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Vinte cidades do ES não elegeram nenhuma mulher em 2024

Vinte cidades do ES não elegeram nenhuma mulher em 2024

Número de eleitas no Estado capixaba é o segundo menor do Brasil; 22 Câmaras não terão nenhuma vereadora a partir de 2025

Publicado em 16 de outubro de 2024 às 11:09

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Homens são 87% dos eleitos no Estado.
Homens são 87% dos eleitos no Estado. (Freepik)
Julia Camim
Jornalista / [email protected]

O número de mulheres eleitas no Espírito Santo no domingo (6), quando foi realizado o primeiro turno das Eleições 2024, corresponde a apenas 11,35% de todos os que conquistaram cargos eletivos no Estado. O dado, que sozinho já chama a atenção — visto que o eleitorado feminino é 52% do total capixaba de acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) — é acompanhado de um outro ainda mais crítico: 20, dos 78 municípios, não elegeram nenhuma mulher para nenhum dos cargos disputados (vereador, prefeito e vice).

Isso quer dizer que em 25,6% das cidades capixabas as mulheres não estarão representadas nos espaços de poder, seja do Executivo ou Legislativo. Inclusive, as Câmaras municipais sem vereadoras são ainda mais numerosas: 22.

Esses dois municípios “a mais” são Água Doce do Norte e Alto Rio Novo, onde mulheres vão ocupar apenas as cadeiras de vice-prefeitas das respectivas cidades. Na primeira, Vilma Enfermeira (PP) foi eleita na chapa do titular Abraão Lincon (PSB), e na segunda, Daniely Borchardt de Oliveira (PSD) é vice do prefeito eleito Alexandro da Padaria (PSD).

Ao todo, as vice-prefeitas já eleitas somam 7 (9,21%), mas serão 8 após a decisão em segundo turno na Serra, onde os dois candidatos que ainda seguem na disputa eleitoral têm vices mulheres: Weverson Meireles, do PDT, concorre ao lado de Delegada Gracimeri, do MDB; e Pablo Muribeca, do Republicanos, ao lado de Magda Novaes, do mesmo partido.

Vinte cidades do ES não elegeram nenhuma mulher em 2024

Já as prefeitas capixabas são apenas duas, o que corresponde a 2,63% do total de 76 cidades que já definiram o pleito, considerando que, além da Serra, em Presidente Kennedy também não há prefeito eleito, pois a decisão está sob judice. Ana Malacarne (MDB) foi reeleita em São Domingos do Norte e, em Montanha, quem assume o Executivo municipal é Iracy Baltar (Podemos).

De acordo com a pesquisadora do tema e diretora do Instituto Alziras (organização social sem fins lucrativos que estuda a presença feminina na política e na gestão pública) Michelle Ferreti, a existência de mulheres nos espaços políticos diz respeito ao fortalecimento da democracia.

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Garantir que as maiorias sociais do país estejam representadas nos espaços de poder significa garantir que o olhar da maior parcela da população também seja considerado na produção das políticas públicas

Michelle Ferreti
Diretora de Pesquisa do Instituto Alziras
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Além disso, segundo a especialista, existe também uma dimensão relacionada à segurança das mulheres nos espaços majoritariamente masculinos. Para Ferreti, “garantir mais presença feminina nos espaços significa tornar esses espaços mais seguros”.

Explicando, a pesquisadora diz que “ao eleger apenas uma ou duas vereadoras para uma Câmara Municipal, por exemplo, além de essas mulheres ficarem mais isoladas do ponto de vista político, com mais dificuldade de ocupar os espaços estratégicos e, de fato, colocarem suas agendas em pauta, elas também ficam muito mais vulneráveis à violência política de gênero e raça”.

No Estado, há 22 câmaras de vereadores que contarão, a partir do ano que vem, apenas com 1 mulher cada uma. Ou seja, das 78 cidades capixabas, apenas 34 têm pelo menos 2 vereadoras eleitas, sendo que as mais femininas são as de Guarapari (4 dos 17 são mulheres) e de Ponto Belo (5 de 9 são mulheres) — único caso em que as mulheres são maioria.

Compreendendo o papel dos parlamentares, Ferreti defende que “contar com uma diversidade de olhares para poder produzir leis e fiscalizar o trabalho do Executivo — neste caso, as prefeituras — é fundamental para a produção das políticas públicas que vão afetar a sociedade como um todo”.

Confira as cidades que não elegeram mulheres para nenhum cargo:

O resultado final deste pleito, que contou com 3.320 candidatas e apenas 116 eleitas no Estado todo — os homens eleitos somam 906 — levou o Espírito Santo a ficar abaixo da média brasileira em relação aos três cargos: a média nacional de vereadoras eleitas é de 18,23%, a capixaba, 12,3%; as vice-prefeitas são, no Brasil, 19,14% e, no Estado, 9,21%; e as prefeitas são 13,2% no país, mas, como já citado, apenas 2,63% no Espírito Santo.

Os índices capixabas para os cargos de prefeitas e vices eleitas são os piores do país. Já no caso das vereadoras eleitas, o Rio de Janeiro é o estado que elegeu menos mulheres: 9,7%. Ao todo, considerando as mulheres eleitas para os três cargos, o Rio também amarga o pior índice brasileiro, seguido de perto pelo Espírito Santo: enquanto no Estado capixaba elas somam 11,35%, em terras cariocas são 10,7%.

Em comparação com o pleito anterior, no entanto, o número de eleitas é maior no Espírito Santo. Em 2020, as vereadoras somaram 91; as vice-prefeitas, 4; e apenas 1 mulher conquistou o cargo de prefeita. 

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