Fabrício Queiroz, ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro, foi preso na manhã desta quinta-feira (18) na cidade de Atibaia, interior de São Paulo. Pesa contra ele a suspeita de participação em esquemas de rachid (ou "rachadinha"), no qual funcionários da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) seriam coagidos a devolver parte dos salários. O ex-assessor chegou a ficar mais de um ano fora dos holofotes.
Queiroz tem uma série de movimentações bancárias atípicas, segundo o relatório do antigo Conselho de Atividades Financeiras (Coaf). Entre janeiro de 2016 e dezembro 2017 ele movimentou mais de R$ 1 milhão entrada de R$ 605 mil e saída de R$ 600 mil valor incompatível com o salário de servidor da Alerj.
O mandado de prisão foi expedido pela Justiça do Rio de Janeiro. Queiroz estava em um imóvel do advogado Frederick Wassef, responsável pelas defesas de Flávio e do presidente Bolsonaro. Wassef é figura constante no Palácio da Alvorada, residência oficial da Presidência e em eventos no Palácio do Planalto. Por duas vezes, o advogado afirmou que não sabia o paradeiro do ex-assessor.
A amizade entre Fabrício Queiroz e a família Bolsonaro começou ainda na década de 1980. Chegou a ser citada pelo presidente Jair Bolsonaro (sem partido) em uma coletiva de imprensa num evento da Marinha.
Por mais de 10 anos, Queiroz trabalhou como segurança e motorista de Flávio Bolsonaro. O ex-assessor recebia da Alerj um salário de R$ 8.517. Da Polícia Militar carioca, ele ganhava outros R$ 12,6 mil. Em 2018, foi exonerado do cargo.
Antes de ser exonerado do cargo, Queiroz chamou a atenção do antigo Coaf por fazer movimentações atípicas em suas contas bancárias. Entre 1º de janeiro de 2016 e 31 de dezembro de 2017, só em espécie, ele fez saques totalizando R$ 324.774 e teve R$ 41.930 em cheques compensados. A divulgação do relatório do Coaf só aconteceu em dezembro de 2018 quando o caso Queiroz veio à tona.
O policial militar aposentado afirmou que recebia parte dos valores dos salários dos colegas de gabinete. Ele diz que usava esse dinheiro para remunerar assessores informais de Flávio, sem conhecimento do então deputado estadual. A sua defesa, contudo, nunca apontou os beneficiários finais dos valores.
Alegando motivos de saúde, o ex-assessor faltou aos dois depoimentos marcados pelo Ministério Público do Rio de Janeiro (MPRJ) para explicar as movimentações financeiras.
Já exonerado, Fabrício Queiroz disse em entrevista ao SBT que a movimentação financeira era referente a compra e venda de automóveis e outros negócios particulares. Enquanto o assunto repercutia, o MPRJ abriu 22 procedimentos de investigação criminal com base no relatório do Coaf, com Queiroz entre os investigados.
No fim de 2018, Queiroz foi internado no hospital Albert Einstein, onde passou por uma cirurgia para a retirada de um tumor no intestino. Três dias depois, viralizou um vídeo em que ele apareceu dançando enquanto tomava soro.
No dia 17 de janeiro, o ministro Luiz Fux, do Supremo Tribunal Federal (STF), suspendeu provisoriamente a investigação instaurada pelo MPRJ. A suspensão ficou válida até 2 de fevereiro.
O presidente do STF, Dias Toffoli, decidiu suspender temporariamente todas as investigações em curso que tinham como base dados sigilosos compartilhados pelo Coaf e pela Receita Federal sem autorização da Justiça. A decisão foi tomada após pedido da defesa de Flávio Bolsonaro.
Fabrício Queiroz vira alvo de operação do MPRJ no qual foram cumpridos mandados de busca e apreensão na casa de assessores de Flávio Bolsonaro. Os mandados foram pedidos em investigação sobre lavagem de dinheiro e desvio de dinheiro público nos gabinetes da Alerj.
Suplente de Flávio Bolsonaro no Senado, Paulo Marinho (PSDB-RJ) afirmou em entrevista que o filho do presidente foi informado de que havia uma operação policial em curso para revelar o pagamento de propina a deputados e que o nome de Queiroz estava em um dos relatórios.
Fabrício Queiroz foi preso na manhã do dia 18 pela Polícia Federal em uma casa em Atibaia. Ele estava em um imóvel do advogado do senador Flávio Bolsonaro.
Com informação dos jornais Folha de S.Paulo e Estado de S.Paulo.
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