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1° secretário da Assembleia, Dary Pagung permanece como líder de Casagrande

1º secretário da Assembleia, Dary Pagung permanece como líder de Casagrande

Homem de confiança de Casagrande, Dary será um dos responsáveis, como 1º secretário, por dar aval aos atos da Mesa Diretora. E ainda vai orientar a base do governador nas votações

Publicado em 2 de fevereiro de 2021 às 18:50- Atualizado há 3 anos

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Governador Renato Casagrande recebe novos membros da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do ES
Governador Renato Casagrande recebe novos membros da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do ES. (Helio Filho/Secom)
Rafael Silva
Repórter de Política / [email protected]

O líder do governo na Assembleia Legislativa do Espírito Santo – deputado que é visto, tradicionalmente, circulando pelo plenário em interlocução com os colegas durante as votações – será novamente o deputado estadual Dary Pagung (PSB). No entanto, a partir deste mês, o parlamentar vai se dividir entre a defesa do Executivo na Casa e a cadeira de 1º secretário da Mesa Diretora.

Reconduzido na última terça-feira (1) à liderança do governo, em uma reunião entre a nova Mesa e o governador Renato Casagrande (PSB), Dary será o segundo a ocupar as duas funções – a liderança e um cargo na Mesa Diretora – ao mesmo tempo. Até 2015, essa prática era proibida.

Antes, deputados não podiam ser líderes partidários ou fazer parte de comissões se ocupassem cargos na Mesa. A regra foi revogada após a aprovação de uma resolução de autoria do então 1º secretário, Enivaldo dos Anjos (PSD). Assim, Enivaldo presidiu uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) enquanto exercia o cargo de secretário.

Além de Dary, Marcelo Santos (Podemos) também chegou a acumular a liderança do governo e uma função na Mesa Diretora, durante os últimos meses de 2018, quando era líder do então governador Paulo Hartung (hoje sem partido) na Assembleia.

QUEM É DARY PAGUNG

Considerado um deputado discreto, Dary entrou na Assembleia em 2008, como suplente do deputado estadual Elion Vargas (na época no PRP), que renunciou para se tornar promotor de Justiça em Alegre. Formado em Direito e natural de Baixo Guandu, Dary, que era vereador antes de chegar à Assembleia, foi galgando posições mais importantes.

Em 2013, chegou à Comissão de Finanças, uma das mais importantes do Legislativo. Lá, ele teve algumas discussões com deputados mais experientes, mas se consolidou no cargo, onde ficou até fevereiro de 2019. A Comissão de Finanças passou a ser presidida por Euclério Sampaio (DEM) a partir de então e Dary ocupou a presidência da Comissão de Defesa do Consumidor, de menor importância na Casa.

A aproximação com Casagrande começou em junho de 2019, quando deixou o PRP, que não atingiu a cláusula de desempenho (não obteve o número mínimo de votos para a Câmara dos Deputados), e entrou no PSB, partido do governador. Dary chegou à liderança de governo somente em 2020, de forma interina.

Dary Pagung, deputado estadual pelo PSB
Dary Pagung: deputado estadual começou a se aproximar de Casagrande em 2019, após se filiar ao PSB. (Lissa de Paula/Ales)

Era um dos momentos mais tensos entre Casagrande e o presidente da Assembleia, Erick Musso (Republicanos). Em novembro de 2019, Erick antecipou em 14 meses a eleição da Mesa Diretora, após coordenar a aprovação de uma mudança na Constituição Estadual para viabilizar a manobra. E conseguiu ser reeleito em uma  votação relâmpago, pegando o Palácio Anchieta de surpresa. Após contestações jurídicas, o próprio Erick e os deputados que protagonizaram o movimento recuaram e cancelaram o resultado da votação

Uma consequência do episódio foi a mudança na liderança do governo. Saiu Enivaldo dos Anjos (PSD) e entrou Freitas (PSB). O socialista é suplente da coligação que elegeu Bruno Lamas, também do PSB. Lamas estava licenciado, era secretário de Estado. Quando retornou à Assembleia, em abril de 2020, Freitas teve que sair. E foi aí que Dary, então vice-líder do governo, entrou em cena, liderando interinamente. Foi efetivado na liderança apenas em julho do ano passado.

Enquanto o governo Casagrande buscava um nome, já no final de 2020 e em janeiro de 2021, para suceder Erick na presidência, os deputados Coronel Quintino (PSL) e Marcelo Santos (Podemos) surgiram como opções, mas, por diferentes fatores, essas ideias não vingaram. Dary então passou a ser tratado como uma possibilidade para comandar a Casa. Ele chegou a recolher assinaturas de apoio entre colegas em janeiro, mas Casagrande optou pelo consenso e apoiou Erick Musso. Em contrapartida, as principais posições da Mesa Diretora e das comissões ficaram com aliados do governo.

Para que atos da Mesa Diretora tenham valor legal, além de contar com a assinatura do presidente da Casa, devem passar a exibir também o endosso do 1º ou do 2º secretário. Dary, portanto, está em um cargo de relevo que envolve não apenas burocracia, mas equilíbrio de poder entre Legislativo e aliados do Executivo. Isso se Erick cumprir uma "promessa de campanha" e colocar em pauta a revogação da resolução que dá “superpoderes” ao presidente e hoje o autoriza a publicar atos sem a assinatura dos secretários.

BLOCÃO DAS COMISSÕES

Além dessas funções, Dary também lidera o bloco que define a formação das comissões temáticas da Assembleia. Alguns postos já estão informalmente definidos. Aliados do Palácio devem comandar dois dos principais colegiados, o de Constituição e Justiça e o de Finanças.

REUNIÃO COM O GOVERNADOR

Em uma reunião rápida, a nova Mesa Diretora da Assembleia esteve na segunda-feira (1) com o governador Renato Casagrande para uma conversa informal no Palácio Anchieta. Casagrande parabenizou Erick Musso e cumprimentou os demais membros da Mesa. Neste primeiro encontro após a reeleição, participantes da reunião disseram que a conversa foi amistosa. Governador e parlamentares não trataram de novos projetos ou votações.

Governador Renato Casagrande recebe novos membros da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do ES
Governador Renato Casagrande recebe novos membros da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa do ES. (Helio Filho/Secom)

O clima entre Erick e Casagrande tem sido de harmonia. Antes do pleito, o governador disse que o republicano era um bom nome para a presidência e que a Assembleia precisava de consenso e não de disputa. Erick, por sua vez, participou na semana passada de uma agenda com o governador em Aracruz, seu reduto eleitoral. Lá, afirmou que nunca houve uma “pseudo-briga” com Casagrande e que o chefe do Executivo poderia contar com ele para “carregar o piano”.

No primeiro discurso após ser reeleito, Erick garantiu que o governador pode esperar "parceria sólida" na Assembleia.

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