Foram identificadas ao menos sete vítimas de erros cometidos em procedimentos estéticos realizados por um biomédico de 39 anos, administrador de uma clínica na Enseada do Suá, em Vitória, indiciado por lesão corporal gravíssima, exercício ilegal de medicina e por estelionato. Uma das vítimas, uma mulher que se identificou como Alessandra, conversou com a TV Gazeta e contou como foi a procura pela clínica. O nome do biomédico não foi divulgado, mas A Gazeta apurou que trata-se de Ricardo Corteletti.
Alessandra foi atendida pelo biomédico em 2021 e passou por um procedimento estético. Em entrevista por telefone à repórter Vívia Lima, da TV Gazeta, a vítima contou que conheceu a clínica por meio de uma rede social.
A rede social, conforme citado pela vítima, era mesmo uma ferramenta essencial do negócio. De acordo com o titular do 3º Distrito Policial de Vitória, delegado Diego Bermond, o biomédico investia em ferramentas para atrair mais clientes. "Ele se identificava como CEO e tinha uma clínica luxuosa, além de ter um marketing muito forte no Instagram. Ele usava tudo isso para ter credibilidade e aplicar golpes", explicou o delegado.
Alessandra, vítima do biomédico, contou como identificou os problemas no rosto após o procedimento: "Depois de retirar os pontos, os problemas apareceram. O rosto ficou inchado, apareceram nódulos", relatou.
A clínica administrada pelo profissional fica no bairro Enseada do Suá, em Vitória, e funciona pelo menos desde 2020. Segundo apuração da Polícia Civil, sete pacientes já prestaram depoimentos à corporação relatando problemas causados pelos procedimentos estéticos.
De acordo com a Polícia Civil do Espírito Santo, o biomédico estava com o registro suspenso desde o mês de maio. Em seis meses, até novembro, quando foi alvo da polícia, ele realizou aproximadamente 600 atendimentos ou procedimentos. O mandado de busca e apreensão contra o biomédico foi cumprido no dia 27 de novembro, mas as informações foram divulgadas nesta terça-feira (10).
Outra paciente chegou a pagar a quantia de R$ 20 mil para realizar dois procedimentos estéticos. A mulher relatou ter procurado a clínica para fazer dois procedimentos: lifting e blefaroplastia. A Polícia Civil ressalta que foram provocadas lesões de natureza grave, ou seja, com dano irreversível.
Além da Polícia Civil e do Conselho Regional de Biomedicina, houve integração com a Vigilância Sanitária de Vitória. Após o início da investigação, o biomédico foi proibido de atuar. A clínica chegou a ter duas salas interditadas pela Vigilância Sanitária, mas teve o funcionamento total retomado após fazer adequações.
A Polícia Civil promete continuar investigando o biomédico e deve continuar ouvindo vítimas que se queixem de serviços prestados pela clínica.
A reportagem de A Gazeta procurou a defesa do biomédico Ricardo Corteletti, alvo de operação da Polícia Civil. Em nota assinada pela Juk Cattani Sociedade de Advogados, a defesa afirma que o profissional trabalha "dentro dos limites" e que não há processo com trânsito em julgado contra ele.
Informamos que o profissional investigado sempre trabalhou dentro dos limites de sua profissão, tendo uma clínica multidisciplinar na qual outros profissionais atuam e realizam procedimentos de suas competências.
Não há nenhum processo transitado em julgado ou sequer com sentença que comprove atuação ilegal do profissional, que age com boa-fé e probidade, obedecendo ao código de ética de sua profissão.
Convém destacar, ainda, que foi arquivado recentemente processo relativo ao exercício profissional por não haver nenhuma prova de qualquer atuação ilegal.
Juk Cattani Sociedade de Advogados
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