Uma paciente do ginecologista Gedison Luis Gonçalves relatou momentos de abuso sexual que teria sofrido durante uma consulta com o médico em São Mateus, no Norte do Espírito Santo. Aterrorizada, a vítima contou, em detalhes, como foi assediada pelo profissional. O homem foi preso na manhã desta sexta-feira (6).
O relato da vítima foi feito em entrevista à repórter Rosi Bredofw, da TV Gazeta Norte. A mulher contou que demorou para perceber que estava sendo assediada. “No início, eu não consegui identificar porque fiquei em choque. Ele pediu para eu tirar a minha roupa e, quando eu tirei, ele falou: ‘Vem aqui, dê uma volta. Nossa, você está muito bem. Nem parece que é mãe’”, contou, abalada.
A mulher, que preferiu não se identificar, contou que após esse momento os abusos só foram piorando. Ela descreveu um diálogo que teve com o ginecologista. “Ele me pediu para deitar na maca. Eu deitei, virei o rosto para o lado da parede e ele começou a falar". Confira trechos do diálogo, segundo relato da vítima:
Após esse diálogo, a paciente relata que o médico foi além. “Ele tirou a máscara e passou a língua nos meus seios. Eu coloquei o braço nos seios e ele passou a língua nas minhas partes íntimas".
A delegada Gabriella Zaché informou que outras duas mulheres, que não se conhecem, já foram ouvidas pela polícia. Elas contaram que os assédios teriam ocorrido em consultas realizadas entre os anos de 2019 e 2021.
Ainda segundo a delegada, os relatos das vítimas são muito semelhantes e o número de mulheres pode aumentar. Outras 20 mulheres podem ter sido vítimas de assédio por parte do ginecologista.
O médico foi preso na manhã desta sexta-feira, quando saía de casa para trabalhar, em cumprimento de mandado de prisão preventiva, e foi encaminhado ao Centro de Detenção Provisória de São Mateus (CDPSM). Segundo a delegada, o médico prestou depoimento e negou as acusações.
Na tarde desta sexta-feira, a defesa do médico encaminhou nota à reportagem. Segundo o advogado Glauber dos Santos Silva, a prisão "ocorreu de forma precipitada e sem qualquer fundamento legal que a justifique".
" A [prisão] deu-se única e exclusivamente com base em apenas depoimentos pessoais, sem a existência de qualquer tipo de prova pericial que comprove ou justifique-a. O médico há 18 anos não possui qualquer ato na sua vida pregressa que macule a sua conduta, seja na esfera pessoal ou profissional, afirma ainda ser inverídico as acusações a si impostas, o que será esclarecido. Importante dizer que o caso em tela trata-se apenas de Inquérito Policial e não existe nenhuma acusação formal em desfavor do acusado, e por se tratar de caso em que foi decretado o sigilo judicial não há como trazer mais informações para não prejudicar o andamento das investigações. Em havendo a formulação de uma denúncia por parte do Ministério Público a defesa adotará as medidas cabíveis para provar a inocência do acusado", informou, por meio de nota.
O Conselho Regional de Medicina do Espírito Santo (CRM-ES) informou que vai abrir sindicância para apurar os fatos. "Até o momento, o Conselho não recebeu denúncia formal contra o médico, mas, diante da denúncia veiculada na imprensa, abrirá sindicância sobre o caso". A reportagem de A Gazeta entrou em contato com a Polícia Civil para saber quais procedimentos foram adotados contra o médico e quais os próximos passos da investigação, mas ainda não obteve retorno.
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