"Peço a vocês, mais uma vez, vizinho, liga para a polícia. Não precisa se identificar". O apelo emocionado é de Quetzia Braz, que agora precisará aprender a conviver com a dor e a saudade. Quetzia é irmã de Celina Conceição Braz, de 25 anos, espancada até a morte pelo marido, dentro casa, na noite da última sexta-feira (12), em Cariacica.
Celina foi morta no Dia dos Namorados. O marido, Rodrigo Costa da Silva, foi preso pela polícia no dia seguinte. Antes de morrer, Celina gritou por ajuda. A residência do casal fica localizada em um terreno com outras casas. O proprietário das casas recebeu ligações e mensagens de outros inquilinos reclamando do barulho da briga do casal. Nos áudios enviados para o homem, é possível ouvir gritos de Celina. Ninguém, no entanto, chamou a polícia.
Esqueça aquele velho ditado que diz que "em briga de marido e mulher não se mete a colher". Quem presencia uma agressão, deve denunciar. E se você tem medo, saiba que é possível fazer isso sem colocar a sua própria vida em risco. A delegada Michelle Meira, gerente de Proteção à Mulher da Secretaria de Segurança Pública do Espírito Santo (Sesp), diz que o 190 é uma importante ferramenta, e que a sociedade precisa se engajar no combate à violência contra a mulher.
"O limite que a gente tem para se meter na briga alheia, é aquele que não traz para gente nenhum risco de morte. Se você não pode intervir, pessoalmente, você deve chamar a autoridade responsável para que aquele ato cesse. Você está vendo que a violência está acontecendo, é importante ligar para o 190, a autoridade policial irá até o local", afirma a delegada.
O Disque-Denúncia, 181, é outra ferramenta importante. Não é necessário se identificar e, além da ligação, é possível fazer a denúncia pela internet. As mulheres que precisarem de medidas protetivas poderão fazer a solicitação por meio do site www.defensoria.es.def.br, no link medida protetiva.
"A gente tem o canal do Disque-Denúncia para quem está vendo que a mulher sofre uma violência. A pessoa pode fazer uma ligação para o 181 ou pela internet no site do Disque-Denúncia. A mulher também pode comparecer à delegacia de polícia, fazer o boletim de ocorrência, pedir a medida protetiva. Ela vai ser incluída no programa Maria da Penha, em que a polícia militar vai até a casa dela verificar se a medida protetiva está sendo cumprida. Todas essas medidas são importantes para que a gente possa colocar à disposição dela todo o aparato estatal, todas as políticas públicas que são desenvolvidas para protegê-la", reitera a delegada.
As mulheres vítimas de violência doméstica também podem receber atendimento psicológico gratuito por telefone durante a pandemia do novo coronavírus no Espírito Santo. O atendimento é realizado por ligação ou mensagens instantâneas em cinco números diferentes, que estarão com psicólogas voluntárias. Qualquer mulher que for vítima de violência pode entrar em contato, independentemente se ela já tenha ou não denunciado. Caso a mulher não tenha créditos para ligar, a ligação pode ser feita a cobrar. Nesses casos, a psicóloga vai desligar a ligação e retornar para o número que fez o contato.
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