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Vídeo de detentos tocando Legião Urbana divulga projeto de presídio no ES

Vídeo de detentos tocando Legião Urbana divulga projeto de presídio no ES

Vídeo em que detentos tocam a música "Tempo Perdido" viralizou e tem ajudado a divulgar o projeto de musicalização realizado dentro de unidade prisional em Cachoeiro de Itapemirim, região Sul do Estado

Publicado em 27 de maio de 2019 às 17:36

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São através de acordes simples, por meio de aulas de violão, que 48 internos do Centro de Detenção Provisória de Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, têm uma oportunidade de dar novo ritmo à vida. Há cerca de dois anos, um dos internos propôs aulas de musicalização. A iniciativa teve o apoio dos funcionários e, desde então, mais de 400 já passaram pelo projeto.

As aulas acontecem todos os dias, em turnos matutinos e vespertinos, em grupos de no máximo 13 internos em uma sala reservada para o Projeto Nova Canção – uma forma de aproximar e melhorar a relação entre servidores e internos. Todos os instrumentos, desde as caixas de som e a manutenção dos violões chegam até a unidade por meio de doações.

Quem também se doou foi o inspetor Wallace Ferreira de Oliveira, que atua na unidade desde 2012. Ele oferta seus conhecimentos como professor do projeto. “Em julho de 2017 houve a proposta de um interno para dar aula de violão. Conversamos com o diretor Ivan e ele aceitou. Começamos no parlatório, onde acontecem as visitas, com quatro, cinco alunos. E foram vindo mais internos, mais pedidos e vimos a necessidade de fazer uma sala. De quatro, fomos para 12 alunos por galeria, que é hoje a quantidade de violões que temos”, revela.

Antes da aula, independente da crença, o momento é de religiosidade. Mas, é na música que a mudança acontece, avalia.

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Eles precisam de oportunidade. O violão é uma pequena coisa, mas quando chamo um deles, é uma felicidade. Temos um estudo bíblico antes das aulas, conversamos muito, eles se abrem e a música relaxa. É uma forma que conseguem ficar com disciplina. Acabam levando o exemplo para a cela

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REPERCUSSÃO

Apesar de o projeto ter sido desenvolvido há quase dois anos, foi depois da divulgação de um vídeo na área externa do CDP que a iniciativa começou a ser reconhecida. Nas imagens, um grupo toca a canção "Tempo Perdido", da banda Legião Urbana. O diretor da unidade prisional, Ivan Lopes, conta que a primeira postagem nas redes sociais rendeu mais de 60 mil visualizações e muito reconhecimento.

“Desenvolvemos o projeto através de doações. Novos internos e antigos podem participar. Hoje, o balanço que fazemos é de que a música em si, ajudou muito os internos, falo no comportamento, aos próprios presos no convívio entre eles e seus familiares. Nos finais de semana sempre somos cercados por familiares falando da transformação que houve com seu filho, então, isso para gente é de grande alegria".

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É possível mudar. A prova disso está aqui

Diretor da unidade prisional
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Atualmente a unidade prisional, que fica no bairro Coronel Borges, comporta 653 internos. De acordo com diretor Ivan Lopes, os internos já se apresentaram para os familiares quando há visitas premiadas – dadas aos internos a cada seis meses – e até em visitas a autoridades na unidade.

INTERNO FALA SOBRE O PODER DE TRANSFORMAÇÃO

(Beatriz Caliman | GZ)

As aulas têm o auxílio de três monitores que cumprem pena na unidade prisional. Há um ano e dois meses no projeto, Wanderson Nunes da Silva, passou por momentos difíceis na unidade e revela que o projeto hoje faz diferença em sua vida. De interno com mau comportamento, ele se transformou em monitor e multiplica a técnica com os alunos.

Por que entrou no projeto?

Entrei na unidade em um momento muito difícil, perdi minha filha e ouvia falar do projeto e queria ter oportunidade, amenizar um pouco da dor que estava sentindo. Até então a unidade não tinha nada a me oferecer. Pedi uma oportunidade e me agarrei a ela.

No que a música te ajudou?

Quando entrei, teve muitas críticas. Foi difícil pois sempre parava na triagem por indisciplina. Hoje, tenho disciplina, respeito, educação e ajudo de segunda a sexta outras turmas. Tocamos muito louvores. Isso traz mansidão, traz a liberdade espiritual e a pensar melhor neste momento.

Internos de unidade prisional de Cachoeiro durante aula de música. (Beatriz Caliman | Gazeta Online)

Pretende continuar tocando quando sair?

Pretendo levar isso para o resto da minha vida. Sou uma outra pessoa, a forma de pensar, agir e respeitar. Minha família, só no olhar sabe que estou bem.

Vocês ficaram sabendo que o vídeo viralizou nas redes sociais. Como foi receber esta notícia?

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Isso trouxe para nós mais força pelo esforço que estamos tendo e não está sendo em vão. É algo que está mudando vidas aqui dentro e repercutindo lá fora.

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