O presidente Jair Bolsonaro pode vir ao Espírito Santo no próximo dia 14 de fevereiro, uma sexta-feira, para participar de um evento de coleta de assinaturas para criação do partido Aliança pelo Brasil. A cidade de Vitória está em uma lista feita pela cúpula nacional do Aliança, mas os próprios aliados capixabas do presidente consideram remota a possibilidade dele vir ao Estado.
A ideia é que o presidente participe de mais ações no Nordeste, região onde teve menos votos em 2018. Além de Vitória, foram anunciados eventos em outras 24 cidades. O publicitário Sérgio Lima, responsável pelo marketing do Aliança, diz que dificilmente Bolsonaro visitará todas elas.
Havia uma expectativa da presença do presidente nos eventos, mas isso depende muito da agenda dele e dos compromissos oficiais. É muito difícil que ele participe pessoalmente, conta, em entrevista para O Globo.
No Espírito Santo, o subtenente Assis, um dos coordenadores da coleta de assinaturas do novo partido, reconhece a dificuldade. Segundo ele, ainda não há nada definido.
Interlocutores do presidente afirmam que um dos filhos dele, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PSL), é quem tem capitaneado as visitas pelo Brasil. Para eles, o parlamentar tem comentado que tentaria ir no máximo de capitais listadas pelo Aliança.
Presidente do PSL no Espírito Santo, Carlos Manato tem apoiado a criação da nova sigla, mas, como ainda responde pelo PSL, tem se mantido distante da organização da coleta de assinaturas. Ainda assim, ele explica que os eventos foram marcados sem a consulta aos grupos locais.
Aonde não puder comparecer fisicamente, o presidente participará virtualmente, por meio de transmissões ao vivo pela internet ou vídeos gravados. Um piloto dos atos foi realizado no Ceará, em 4 de janeiro, quando os apoiadores dizem ter conseguido 1.600 assinaturas. Um guia de comunicação está sendo desenvolvido para que haja um padrão nos eventos pelo país. Nele, são listados itens básicos como painéis, telões, além de um roteiro com ordem de oração, execução do Hino Nacional e manifestações dos líderes da agremiação.
O novo partido precisa do apoio de 492 mil assinaturas até abril, a tempo de disputar as eleições municipais. A região foi a única do país em que Bolsonaro foi derrotado em todos os Estados no segundo turno da eleição presidencial de 2018.
O Nordeste tem o segundo maior eleitorado do país, com 26,8%, atrás apenas do Sudeste, com 43,4%, de acordo com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral). Pesquisa Datafolha de dezembro de 2019 mostrou também uma forte rejeição ao governo Bolsonaro no Nordeste. Na região, 50% veem a gestão como ruim ou péssima e, para 20%, ela é ótima ou boa.
Por concentrar cidades com menos acesso à internet, a organização da sigla aposta na realização dos eventos para impulsionar apoio no Nordeste, assim como no Norte. Até 16 de fevereiro, há previsão de eventos em 25 capitais, 8 delas ainda em janeiro.
A maioria fica no Nordeste: João Pessoa, Natal, Salvador, Teresina e São Luís. Organizadores da legenda dizem não ter um orçamento definido para os atos, bancados, segundo eles, por voluntariado local.
Para que um partido seja criado, ele precisa ter caráter nacional. Ou seja: segundo a legislação vigente, tem apoio de 0,5% dos votos dados na última eleição geral para a Câmara dos Deputados distribuídos por um terço das unidades da Federação (9) com um mínimo de 0,1% do eleitorado que tenha votado em cada um deles. Até sexta-feira (10), integrantes da Aliança diziam ter atingido 25% da meta.
Por causa da agenda oficial do chefe do Executivo, mobilizadores que tentam criar o partido dizem que Bolsonaro deve participar presencialmente apenas de alguns destes eventos. Eles, porém, não adiantam quais serão visitadas para não criar expectativas que podem acabar frustradas, caso o presidente não compareça.
A viagem de Bolsonaro para as celebrações do Dia da República da Índia, em 26 de janeiro, por exemplo, inviabilizam a presença do presidente em Salvador (25) e Teresina (26).
Caso saia do papel, esta será a nona sigla de Bolsonaro em sua carreira política. Ele ocupará a presidência do partido. Seu primogênito, o senador Flávio Bolsonaro (RJ), é o primeiro-vice-presidente. Assessor especial da Presidência, Tercio Arnaud Tomaz faz parte da direção da sigla. Ligado ao vereador Carlos Bolsonaro (PSC-RJ), ele integra o chamado "gabinete da raiva" do Palácio do Planalto.
À frente da empreitada político-partidária do presidente, o ex-ministro do TSE Admar Gonzaga e a advogada Karina Kufa, respectivamente, serão secretário-geral e tesoureira da legenda.
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