“Quem a conhecia sabia que ela tinha planos, sonhos e projetos”, disse Eloísa Gomes Techio, cunhada da vendedora Carla Gobbi Fabrete, de 25 anos, morta a facadas enquanto trabalhava em uma loja do Polo de Moda da Glória, em Vila Velha. A vítima estava perto de realizar o sonho de viajar de avião pela primeira vez.
As passagens para a viagem estavam compradas para setembro. “Era o sonho dela viajar de avião. Quando ele fez isso com ela, ele interrompeu os sonhos, projetos”, afirmou Eloísa, em entrevista à TV Gazeta durante o velório da jovem, nesta quarta-feira (12).
Carla foi surpreendida na última segunda-feira (10) por Wenderson Rodrigues de Souza, que se passou por cliente e, em seguida, esfaqueou a jovem no interior do estabelecimento. Ela foi socorrida para o Hospital Estadual de Urgência e Emergência (Heue), em Vitória, mas não resistiu e morreu no dia seguinte.
O corpo de Carla está sendo velado em uma igreja no bairro Cachoeira da Onça, em São Gabriel da Palha, no Noroeste do Espírito Santo, na manhã desta quarta-feira. A família está muito abalada.
Carla era casada e tinha uma filha de dois anos e quatro meses. Segundo Eloísa, uma das vontades da vítima era ter mais um filho. “Ela ia dar outro irmãozinho ou irmãzinha para a minha sobrinha. Ele impediu ela de ver a filha crescer”, contou a cunhada.
Eloísa falou que ela e a família têm tido dificuldade para dormir, porque quando fecham os olhos, surgem pesadelos com a cena do homicídio. “Quando consigo cochilar, eu vejo ela sendo esfaqueada, ou a vejo no chão do banheiro. Acordo assustada. Tento novamente e o pesadelo se repete. Ele causou um trauma na família inteira. Estamos sofrendo muito”, relatou.
Carlos Fabrete, o pai de Carla, pediu justiça e também mais segurança no local onde a filha trabalhava, porque ele não quer que um crime como esse se repita. Para ele, vai ficar a memória de uma filha querida e muito trabalhadora.
“Só Deus mesmo para fortalecer o meu coração. A dor que eu estou sentindo, eu jamais queria ver um pai ou mãe sentir. Estou muito arrasado, é um pedaço meu indo embora, por causa de um marginal que não tem noção. A Carla era muito boa, todo mundo gostava dela. A vida dela foi trabalhar. Muitas mulheres trabalham na Glória, por isso peço por mais segurança. O mundo que vivemos está difícil demais”, relatou.
Wenderson Rodrigues, de 30 anos, está internado sob escolta no Hospital Antonio Bezerra de Faria, em Vila Velha, pois se feriu com a faca utilizada no crime contra a vendedora. Ele foi detido pela guarda a cerca de 500 metros do comércio onde golpeou a mulher, logo após o ataque.
A vendedora trabalhava no centro comercial quando foi esfaqueada diversas vezes. Apenas ela e o suspeito estavam na loja no momento do ataque. Ele é conhecido na região por vender doces vestido de super-herói. A motivação do crime ainda é desconhecida visto que, segundo as investigações preliminares da polícia, não há relação entre os dois.
Lojistas do entorno contaram à reportagem da TV Gazeta que escutaram os gritos de Carla, mas em um primeiro momento acharam ser um assalto. Só após ouvirem pedidos de socorro e virem o homem sair coberto de sangue é que perceberam a situação.
Câmeras de segurança gravaram o momento em que o suspeito se passa por cliente e sai da loja após o crime. As imagens mostram ele rindo enquanto mostra o celular para a vítima na tarde desta segunda-feira (10) e segura um cachorrinho da raça pinscher. Em seguida, ele segue para os fundos do estabelecimento com a funcionária do comércio de produtos eletrônicos. Nesse momento ele desferiu as facadas, segundo a Guarda Municipal.
O vídeo ainda registra quando o homem saiu caminhando calmamente após o esfaqueamento. Do lado de fora, outra mulher, aos gritos, pede socorro desesperada ao ver a cena.
Ao sair da loja, o homem seguiu com a faca usada no crime. A ajuda à funcionária veio de comerciantes do entorno, assim que perceberam os chamados por ajuda. Dois homens e uma mulher foram até o local. Lá, eles viram a jovem ensanguentada já no chão e acionaram o socorro.
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