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Alianças, críticas, promessas: as apostas de Manato e Casagrande no 2° turno

Alianças, críticas, promessas: as apostas de Manato e Casagrande no 2° turno

Candidatos ao governo do ES reforçam estratégias bem-sucedidas da primeira fase da campanha, mas fazem ajustes no caminho

Publicado em 14 de outubro de 2022 às 14:03

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Simulação de 2º turno tem Casagrande com 59% e Manato com 29%
Renato Casagrande e Carlos estão no segundo turno para disputar o Palácio Anchieta. (Arte A Gazeta)

O segundo turno no Espírito Santo começou com reforço a discursos ideológicos, busca de apoios de políticos, partidos e lideranças, e até mudança na equipe de campanha. E são apenas os primeiros dias. Para o governador Renato Casagrande (PSB), que disputa a reeleição, e o ex-deputado federal Carlos Manato (PL), que tenta pela segunda vez chegar ao Palácio Anchieta, a caminhada até o dia 30 de outubro tem sido intensa e de muitos desafios.

Alcançar a vitória vai depender, não apenas das propostas, mas das estratégias que adotam para se comunicar melhor com o eleitor e convencê-lo sobre quem é o nome mais bem preparado para o governo do Estado nos próximos quatro anos. 

Especialista em marketing político, Ananda Miranda faz uma análise do primeiro turno para projetar esta nova etapa da campanha no Espírito Santo. Ela considera, assim como outros analistas da área, que houve reflexo da disputa nacional no Estado, que se divide entre uma candidatura do campo progressista, no nome do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e outra conservadora, com o presidente Jair Bolsonaro (PL), concorrendo à Presidência da República. No Espírito Santo, Casagrande está em um lado, Manato, em outro. 

Alianças, críticas, promessas as apostas de Manato e Casagrande no 2° turno

"As votações para o governo no Estado expressam exatamente o que a gente teve no governo federal. Então, não acho que a campanha de Manato, por exemplo, de direita e jogando para a extrema-direita, se tivesse colado o  jogo para o centro (no espectro político), teria conseguido esse voto (mais conservador) justamente por conta da polarização nacional", avalia. 

Para Ananda, a campanha de Manato conquistou insatisfeitos com a gestão de Casagrande, mas não apenas isso. Há, em sua opinião, um bolsonarismo ainda escondido, até envergonhado de se manifestar — o que também não foi captado nas pesquisas antes do primeiro turno

Ela avalia que um grande segmento que se opõe à reeleição de Casagrande é o comércio, refratário às medidas de prevenção adotadas durante o período mais crítico da pandemia. Para fazer frente a esse grupo, difícil de reconquistar na opinião de Ananda, a especialista defende que o socialista fortaleça sua campanha junto aos servidores públicos, parcela importante do eleitorado.

ESTRATÉGIAS

Pós-doutor em Sociologia Política, Vitor de Angelo coordena a campanha do governador desde o primeiro turno e, embora não possa revelar muito da estratégia desta nova etapa, destaca a valorização de apoios obtidos, de políticos com e sem mandato, e também de outras representações.

Vitor diz ainda que serão reforçadas as ações já desenvolvidas por Casagrande e, mais ainda, o perfil do socialista que transita bem com gestores das mais diversas correntes políticas.

“Na relação com as prefeituras, por exemplo, convive bem e investe em todas, mesmo naquelas que abertamente se opõem ao governo. O resultado da eleição não influencia na capacidade de governar com qualquer candidato eleito”, ressalta Vitor, numa clara referência à possibilidade de reeleição de Bolsonaro à presidência, que tem o Manato como candidato ao governo do Estado.

A campanha do socialista também não vê contradição, nem recusa apoio, dos aliados que optam por Casagrande e Bolsonaro, em vez de Lula, que é o candidato do governador à Presidência da República. Na primeira semana pós-primeiro turno, esse movimento ficou bastante evidente, até com manifestação do filho do governador.

Além disso, Casagrande mostrou-se mais contundente nas declarações contra o adversário, resgatando a participação de Manato na Le Cocq e sugerindo retrocesso em caso de eleição do oponente. Nesta semana, inclusive, o Tribunal Regional Eleitoral do Espírito Santo (TRE-ES) determinou que Casagrande suspenda o impulsionamento de propaganda eleitoral negativa a Manato no Facebook e no Instagram

Para ser bem-sucedido e se eleger governador, Manato, por sua vez, deverá acompanhar a linha adotada por Bolsonaro em nível federal no tom do discurso, segundo análise de Ananda Miranda.

Contudo, não pode ser somente uma campanha emocional, mas propositiva, apresentando soluções para os problemas do Espírito Santo.

Antes de deixar a campanha de Manato, o marqueteiro Fernando Carreiro falou sobre as estratégias que adotou no primeiro turno e as perspectivas para a nova fase. Ele contou que a atuação do candidato foi em duas frentes — uma para o público bolsonarista, que é naturalmente eleitor de quem representa o presidente no Estado, e outra mais voltada ao centro do espectro político, que tem um eleitor mais moderado.

Isso porque concentrar todos os esforços apenas na parcela que é pró-Bolsonaro, na avaliação de Carreiro, seria limitar o alcance de Manato porque há um “teto” do eleitorado com esse perfil e era necessário avançar para além do próprio grupo do candidato do PL.

Para o segundo turno, algumas estratégias não podiam ser divulgadas, mas ele contou que a ideia era manter uma campanha limpa, embora com críticas à gestão Casagrande. “Não trabalho com ofensa pessoal. Uma coisa é levantar o passado, outra é ferir a honra de alguém. E meu limite ético é até a beirada da desinformação. Não trabalho com ‘fake news’. Isso é um desserviço”, disse Carreiro. Contudo, sem chegar a um acordo financeiro, o marqueteiro deixou a campanha.

Houve uma sinalização que o senador eleito Magno Malta (PL) ficaria responsável pela campanha de Manato no segundo turno, mas a assessoria informou que o marketing passaria à responsabilidade do Tenente Assis (PL), candidato derrotado à Câmara Federal. Ele, porém, não atendeu às solicitações de entrevista. Por fim, assumiu mesmo Giselle Barbosa, responsável pela comunicação do PL no Espírito Santo e que atuou na campanha de Magno. De todo modo, a retomada da campanha na TV mostra que Manato vai seguir reforçando sua relação com Bolsonaro. 

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