O acúmulo de lixo ao redor da Escola José Maria Ferreira, no bairro Nova Brasília, em Cariacica, chamou a atenção dos eleitores que chegavam para votar na manhã deste domingo (29), no segundo turno das eleições municipais. Eles reclamaram do mau-cheiro e da sujeira espalhada reflexo da greve dos motoristas de caminhões de lixo. A paralisação, que começou no dia 12 de novembro e chegou a ser suspensa, já está no sétimo dia consecutivo. A categoria reivindica reajuste de salário. O caso segue em Dissídio Coletivo na Justiça e ainda não tem decisão final.
Ao longo da Rua Cachoeiro de Itapemirim, onde fica o colégio, era possível ver ao menos três pontos de lixo acumulado. Havia, também, acúmulo de água em cima dos materiais. Profissionais da Prefeitura de Cariacica chegaram a retirar o lixo, por volta das 10h, e foram hostilizados por moradores no local, que reclamaram da falta de limpeza.
"Mesmo com essa crise, a administração pública não está dando qualquer tipo de retorno para os moradores. Ainda mais hoje, que é um dia em que as pessoas estão saindo para exercer a cidadania. Se eles sabiam desse momento de eleição, por que não foram limpar antes? Alguns eleitores estavam com dificuldades até de chegar perto da escola, porque havia muitos animais ao redor, incluindo roedores. Isso traz consequências para a saúde pública, porque todo mundo fica vulnerável às doenças", disse Laudinéia Martins Ferreira, de 46 anos, que vota no colégio.
A Prefeitura de Cariacica informou que, enquanto houver greve, os locais de maior movimentação do município serão priorizados pelo serviço emergencial de coleta. A prefeitura também pediu que a população colabore não colocando lixo na rua. Veja a nota:
"O serviço emergencial de coleta, feito pela Secretaria Municipal de Serviços (Semserv) continua enquanto houver greve, dando prioridade a grandes avenidas, locais de maior movimentação e áreas comerciais do município. Cerca de 50 profissionais que atuam na varrição das ruas (garis) fazem parte das equipes. Neste domingo, a ação ocorre também próximo a locais de votação. Pela manhã, o serviço já foi realizado em Nova Brasília, Porto de Santana, Porto Novo e Mucuri, e continuará ao longo do dia em outros bairros. Vale destacar que o serviço de varrição da cidade não foi suspenso. Ele continua, paralelo à ação emergencial. A paralisação dos motoristas de caminhão de lixo ocorre em todas as cidades da região metropolitana e a Semserv conta com a colaboração da população, neste momento, pedindo que não coloque lixo na rua. O lixo na via é fator de risco, no tempo chuvoso, para entupimento da rede de drenagem e assoreamento de canais, provocando alagamentos e inundações. O serviço, aqui na cidade, é terceirizado e 100 bairros são afetados com a greve dos motoristas de caminhão de coleta."
A greve dos motoristas dos caminhões usados na limpeza urbana, que reivindicam reajuste de salário, já provoca vários pontos de acúmulo de lixo na Grande Vitória. A paralisação teve início no dia 12 de novembro, mas foi suspensa temporariamente e retomada no dia 23 de novembro, por tempo indeterminado. Trabalhadores e empresários afirmam que as conversas se esgotaram e que agora aguardam o resultado do processo de Dissídio Coletivo que corre na Justiça do Trabalho.
A movimentação mais recente no processo teve duas manifestações, sendo que uma delas ocorreu na noite de quinta-feira (26) pelo Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários do Espírito Santo (Sindirodoviários) dentro do prazo de 48h concedido pela desembargadora Sônia das Dores Dionísio Mendes, do Tribunal Regional do Trabalho da 17ª Região (TRT).
O sindicato apresentou um pedido de reconsideração da decisão anterior, solicitando redução no valor da multa imposta e também do percentual fixado para circulação, com 70% da disponibilização do serviço de coleta. Segundo o Sindirodoviários, estas determinações, embora estejam sendo cumpridas, inviabilizam o direito de greve.
* Maria Fernanda Conti alunos do 23° Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta, sob orientação do editor Erik Oakes
Já o Sindicato das Empresas de Limpeza Urbana do Espírito Santo (Selures), que também se manifestou nos autos do processo, informou que todos os dias repassa à Justiça a ocorrência de novos fatos, como as depredações e o descumprimento da medida liminar de manutenção de 70% do serviço, buscando amparo para que a situação seja normalizada. O Selures pede ainda que o Dissídio Coletivo seja julgado o mais rápido possível.
Segundo o sindicato patronal, quase 10 mil toneladas de lixo deixaram de ser recolhidos em toda a Região Metropolitana até a última sexta-feira (27).
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