Moradores do bairro Jesus de Nazareth, em Vitória, relataram e registram imagens de mais um foguetório e barulhos que se assemelham a tiros, na tarde desta quinta-feira (25). Uma foto enviada mostra um grupo no alto do morro, é possível ver um objeto que se assemelha a uma arma sendo apontada para cima nas mãos de um deles.
Em nota, a Polícia Militar se limitou a informar que o patrulhamento na região segue reforçado.
Após esses registros, um grupo — que ainda não se sabe se está ligado ao que aparece no topo do morro — montou barricada na Avenida Beira-Mar e incendiou objetos, como pedaços de pau. Por volta de 17h30, foi possível avistar uma fumaça escura na avenida.
Segundo informações da Guarda Municipal de Vitória, há confirmação de ocorrência próxima ao morro do bairro Jesus de Nazareth, mas não há nenhuma via interditada.
A Secretaria de Estado da Segurança Pública (Sesp) informou, por volta das 19h, que um grupo desceu na Avenida Marechal Mascarenhas de Moraes, em frente ao Instituto Braille, incendiou galhos, jogou na pista e correu.
Segundo informações da TV Gazeta, a situação pela noite está sendo normalizada e parte do material usado para colocar fogo na avenida ainda está na calçada, após ter sido recolhido pelo Corpo de Bombeiros. A ação dos criminosos no local foi muito rápida, descendo do morro e ateando fogo em entulho. A polícia também agiu rápido e conseguiu contornar a situação, sendo que ninguém ficou ferido ou foi preso.
Os acontecimentos no bairro Jesus de Nazareth, de acordo com informações da própria Polícia Militar, tiveram início com um confronto que começou no início na noite dessa quarta (24), quando, por volta das 23h30, houve troca de tiros no bairro. Durante a operação, foram apreendidas armas e rádios comunicadores. No confronto, um homem, que estaria atirando contra a polícia e que teria ligação com o tráfico de drogas, foi baleado e então levado para o Hospital Estadual de Urgência e Emergência (HEUE), mas acabou morrendo.
Em seguida aos primeiros eventos, por volta de 5h30 desta quinta-feira (25), bandidos tentaram colocar fogo em um coletivo na avenida Beira-Mar, em Vitória, quase em frente à sede da Secretaria de Segurança Pública e Defesa Social (Sesp), o que segundo o secretário de Estado da Segurança Pública, Alexandre Ramalho, teria sido uma retaliação à morte registrada. "A PM só agiu no morro porque havia cinco pessoas armadas que não obedeceram às ordens da polícia, um deles atirando contra os policiais. Este indivíduo foi então pego com um revólver, socorrido e não resistiu. Nos bolsos dele havia dinheiro, que tudo indica que seja proveniente do tráfico, na mochila tinha droga e quatro munições deflagradas. O confronto armado é que resultou na morte deste indivíduo", afirmou.
Para a reportagem da TV Gazeta, uma pessoa que preferiu não se identificar, por questões de seguranças, afirmou que os passageiros do ônibus saíram desesperados. "As pessoas saíram correndo. Alguém conseguiu tirar uma estopa que estava no ônibus. Em seguida começou a chegar a polícia", disse.
Pouco tempo depois, a Polícia Militar teve que fechar a avenida, desde a altura da Prefeitura de Vitória até a Praça do Papa, após militares entrarem em um novo confronto com suspeitos. A pista foi liberada por volta das 6h25.
Ainda na sequência dos fatos, no início desta tarde (25) houve barulho de fogos que tomou conta do bairro Jesus de Nazareth. Por volta de 12h30, foi possível escutar um intenso foguetório na região, no alto do morro. Pelo menos oito pessoas foram flagradas com fogos no alto do morro. À ocasião, a PM disse não ter recebido acionamento sobre os fogos e que o patrulhamento na região segue reforçado.
"A mensagem é muito clara para os pais e esses criminosos: a Polícia chegou, é arma no chão e mão na cabeça. Todos os direitos deles serão preservados. Estamos falando de uma polícia legalista. Serão encaminhados para a delegacia e depois responderão na Justiça. Nossa ação na comunidade é para proteger as pessoas dignas, honestas, trabalhadoras, que clamam por segurança", declarou Ramalho.
No final da tarde, houve registro de mais de um minuto de queima de fogos.
Foguetórios desse tipo já foram noticiados várias vezes. O secretário Alexandre Ramalho comentou que o combate ao tráfico exige a união de outras forças, como a do Legislativo, que é responsável pela definição das leis.
A TV Gazeta procurou o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso, para tratar do assunto. No entanto, a assessoria informou que ele não gravaria entrevista e indicou o deputado Luiz Durão, que está de atestado médico e o vice está viajando.
O vereador mais votado em Vitória, Denninho Silva, disse à TV Gazeta que acredita que no âmbito municipal o Legislativo precisa cobrar investimentos em projetos sociais. "União com o poder público, com a PM, comerciantes e associações de moradores. Se essas comunidades que vêm sofrendo com o tráfico tivesse apoio do poder público estadual e municipal de levar oportunidades como projetos profissionalizantes, de área cultural e social também, tenho certeza que o índice de tráfico reduziria em 90%", afirmou.
O senador Fabiano Contarato disse concordar com a visão de Denninho Silva e afirmou ser necessária uma revisão das leis. "É necessário a gente refletir sobre quais são as condutas que nós não queremos permitir a liberdade dessas pessoas até que sejam julgadas. Se não vamos abarrotar o sistema prisional. E temos que entender o que está por trás da criminalidade e o Legislativo está aqui para editar leis e para fiscalizar o Executivo, assim contribuindo com as políticas públicas", afirmou.
Em entrevista ao vivo para o repórter Tiago Félix, para a TV Gazeta, o secretário de Segurança Pública, o Coronel Alexandre Ramalho, afirmou que os criminosos têm afrontado a sociedade capixaba quando as ações ilegais deles são atingidas pelo Estado.
"Desde ontem (24) estamos com ações contundentes em Jesus de Nazareth, houve um confronto armado, um criminoso foi morto, arma apreendida e droga. Estamos atuando muito forte e eles agem contrariamente a nossa ação. Continuaremos no mesmo tom contra criminosos e homicidas, não permitindo que as ações atinjam a sociedade neste momento tão difícil. A segurança foi reforçada e está atenta o tempo todo. Tentaram colocar fogo em dois ônibus hoje, mais um da madrugada seriam três, estamos o tempo todo monitorando", disse.
Ramalho reitera que o protesto de hoje é por conta do rapaz durante a madrugada. "Todas as atuações da PM estão firmes contra o tráfico. Continuaremos no mesmo tom para proteger as comunidades. Estamos nos desdobrando em fiscalizações da Covid-19 e para atender lamentavelmente esse tipo de ocorrência de criminosos", acrescentou.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta