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2022 é logo ali: quem se cacifa para a próxima eleição no ES após o resultado de 2020

2022 é logo ali: quem se cacifa para a próxima eleição no ES após o resultado de 2020

Veja quem são os grupos que ganharam importância após as eleições municipais, tanto por eleger aliados quanto por conquistar votações expressivas, mesmo não se elegendo

Publicado em 14 de dezembro de 2020 às 05:30

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Eleições de 2020 mexeram nas estratégias dos partidos para 2022
Eleições de 2020 mexeram nas estratégias dos partidos para 2022. (Montagem/Arquivo A Gazeta)

Passadas as eleições municipais de novembro, as lideranças partidárias do Estado já começaram a reorganizar seus quadros de aliados e ajustar as estratégias para a eleição de 2022. Enquanto ajudam a montar o secretariado de seus filiados que se elegeram prefeitos, os partidos também já agendam reuniões para debater qual foi o recado das urnas em 2020 e avaliar o desempenho de quem disputou o pleito, mas não se elegeu.

Durante este reposicionamento do tabuleiro político capixaba, a expectativa é que até fevereiro de 2021 dois eventos importantes devem dar sinais das alianças a serem construídas em 2022: a eleição da Mesa Diretora da Assembleia Legislativa e a reforma no secretariado do governador Renato Casagrande (PSB), que deve acomodar alguns aliados que ficaram sem mandato.

De acordo com cientistas políticos e lideranças partidárias ouvidas pela reportagem, o cenário pós-eleição mostra um crescimento do grupo do Republicanos no Estado, comandado pelo ex-diretor-geral da Assembleia Legislativa, Roberto Carneiro, que tem o presidente da Assembleia, Erick Musso, o deputado federal Amaro Neto, e que conta agora com a vitória de um membro importante, o prefeito eleito de VitóriaLorenzo Pazolini.

O partido, que antes tinha sete prefeitos no Estado, elegeu 10 em 2020. Além disso, outro recém-filiado que conseguiu aumentar seu capital político mesmo ficando fora da eleição é o prefeito de ColatinaSérgio Meneguelli, que decidiu não disputar a reeleição.

Fenômeno nas redes sociais, o colatinense já chamou a atenção até do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), que o convidou para visitar o Palácio do Planalto. Ele finaliza o mandato com um dos maiores índices de aprovação entre os prefeitos das maiores cidades do Estado, como mostrou a pesquisa Ibope.

Oficialmente, o partido diz que não pensa em eleição. "Agora, estamos focados em ajudar na transição dos prefeitos eleitos", diz Roberto Carneiro, que coordena, inclusive, a transição de Pazolini em Vitória. Nos bastidores, cogita-se que Meneguelli possa ser um nome ao Senado do partido, posição que já foi almejada por Amaro Neto, que deve tentar a reeleição na Câmara em 2022.

O cientista político Antônio Carlos de Medeiros aponta que o Estado, após 18 anos de sua política concentrada em Paulo Hartung (sem partido) e Renato Casagrande como principais líderes, começa a passar por um momento de "transição política geracional". Neste contexto, é o Republicanos que tem conseguido ganhar espaço como uma opção de renovação.

"Apesar disso, acredito que o Republicanos tende ainda a não se candidatar a governo em 2022, por dois motivos. Primeiro, porque esse momento de transição não é de uma eleição para outra, acredito que Casagrande ainda tem muita força política para se reeleger novamente, e a tendência é essa mudança ficar para 2026. Segundo, porque o Republicanos, neste momento, está mais próximo de fortalecer a aliança com o governo para a eleição da Mesa Diretora, do que para enfrentá-lo", analisa.

De fato, o PSB ainda é a principal força partidária do Estado, com o maior número de prefeitos eleitos, com 13 no total, o mesmo montante que estava filiado no partido até o início da campanha eleitoral. Na Grande Vitória, o partido não elegeu nenhum filiado, apesar de ter os prefeitos de CariacicaEuclério Sampaio (DEM), e SerraSergio Vidigal (PDT), como aliados. A maior prefeitura conquistada pela sigla foi em Cachoeiro de Itapemirim, com a reeleição de Victor Coelho (PSB).

O presidente do diretório do PSB no Espírito Santo, Alberto Gavini, aponta que o partido, além dos 13 prefeitos eleitos neste ano, conta com 10 vice-prefeitos eleitos pela sigla e muitos aliados políticos eleitos de outros partidos no Estado. Um dos candidatos a prefeito derrotados na eleição de Vitória, Sérgio Sá (PSB), é um possível candidato a deputado federal em 2022.

Além dele, o partido deve lançar na disputa pela Câmara José Eustáquio Freitas (PSB), que volta à Assembleia Legislativa como deputado estadual; o prefeito de Nova Venécia, Lubiana Barrigueira (PSB), que está no fim do mandato; e Ted Conti (PSB), que deve tentar a reeleição.

"Ainda vamos conversar sobre o processo eleitoral, é muito cedo ainda para afirmar qualquer coisa. Estamos passando, assim como outros diretórios estaduais do PSB, por um processo de auto-reforma, realinhando posicionamentos políticos e reformando o estatuto do partido", conta.

Quem ganhou visibilidade nas eleições, como a porta-voz do partido nos municípios – já que o governador, em nome da governabilidade, preferiu a neutralidade – foi a vice-governadora Jaqueline Moraes (PSB). Ela também é cotada para ser um nome na disputa pela Câmara dos Deputados.

Paralelamente, já há até um nome apontado para ocupar a vice-governadoria, caso ela realmente se movimente em direção ao Congresso: Erick Musso. O cenário, cogitado por aliados de Casagrande e do grupo do Republicanos, implicaria em um acordo do PSB para apoiar a candidatura da reeleição de Musso a frente da Assembleia, enquanto o Republicanos apoiaria o atual governador em 2022.

"O Erick está na casa dos 30 anos e o Amaro (outra aposta para governar o Estado no futuro) está com 44. Não há pressa para se tornarem governadores. Casagrande, por exemplo, está com 60, só para comparar. Neste momento, o Republicanos é aliado do governo do Estado, nunca deixaram de caminhar juntos, apesar de algumas divergências. É uma outra geração, chegar ao governo é uma meta deles, mas me parece algo a longo prazo", afirma um deputado estadual, próximo aos dois grupos.

CIDADANIA E O FUTURO DE LUCIANO

Principal parceiro político do PSB no Espírito Santo, o Cidadania, do prefeito de Vitória, Luciano Rezende, e do deputado estadual Fabrício Gandini, não chegou ao segundo turno na eleição da capital, o pleito mais importante do partido em 2020.

Nos bastidores, Luciano, que já foi cogitado até como possível sucessor de Casagrande no governo do Estado, tem dito a aliados que deve se afastar da política após o fim do mandato e refletir sobre seu futuro. Há quem o espere em 2022 como candidato ao Senado ou à Câmara dos Deputados.

Quem se fortaleceu no partido e também é cotado para a única vaga no Senado a ser disputada em 2022 é o deputado federal Josias da Vitória (Cidadania). Coordenador da bancada do Espírito Santo na Câmara, ele tem se aproximado de prefeitos em busca de recursos de emendas parlamentares. Em 2020, o Cidadania elegeu nove prefeitos, todos no interior, onde Da Vitória tem liderado as movimentações do partido.

O cientista político Fernando Pignaton analisa que muitos candidatos que não se elegeram, apesar da derrota eleitoral, tiveram uma vitória política, ao passo que surpreenderam ao chegar no segundo turno ou por terem votações expressivas.

"O caso do Luciano é de alguém que teve uma derrota política e eleitoral. Como prefeito da Capital, ele não conseguiu defender seu legado e não chegou ao segundo turno. É diferente do caso de Audifax, por exemplo, que mesmo com candidatos com recall na Serra, como os deputados Vandinho Leite (PSDB), Alexandre Xambinho (PL) e Bruno Lamas (PSB), conseguiu colocar o até então desconhecido Fabio Duarte (Rede) como candidato competitivo no segundo turno com Vidigal. A diferença de votos, que se esperava uma vitória acachapante do pedetista, acabou que nem foi a maior da Grande Vitória. Ali foi uma derrota eleitoral, com tempero de vitória política", observa.

Uma disputa particular entre Lula e Bolsonaro na eleição para vereador no ES
A disputa particular entre Lula e Bolsonaro na eleição no ES. (Divulgação)

O LUGAR DA DISPUTA IDEOLÓGICA EM 2022

A eleição de 2020 teve como um dos grandes recados das urnas o enfraquecimento da polarização ideológica de 2018, marcada pela disputa de Jair Bolsonaro e o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que por estar preso e inelegível, acabou apoiando o ex-prefeito de São Paulo Fernando Haddad (PT) como candidato à presidência.

Contudo, o PT não elegeu nenhum prefeito no Estado, assim como nenhum "bolsonarista raiz" conseguiu vencer se pautando no discurso de "amigo do presidente". Uma das maiores lideranças bolsonaristas no Estado, o deputado Capitão Assumção (Patriota), que teve 3.823 votos em 2018 na Capital, até conseguiu aumentar seu eleitorado como candidato a prefeito de Vitória, conquistando 12.365 votos em 2020.

No entanto, quem conseguiu ficar mais perto da eleição foi o ex-prefeito de Vitória João Coser (PT), que chegou ao segundo turno com Pazolini e, durante a campanha, chegou a liderar as intenções de voto. Ele e a candidata a prefeita de Cariacica Célia Tavares (PT) foram as principais apostas do PT na eleição e, apesar da derrota, tiveram resultado surpreendente, uma vez que a rejeição ao partido, após os escândalos de corrupção na Lava Jato, ainda é significativa no país.

"São dois campos que ainda tem uma votação expressiva no Estado. Imagino que o PT lance um candidato a governo, assim como a extrema-direita também deve ter um representante na disputa do Palácio Anchieta em 2022, talvez o próprio Capitão Assumção ou o candidato anterior, Carlos Manato (sem partido), seja o candidato deste campo. Contudo, ainda os vejo com pouca competitividade, mas política é como as nuvens, uma hora está de um jeito e de repente tudo muda”, compara o cientista político Antônio Carlos de Medeiros.

No PT, Coser e o deputado federal Helder Salomão (PT) são as principais apostas para a Câmara. Célia tem sido cogitada para disputar uma vaga na Assembleia, em uma possível tentativa de aumentar o número de cadeiras no Legislativo estadual, que hoje só conta com a deputada estadual Iriny Lopes (PT). Em Cariacica, tudo indica que a dobradinha Helder-Célia deve se repetir em 2022, desta vez com Helder concorrendo à Câmara e Célia à Assembleia.

No Patriota, partido de Assumção, a ideia é eleger deputados federais em 2022. O presidente da legenda, o deputado estadual Rafael Favatto (Patriota), afirma que uma das metas do partido é chegar ao governo do Estado, mas não tem pressa para isso acontecer.

"Somos um partido que está há oito anos nessa construção no Estado. Hoje somos uma das maiores bancadas da Assembleia (Favatto, Assumção e Marcos Madureira, que herdará a vaga de Pazolini). Queremos aumentar o número de estaduais e eleger um deputado federal. Só que é preciso ter calma, não adianta anunciar alguém agora e lá na frente um outro partido prometer mundos e fundos, atrapalhando quem tem um projeto sério", prospecta.

REFORMA ADMINISTRATIVA DE CASAGRANDE

No radar político, outro movimento importante a ser observado é a mudança no secretariado de Casagrande, prevista para fevereiro de 2021. Candidatos que não foram eleitos e prefeitos que terminaram o seu mandato devem ser acomodados no governo do Estado. "É uma tarefa exclusiva do governador, mas há nomes de grande potencial técnico, ex-prefeitos com conhecimento de gestão, que podem ajudar o Estado", destaca Gavini, presidente do PSB.

Entre os cotados, o prefeito de Viana, Gilson Daniel (Podemos), é o favorito para ganhar uma vaga. Ele foi uma das figuras que mais se destacou na Grande Vitória, visto que fez o seu sucessor, Wanderson Bueno (Podemos), em Viana; elegeu Arnaldinho Borgo (Podemos), em Vila Velha; e ainda está sendo um dos coordenadores da campanha de Euclério Sampaio (DEM), eleito em Cariacica. Ele está envolvido, nesta reta final de 2020, na transição de governo em Cariacica e Vila Velha. Gilson é esperado como um dos candidatos à Câmara dos Deputados em 2022.

Outro que também pode receber um cargo é o prefeito de Vila Velha, Max Filho (PSDB). Para o futuro dele em 2022, comenta-se que ele possa se candidatar à Câmara dos Deputados, onde já esteve entre 2011 e 2016. Para a vaga, ele deve enfrentar um antigo oponente, Neucimar Fraga (PSD), que voltou à Brasília substituindo Sergio Vidigal, que deixa o Congresso após vencer a eleição da Serra.

Outro sonho antigo da família Mauro é eleger Max Filho governador do Estado, no entanto, após o desgaste em Vila Velha – ele teve menos que a metade dos votos de seu adversário, Arnaldinho Borgo – uma eleição ao Palácio Anchieta só deve acontecer, caso alguma liderança se agrupe a ele nesse projeto, o que ainda não tem sinais de que possa acontecer até 2022.

Por falar em lideranças, outro que ainda concentra grande força política, apesar de estar afastado da política local desde 2018, é o ex-governador Paulo Hartung (sem partido). Para Fernando Pignaton, ele ainda tem grande capital político no Estado e pode ajudar a eleger um nome para competir com Casagrande em 2022. Uma das apostas é o prefeito reeleito em Linhares, Guerino Zanon (MDB), bem avaliado no Norte do Estado e alinhado com as bandeiras de Hartung.

"Hartung tem se movimentado no cenário nacional, muito associado ao apresentador Luciano Huck, cogitado para ser vice dele em uma eventual candidatura à presidência em 2022. Mas essa costura pode mudar e ele pode disputar uma vaga ao Senado, no Estado, por exemplo, que combina com o perfil que ele tem seguido nesse momento. O Guerino é uma aposta para seguir o legado dele no Estado, um candidato muito promissor, com boa articulação política e bem conhecido no Norte. Para se consolidar, será necessário ter uma boa gestão em 2021 e começar a se movimentar em outras regiões", avalia.

No último dia 6, em entrevista ao Estadão, Hartung afirmou que do ponto de vista de mandatos eletivos, fechou o ciclo. Na avaliação do ex-governador, "o ponto focal da eleição de 2022 é a travessia de 2021, aí que vão se formar as correntes conectadas ao sentimento da população".

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