar essa droga no navio", declarou o superintendente da Polícia Federal no Espírito Santo, Eugênio Ricas, na segunda-feira (6).
"A gente pretende não liberar a saída dos tripulantes do Brasil até que a gente tenha o resultado da comparação das digitais e com o material genético. Quem for identificado, certamente, pode ser preso. Quem não for, terá a saída liberada. Mas isso é importante para as investigações, porque depois que essas pessoas são liberadas, saem do Brasil, a gente perde completamente o controle sobre elas", contextualizou Ricas.
A apreensão ocorrida no domingo (5), no Porto de Vitória, vindo de Hamburgo, na Alemanha, é a maior da história do Espírito Santo. A informação foi divulgada na manhã de segunda-feira (6), com base em levantamentos da Polícia Federal e da Receita Federal.
“Até onde nós conseguimos fazer um levantamento, a partir do passado, até agora nós não encontramos nenhum outro caso em que uma única embarcação em portos do Espírito Santo tivesse uma quantidade de droga tão grande como essa apreensão de ontem”, declarou o chefe da Alfândega de Vitória, Douglas Koehler.
“Isso mostra que o Espírito Santo é um Estado onde ocorre uma ação em conjunto que tem a capacidade, possibilidade, meios de desarticular e produzir um impacto tão grande em criminosos. Isso é de um valor enorme. A gente fica falando em peso, mas a tradução financeira disso é altíssima, então é algo que causa bastante impacto dentro do país e para o nosso Estado. Mostra que aqui não é um lugar seguro para fazer tráfico”, prosseguiu.
Apesar de citarem que o volume da droga apreendida representa uma quantia financeira alta, o valor não foi revelado pelas autoridades. Conforme explicado pela Polícia Federal, após a apreensão e finalização da pesagem, a cocaína será incinerada e destruída.
As investigações mostraram que o navio com a cocaína era utilizado em uma rota internacional de tráfico de drogas, que saía do Brasil com destino à Europa. Quando atracou em Hamburgo, na Alemanha, a polícia alemã encontrou 400 kg de cocaína na embarcação.
O navio então voltou ao Brasil e a Polícia Federal do Espírito Santo recebeu a denúncia de que ainda havia mais de 1,5 tonelada do entorpecente escondido, não encontrada pelos policiais alemães. Quando foi atracar no Porto de Vitória, trazendo veículos, os policiais federais e os agentes da Receita fizeram uma varredura e encontraram o restante da droga.
Diferentemente de outras apreensões ocorridas no Estado, quando drogas eram colocadas em cascos ou em caixas de máquinas de navios por mergulhadores, o material foi encontrado no interior da embarcação e foi içado (puxado para cima) por cordas. A região onde a cocaína foi colocada inicialmente no navio não foi informada, mas o superintendente da Polícia Federal no Espírito Santo, Eugênio Ricas, garantiu que isso não ocorreu em território capixaba.
Ricas explicou que, como os entorpecentes foram içados, pode ter havido participação de tripulantes do navio. Por conta disso, todos tiveram as digitais colhidas e não podem deixar o Brasil até que a comparação seja finalizada.
"Pretendemos não liberar a saída dos tripulantes do Brasil até que a gente tenha o resultado das comparações de impressões digitais. Quem for identificado poderá ser preso. Isso é importante porque depois que essas pessoas saem do Brasil, não temos mais controle. Há uma suspeita muito grande que teve participação de algum tripulante para colocar a droga no navio”, pontuou.
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