> >
Vítima de motorista de aplicativo foi mantida em cárcere em hotel no ES, diz polícia

Vítima de motorista de aplicativo foi mantida em cárcere em hotel no ES, diz polícia

Delegado afirmou que homem extorquiu senhas de cartão da vítima e fez saques e compras que deram um prejuízo de R$ 6 mil. Até ser preso, ele continuou trabalhando como motorista

Publicado em 13 de agosto de 2021 às 12:44- Atualizado há 3 anos

Ícone - Tempo de Leitura min de leitura
Viatura da Polícia Civil do Estado do Espírito Santo
Viatura da Polícia Civil do Estado do Espírito Santo. (Carlos Alberto Silva)

A mulher que foi sequestrada por um motorista de aplicativo no mês de junho, em Vila Velha, ficou em cárcere privado em um hotel, foi agredida e vítima de extorsão durante o crime. As informações foram passadas pela Polícia Civil em coletiva de imprensa realizada nesta sexta-feira (13). O homem foi preso na última terça (10).

O caso aconteceu na noite de 16 de junho deste ano, após a vítima, de 59 anos, pedir um carro do aplicativo 99 Pop na saída de um supermercado. A filha da mulher recebeu um áudio da mãe pedindo ajuda, dizendo que estava sendo levada pelo motorista de aplicativo para outro lugar. Ela voltou para casa no outro dia, por volta das 6h, em estado de choque.

Áudio da vítima enviado para a filha na época do crime

O delegado José Lopes, superintendente de Polícia Especializada, explicou como o crime ocorreu. Segundo ele, logo após pegar a cliente no supermercado com as compras, o motorista mudou o trajeto e pegou uma mulher no caminho, que seria a comparsa. A partir daí, a dupla levou a vítima para um hotel e lá a mantiveram em cárcere.

O delegado-chefe da Polícia Civil, José Darcy Arruda, e o superintende de Polícia Especializada, delegado José Lopes
O delegado-chefe da Polícia Civil, José Darcy Arruda, e o superintende de Polícia Especializada, delegado José Lopes. (Divulgação / Polícia Civil ES)

“O homem chegou com o veículo, um Ford Ka, colocou as compras no porta-mala e seguiram viagem, em tese, para o destino dela. A vítima achou estranho que ele travou as portas do carro. Quando ele mudou o trajeto, ela se apavorou e fez uma mensagem de voz para a filha, dizendo que estava achando estranho. Mais adiante, ele pegou uma comparsa e os 3 foram para um hotel da região. Lá, ele manteve essa senhora em cárcere, a agrediu várias vezes para que ela desse a senha”, contou.

Ainda de acordo com o delegado, enquanto a comparsa vigiava a vítima, o homem saía para fazer compras e saques de cartão, causando um prejuízo de R$ 6 mil. Somente às 5h, eles saíram do hotel e o homem deixou a senhora no bairro Itapuã. Em estado de choque, a vítima não queria falar sobre o que passou para ninguém.

“Ela ficou tão desesperada, que chegou em casa e não falou nada com ninguém, no estado de nervos que estava. Ficou com medo, porque ele ameaçou que iria matá-la. Por isso, ela não queria ir nem à delegacia. A Polícia Militar foi acionada, mas não conseguiu localizar o veículo. A vítima então foi até a delegacia regional, mas não queria, pois estava desesperada. Ela fez a ocorrência, mas sem muita informação, pois estava em choque”, contou o delegado.

No mesmo dia, a Delegacia Antissequestro (DAS) começou o trabalho de inteligência e investigação. Logo, identificaram o veículo e o suspeito de ser o autor do crime. O homem de 35 anos utilizava o carro do pai para trabalhar como motorista de aplicativo. O suspeito tem passagens pela polícia por dirigir embriagado, furto e vários boletins de lesão corporal e ameaça contra familiares, segundo o delegado.

A PRISÃO

Depois de todo o trabalho de investigação, o homem foi preso na última terça-feira (10) no bairro Ilha dos Bentos, em Vila Velha. Ele foi conduzido junto com uma irmã e o veículo utilizado no crime. “Na frente da irmã, ele confessou o crime. A única coisa que não disse foi quem era a comparsa. E a senhora, com muito medo, não passou muitos detalhes. Ele confessou o crime, mas alega que não agrediu. Mas nós sabemos que ele a agrediu”, disse. A mulher que teria agido como comparsa ainda não foi localizada. A polícia continua com as investigações.

Segundo o delegado, o homem continuou trabalhando como motorista de aplicativo durante este período. Ele acredita que outras pessoas podem ter sido vítimas e, assim como a senhora, ficaram com medo de denunciar o suspeito. “O importante é que podem haver outras vítimas que, com medo, não comunicaram a polícia. Podem ligar para o Disque-Denúncia 181”, destacou.

O homem está preso temporariamente, por 30 dias. “Ele encontra-se preso temporariamente. Seria interessante que ele ficasse preso por mais tempo ainda. Ele pode pegar uma pena de até 10 anos”, concluiu o delegado.

O QUE DIZ A EMPRESA

Em nota, a 99 lamentou profundamente o caso e garantiu que o motorista já foi banido do aplicativo. "Assim que tomamos conhecimento, realizamos a suspensão dele e mobilizamos uma equipe que esta tentando contato para oferecer o suporte necessário à vítima", informou.

A empresa também disse que "acompanha a avaliação de qualidade dos condutores e promove as medidas cabíveis em caso de comportamentos que violem as políticas de uso". Assim como afirmou que existe um protocolo rígido para admissão, inclusive com checagem de antecedentes criminais.

Errata Atualização
13 de agosto de 2021 às 19:25

A 99 enviou uma nova nota sobre o caso e disse que o motorista foi suspenso do aplicativo assim que soube da denúncia, em junho.

Vítima de motorista de aplicativo foi mantida em cárcere em hotel no ES, diz polícia

Este vídeo pode te interessar

Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem

Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta

A Gazeta integra o

The Trust Project
Saiba mais