Um vídeo divulgado pela Polícia Civil mostra como era feita a adulteração das cervejas falsificadas apreendidas em um galpão de Vila Velha, nesta segunda-feira (13) por equipes da Delegacia Especializada de Defesa do Consumidor (Decon). Durante a ação, oito pessoas foram presas. Além das prisões, foram apreendidas quase 30 mil garrafas de cerveja que estavam chegando para serem adulteradas, além de mais de 2 mil garrafas de cerveja já falsificadas e prontas para venda.
Na gravação, é possível ver o processo para falsificação do rótulo. O criminoso tira a tampa da cerveja de preço mais barato com uma ferramenta e troca por uma de uma marca tradicional do mercado capixaba. Em seguida, ele usa uma cola para trocar os rótulos das garrafas.
A operação foi feita a partir do cumprimento de mandado de prisão expedido pela 6ª Vara Criminal de Vila Velha. As cervejas que, segundo o delegado Eduardo Passamani, titular da Decon, eram de marcas tradicionais, e que eram vítimas do crime, estavam dentro de um caminhão.
“Durante as diligências, localizamos duas mil garrafas já falsificadas e pontas para venda. No local, também foram apreendidos materiais para falsificação, como rótulos, tampas, colas e lacres. Eles estavam usando falsificações de marcas tradicionais e bastante conhecidas”, contou o delegado.
De acordo com Passamani, a investigação durou alguns meses e chegou até o galpão onde estavam sendo armazenadas as cervejas adulteradas. Os criminosos compravam a cerveja, de uma marca desconhecida dos capixabas, a preços baratos - cerca de R$ 1,20 por garrafa - na cidade de Londrina, no Paraná, e traziam para o Espírito Santo.
"Quando ela chegava no galpão, ela era espalhada, existia uma série de trabalhadores que faziam a adulteração deste produto. Esse produto era mudado o rótulo, era lavado e eram colocadas duas marcas tradicionais. Depois que era embalado, limpo, era colocado no mercado capixaba e distribuído", disse.
Passamani pontuou que ainda não se sabe para onde essas cervejas adulteradas eram distribuídas, mas ele acredita que em torno de 120 mil garrafas adulteradas por mês saíam do galpão e entravam no mercado capixaba.
Os dois mentores da quadrilha, que já foram identificados conforme o delegado, moram no Rio de Janeiro, mas são do Rio Grande do Sul e do Tocantins. O primeiro, inclusive, já foi preso no Espírito Santo por envolvimento com formação de quadrilha e relação de consumo. Os outros trabalhadores eram captados fora do Estado e apenas o motorista do caminhão era capixaba.
O delegado Eduardo Passamani afirmou que, por conta das condições sanitárias nas quais eram manipuladas e estocadas as garrafas de cerveja, o consumo da bebida pode, sim, trazer risco à saúde do consumidor.
"Quando uma garrafa era aberta, e eles abriam a garrafa para tirar a tampa original e substituir pela falsificada, quando ela é aberta em um galpão sem nenhuma condição sanitária, isso pode repercutir, sim, em risco à saúde do consumidor. Foi periciado o local e foram apreendidas algumas amostras para que a gente encaminhasse ao laboratório da Polícia Civil e ao Lacen", disse.
Passamani alertou que o galpão utilizado pelos criminosos era totalmente insalubre. Havia muito lixo no chão e as garrafas eram lavadas em tanques e caixas d'água, sendo, então, estocadas em locais que não possuíam condições sanitárias para isso.
"Tratava-se de um galpão fechado, sem fachada nenhuma, para não chamar a atenção de ninguém. Todo início de semana eles chegavam com um caminhão carregado proveniente de Londrina com a cerveja que seria usada para adulteração. Só era aberto o galpão no momento em que eles chegavam com o caminhão. Lá dentro, as condições eram totalmente insalubres. As garrafas eram lavadas em tanques e caixas d’água, o local era cheio de lixo, porque era feita a raspagem da rotulagem, o chão era sujo, estavam armazenadas em qualquer lugar", completou o delegado.
Este galpão, segundo os oito homens que foram presos na operação, funcionava como ponto de adulteração de cervejas. Eles confessaram o crime e foram autuados em flagrante por falsificação de bebidas, concorrência desleal, venda de produto impróprio ao consumo e associação criminosa. O grupo foi levado ao Centro de Triagem de Viana (CTV).
A reportagem tenta contato com a Ambev e a Cerveja Acerta, vítimas do esquema de falsificação de cerveja, e, assim que houver retorno, este texto será atualizado.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta