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Aliança entre PT e PSB pode atrapalhar candidatura de Contarato ao governo do ES

Aliança entre PT e PSB pode atrapalhar candidatura de Contarato ao governo do ES

Costura para fortalecer candidatura de Lula em 2022 também encontra resistência do governador Renato Casagrande (PSB), que defende uma terceira via

Publicado em 25 de junho de 2021 às 02:00

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Senador Fabiano Contarato está aberto a possibilidade de concorrer ao governo
Senador Fabiano Contarato está aberto à possibilidade de concorrer ao governo. (Geraldo Magela/Agência Senado)
Autor - Iara Diniz
Iara Diniz
Repórter de Política / [email protected]

A filiação do senador Fabiano Contarato (Rede) ao Partido dos Trabalhadores pode encontrar um entrave na articulação nacional que vem sendo feita entre o PT e o PSB a fim de fortalecer a candidatura do ex-presidente Lula em 2022.

Isso porque uma das condicionantes para Contarato integrar os quadros petistas, segundo interlocutores, é a garantia da legenda para disputar o governo no ano que vem, o que esbarra nos planos do PSB para reeleger o governador Renato Casagrande no Espírito Santo. 

Assim, a candidatura do senador pode entrar na negociação entre as Executivas, já que, para obter apoio do PSB, o PT teria de abrir mão de ter candidatos próprios em alguns Estados, entre eles o Espírito Santo.

As amarras entre os partidos não esbarram apenas na possível filiação do senador, mas também na resistência que Casagrande tem demonstrado diante do nome de Lula. Casagrande é secretário-geral do PSB e defende abertamente a formação de uma terceira via para 2022. Nem Lula, nem Bolsonaro.

De saída da Rede, Fabiano Contarato é cobiçado por partidos mais alinhados à esquerda, entre eles o PT. Em maio, o senador participou de um encontro com Lula em Brasília e foi convidado para se filiar à legenda e disputar a eleição para o governo do Estado. Desde então, eles estão em negociação.

O parlamentar nunca escondeu a identificação com o partido e, apesar de não ter dito que iria aceitar o convite de Lula, deu sinais de que o PT poderia ser a nova casa. Recentemente, Contarato participou de cerimônias de filiação de aliados ao partido, como o ex-deputado estadual Roberto Carlos e Rafael Primo, que disputou a Prefeitura de Vila Velha pela Rede em 2018.  

Mas com a articulação entre petistas e socialistas, que ganhou força com a chegada do governador do Maranhão, Flávio Dino, e do deputado federal Marcelo Freixo ao PSB,  a situação tem sido analisada por Contarato com cautela. 

Pessoas próximas ao senador afirmam que ele tem evitado falar sobre o assunto e aguarda uma posição do PT para tomar uma decisão. Caso a Executiva nacional opte por abrir mão de uma candidatura própria no Espírito Santo, é improvável que Contarato opte pelo PT.

“Contarato só viria para o PT agora se fosse para construir um projeto para o governo. Se não for dessa forma, ele vai evitar ter esse desgaste da imagem com a filiação, afinal ele tem mais quatro anos de mandato como senador”, comentou uma liderança do partido.

Por ser senador (cargo majoritário), Contarato não precisa esperar o período da janela partidária, de seis meses antes da eleição, para efetuar a troca partidária. Assim, ele pode mudar de partido a qualquer momento durante o mandato.

A análise de alguns interlocutores é que o senador poderia adiar uma filiação ao PT, evitando assim carregar o ônus de integrar um partido que ainda lida com alta rejeição, já que não teria o bônus de ser candidato ao governo. Isso, contudo, não impediria o parlamentar de estar no palanque de Lula e nem mesmo de apoiar a reeleição de Casagrande.

De acordo com a presidente do PT no Espírito Santo, Jackeline Rocha, a legenda constrói um movimento para candidatura própria no Espírito Santo, como aconteceu em 2014 e 2018, mas que está atenta às movimentações da Executiva nacional. 

"O PT se movimenta para representar a classe trabalhadora desde 2014 no Espírito Santo e fará o que for preciso para construir um palanque para Lula", afirmou. 

RESISTÊNCIA DE CASAGRANDE

A articulação entre o PT e PSB encontra resistência de alguns membros do PSB, entre eles o governador Renato Casagrande, que já se manifestou favorável à construção de uma terceira via. 

Recentemente, em entrevista para o Valor Econômico, o governador do Espírito Santo garantiu que o endosso à pré-candidatura do petista, feito pelos novos filiados do PSB, Dino e Freixo, "não é uma posição nacional". 

Casagrande também declarou, em entrevista para o Estadão, que as conversas com Ciro Gomes (PDT), que deve disputar a Presidência da República, não podem ser descartadas. No entanto, em um cenário em que o PSB não faça uma aliança com o PT, um dos maiores prejudicados pode ser o próprio socialista.

Na avaliação de algumas lideranças, com espaço para uma candidatura própria e tendo o nome de Contarato para ser lançado, o PT "abocanharia" votos da esquerda que seriam destinados a Casagrande. 

"Poderia ser uma situação complicada, por essa questão de divisão de votos entre eleitores, mas cada eleição é diferente. A gente teria que esperar as pesquisas lá na frente para ver isso. Mas não acho que vamos ver um embate nesse sentido", afirma o presidente estadual do PSB, Alberto Gavini. 

Gavini avalia que o alinhamento entre PSB e PT se dá em um cenário que se mostra cada vez mais difícil a construção de uma terceira via, mas pontua que, caso haja a aliança, Casagrande não deve subir no palanque de Lula. 

“Acho difícil construir uma terceira via com tão pouco tempo. Sou a favor das forças progressistas estarem juntas em 2022 e apoiar o candidato mais forte. Entendo a posição de Renato [Casagrande], que, antes de mais nada, é contra a reeleição de Bolsonaro. Mas pode ser que não queira subir no palanque de Lula.", pontuou. 

O QUE DIZ O SENADOR FABIANO CONTARATO

Procurado pela reportagem, o senador Fabiano Contarato disse que ainda não decidiu a qual partido vai se filiar e que, por isso, não falaria a respeito do assunto. 

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