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A empresários, Manato e Casagrande prometem reduzir burocracia no ES

A empresários, Manato e Casagrande prometem reduzir burocracia no ES

Candidatos ao governo do Espírito Santo participaram nesta segunda-feira (17) de evento com lideranças do setor produtivo para apresentar propostas

Publicado em 17 de outubro de 2022 às 22:04

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Renato Casagrande e Carlos Manato em evento
Renato Casagrande e Carlos Manato em evento "Diálogo com o Setor Produtivo". (Alexandre Mendonça/Divulgação)

Entre críticas ao adversário e exaltação de suas próprias realizações, os candidatos ao governo do Estado, Carlos Manato (PL) e Renato Casagrande (PSB), apresentaram algumas propostas a empresários do Espírito Santo na tarde desta segunda-feira (17). Em posições antagônicas no espectro político e no campo de ideias,  os concorrentes também têm pontos de vista comuns em determinadas pautas. Ambos prometeram, por exemplo, reduzir a burocracia na área de licenciamentos. 

Manato disse que pretende instituir o licenciamento ambiental digital, para dar celeridade, e diminuir algumas exigências. Ele citou como exemplo o parque na região de Pedra Azul, em Domingos Martins, com uma área de amortecimento (proteção) que o candidato considera muito extensa, inviabilizando a instalação de novos negócios.

Contudo, Manato negou que a medida, se adotada, vai aumentar o desmatamento, acrescentando que as empresas vão ter de implementar ações de compensação ambiental. Em vez de atrapalhar os empresários, a ideia, segundo ele, é discutir projetos com eles. 

A empresários, Manato e Casagrande prometem reduzir burocracia no ES

Casagrande, por sua vez, afirmou que o Instituto Estadual de Meio Ambiente (Iema) está passando por um processo de recuperação. Ele lembrou que quando assumiu, em 2019, o órgão ambiental estava em vias de ser extinto, mas foram feitos investimentos em infraestrutura e pessoal.

O governador afirmou que diversas atividades foram padronizadas para reduzir a burocracia e acrescentou que ainda há previsão de aperfeiçoar a legislação para ganhar tempo no processo de licenciamento. Um novo modelo de gestão em fase de implementação também vai tornar o órgão totalmente digitalizado. 

Ambos também se comprometeram a ter uma boa relação com o governo federal, independentemente de quem for o vencedor da disputa: o atual mandatário do país, Jair Bolsonaro (PL), ou ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Manato disse que não acredita na vitória do petista, mas que não vai contestar se o resultado for diferente e vai trabalhar pelo Estado em parceria com o governo federal, enquanto Casagrande falou que, atualmente, como governador, já demonstra sua capacidade de diálogo com o presidente e que não fará oposição, se ele for reeleito. 

EVENTO EMPRESARIAL

As propostas foram  levadas para o evento "Diálogo com o Setor Produtivo",  que reúne lideranças de diversos segmentos econômicos. A apresentação dos candidatos foi separada, mas, no primeiro bloco de cada um, eles falaram de temas iguais e previamente combinados. Depois, Manato e Casagrande responderam a questões da plateia de empresários.

Após sorteio, a participação começou com Manato, que pretendia mudar a dinâmica do evento para ter a possibilidade de apresentar nomes que, segundo ele, já fazem parte da equipe de governo, caso seja eleito: o empresário Aridelmo Teixeira, na Secretaria da Fazenda, e João Luiz Lani, na Agricultura. A mediadora, entretanto, não permitiu a mudança e lembrou o candidato que o modelo havia sido acertado anteriormente com as equipes das duas candidaturas e que ele deveria respeitar as regras definidas. 

Assim, Manato discorreu sobre os temas propostos. Logo no primeiro — educação —, o candidato afirmou que também está contando com o apoio de Aridelmo, que atua na área, para incrementar seu plano de governo. Entre as ideias está a ampliação da oferta do tempo integral nas escolas da rede estadual. 

A citação ao nome de Aridelmo foi recorrente durante a apresentação. O candidato tenta elevá-lo à mesma condição que Paulo Guedes teve quando Bolsonaro disputou a presidência pela primeira vez, em 2018, e o anunciou como ministro da Economia, conferindo mais confiança a sua candidatura naquela ocasião.

Manato se refere a seu pretenso secretário como "Guedinho", numa clara referência ao aliado do governo federal.  Em dado momento, o candidato admitiu até que queria o Aridelmo como vice na sua chapa, função ocupada pelo empresário Bruno Lourenço (PTB). 

Manato revisitou o tema crime organizado algumas vezes. Após ser associado à Scuderie Le Cocq, o candidato explicou sua relação com o grupo e disse que saiu tão logo soube que nem todos os integrantes estavam ali pela filantropia. E, para rebater as acusações contra si, voltou-se para denúncias que surgiram na atual gestão, como a prisão do ex-secretário da Fazenda Rogélio Pegoretti.  

O candidato do PL também falou bastante sobre sua intenção de combater à corrupção, mas o momento em que recebeu mais aplausos foi quando respondeu sobre o risco de invasão de terras. "Direito de propriedade é direito de propriedade. Você comprou, você tem!"

Buscando a reeleição, Casagrande ressaltou projetos desenvolvidos em sua gestão, apresentou indicadores e defendeu que não é momento de arriscar e retroceder no processo de fortalecimento das instituições do Espírito Santo.

"Para ter um bom ambiente de negócios, é fundamental que as instituições sejam fortes. Trabalhamos juntos para tirar o Estado das mãos do crime organizado e colocar esse Estado na posição de respeito", frisou o governador, acrescentado que o Espírito Santo hoje é bem avaliado e, por essa razão, mostra-se capaz de atrair investimentos e de ser mais competitivo. 

Para o socialista, se for reconduzido ao cargo, o caminho será de aperfeiçoamento de projetos e ações iniciadas, mas também de lançar propostas, como a Escola do Futuro — uma iniciativa que visa à formação na área de inovação e tecnologia. Casagrande planeja ainda ampliar as Parcerias Público Privadas (PPPs) e sinaliza a redução de tributos, como o ICMS do gás industrial, de 17% para 12%, para igualar a taxação do Espírito Santo aos demais Estados da região Sudeste. 

Casagrande apresentou-se como uma liderança de um governo realizador, mas reconhece que há desafios que ainda precisam ser superados, como na área de infraestrutura.  Ele citou como exemplo a implementação de um binário, de Marechal Floriano a Viana, para mitigar o fato de o leilão para concessão da BR 262 ainda não ter sido bem-sucedida.  

Sobre denúncias de corrupção, o governador assegurou que "não tem compromisso com o erro". Apesar de não citar nomes, fez menção ao caso do ex-secretário Pegoretti, lembrando que a descoberta dos desvios partiu de auditores da própria Secretaria da Fazenda. Para Casagrande, mais uma demonstração de que, se as instituições são fortes, o governo e a sociedade estão protegidos. Os culpados, reforça o governador, têm de prestar contas à Justiça. 

No encerramento do evento, quando cada candidato poderia discursar sobre o tema de interesse e chamar o vice da chapa para falar. Manato aproveitou o tempo para falar que não é verdade que não dará continuidade às obras em andamento no Estado, caso seja eleito, e que planeja instituir o selo de empresa social, a ser concedido às corporações com projetos nessa área.  

No momento de Casagrande, ele abriu espaço para Ricardo Ferraço (PSDB) também falar diretamente ao empresariado. O vice na chapa ao governo chamou atenção para o fato de que a disputa é estadual, não com o presidente Bolsonaro, e que a plateia deveria refletir sobre o futuro que quer para o Espírito Santo. 

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