Na véspera do início das convenções partidárias, as alianças visando à disputa para governador do Espírito Santo avançam e o PSB afirma ter 10 aliados em defesa da reeleição do governador Renato Casagrande (PSB). Ele anunciou nesta terça-feira (19) que seu companheiro de chapa será o ex-senador Ricardo Ferraço (PSDB) e recebeu a declaração oficial de apoio do PT na última semana.
A saída do nome do senador Fabiano Contarato (PT) da corrida pelo comando do Palácio Anchieta e a confirmação oficial de que Casagrande vai buscar a reeleição movimentaram o tabuleiro eleitoral na última semana. Ainda que fossem esperados, esses dois movimentos e agora o anúncio de Ferraço como vice deixaram o cenário para a disputa ao governo mais claro. Com isso, os pré-candidatos de oposição correm contra o tempo para tentar obter apoios e se manterem na disputa, enquanto o PSB tenta ampliar ainda mais o seu arco de aliados.
O presidente estadual do PSB, Alberto Gavini, reforça o que disse Casagrande sobre o partido querer a aliança mais ampla possível. Segundo Gavini, a aliança em torno da reeleição do governador já conta com 10 partidos, além do próprio PSB. São eles: PDT, PT, PV, PCdoB, MDB, Podemos, Pros, PP, PSDB e Cidadania.
Muito se falou sobre a possibilidade de alguns partidos pularem do barco com a entrada do PT na chapa do PSB, especialmente PP, PSDB e Cidadania, mas até o momento isso passou longe de acontecer.
Os arranjos da parceria entre Casagrande e Ricardo Ferraço foram definidos em reunião realizada na manhã desta terça-feira (19) entre os dois e líderes do PSB, PSDB e Cidadania. PSDB e Cidadania estão federados e, por isso, já teriam de caminhar juntos. O PSDB havia exigido publicamente a vaga de vice ou do Senado para apoiar um nome ao governo e conversava com outros pré-candidatos a governador.
Antes dessa reunião, Gavini havia ressaltado à reportagem de A Gazeta que o vice seria uma decisão exclusiva do governador. "Ele precisa ter alguém com quem possa contar. Os partidos vão respeitar essa decisão", frisou o presidente estadual do PSB.
Depois do anúncio, o presidente estadual do PSB voltou a enfatizar que todas as decisões relacionadas às alianças são conversadas antes com todos os partidos que fazem parte da coligação, que pode chegar a 13 legendas. Em 2018, Casagrande foi eleito governador com o apoio de 18 legendas, incluindo o PSB. Nas reuniões com os partidos, segundo Gavini, estão sendo discutidos plano de governo e participação na gestão, em caso de reeleição, pois várias legendas conversam com outros pré-candidatos.
Depois de definir o vice, Casagrande deve anunciar quem vai apoiar na disputa ao Senado. A senadora Rose de Freitas (MDB) é a favorita, mas o coronel Alexandre Ramalho (Podemos) acredita muito na sua competitividade para ser o escolhido. Ele frisou que não tem nada de candidatura avulsa ao Senado, pois essa é uma decisão do presidente estadual do Podemos, Gilson Daniel.
Ramalho se reuniu na manhã desta terça-feira com o presidente estadual do PP, Marcus Vicente, e os deputados federais do PP Neucimar Fraga e Da Vitória. Ao ser questionado sobre a possibilidade de apoiar outro nome para o governo para se manter na disputa ao Senado, caso Casagrande opte por Rose, ele garantiu que "não tem nenhuma conversa nesse sentido".
O presidente estadual do PP é aliado de primeira hora de Casagrande, mas o partido faz parte da base do presidente Jair Bolsonaro (PL) e abriga várias lideranças bolsonaristas no Estado, que teriam ficado insatisfeitas com a declaração do governador de que fará campanha somente para Lula na disputa presidencial. No entanto, a saída do PP da aliança é considerada difícil de ser confirmada.
Para o PSB, a aliança com o PP está sedimentada. "Não vamos nos meter nos problemas internos dos partidos. Se um ou outro não quiser ficar, que resolva com o partido dele. Se está na coligação, tem que seguir a coligação. O PSB é um partido que respeita o processo democrático. Estamos conversando para ajudar e ter uma aliança maior", destacou Gavini.
No grupo dos pré-candidatos de oposição à atual gestão, o deputado federal Felipe Rigoni (União Brasil), o presidente da Assembleia Legislativa, Erick Musso (Republicanos), e o ex-prefeito de Linhares Guerino Zanon (PSD) buscam atrair apoios para se fortalecerem e, assim, garantirem a participação deles na disputa pelo comando do Palácio Anchieta. Sobre as pré-candidaturas do ex-deputado federal Carlos Manato (PL) e do ex-prefeito da Serra Audifax Barcelos (Rede) não há mais especulações de retiradas.
Os três primeiros não admitem abrir mão da pré-candidatura a governador oficialmente. Porém, nos bastidores circula informação sobre a possibilidade de composição entre eles, principalmente envolvendo Musso, cujo partido abriga também um pré-candidato ao Senado, o ex-prefeito de Colatina Sérgio Meneguelli (Republicanos), que demonstrou maior viabilidade na pesquisa Ipec/Rede Gazeta do que o próprio presidente da Assembleia.
Por outro lado, o bom trânsito de Musso com Rigoni, Zanon, Manato e também com o ex-secretário da Fazenda de Vitória Aridelmo Teixeira (Novo) pode contribuir para a formação de uma aliança com alguns deles. A parceria mais improvável no momento é com Manato, uma vez que o PL também tem nome próprio ao Senado, o do ex-senador Magno Malta. O partido também tem quase fechada a indicação do vice pelo PTB.
Sem conseguir avançar nos apoios obtidos logo que se lançou - manteve Patriota e PSC, mas perdeu o Agir -, Erick Musso não conseguiu empolgar o mercado político. Ao mesmo tempo, não estaria muito disposto a compor como vice de algum outro pré-candidato. Segundo lideranças políticas, tanto Rigoni quanto Zanon teriam aberto essa possibilidade a ele.
A parceria com Rigoni é desejada por Musso, com quem gostaria de compor a "chapa da juventude". Os dois são considerados jovens, o primeiro tem 31 anos e o segundo, 35, além de estarem no início de suas carreiras políticas. Rigoni é deputado federal de primeiro mandato, enquanto Musso está no segundo mandato de deputado estadual. A ascensão dos dois na política contou com a simpatia do ex-governador Paulo Hartung (sem partido), que também é muito próximo de Zanon.
Procurados para comentar a possibilidade de parceria entre eles, Musso e Rigoni se calaram. Mas o secretário-geral do União Brasil no Espírito Santo, Arilton Ribeiro, enfatizou que Rigoni "tem o comando do partido e autonomia para tomar qualquer decisão"
"(Tem autonomia) para tomar a decisão de ser candidato a governador, que é prioridade para ele, como também para dialogar com outras candidaturas, até para que elas possam abrir mão e compor junto com ele esse projeto, um projeto de futuro e de novo ciclo político e econômico", assegurou o dirigente partidário.
Ele acrescentou que o União Brasil é "a noiva mais cobiçada", uma vez que o partido tem o maior tempo de TV e acesso a um grande volume de recursos do fundo partidário, por ter eleito a maior bancada de deputado federal, em 2018. Além disso, afirmou que Rigoni já tem um plano de governo construído a partir do diálogo com a sociedade, algo que muitos pré-candidatos não têm.
No entanto, até agora Rigoni não obteve apoio de nenhuma sigla. Assim como ele, Aridelmo e o capitão Vinícius Sousa (PSTU) caminham sem aliados para a disputa ao governo, até o momento.
Por mais que não tenha o comando do PSD nas mãos, Guerino Zanon ganhou autonomia do partido para negociar todas as alianças em torno da sua pré-candidatura. Até agora, obteve o apoio do PMB e da Democracia Cristã (DC).
Já Audifax Barcelos conta com o apoio forçado do Psol, que formou federação com a Rede, e a parceria do Solidariedade em nível local e nacional. A aliança com o Avante surpreendeu as lideranças estaduais e foi obtida com a interferência da direção nacional. Audifax chegou a declarar que havia conseguido também o apoio do Pros, mas o presidente estadual do partido e prefeito de Ibatiba, Luciano Pingo, garantiu que a sigla estará com Casagrande.
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rapido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta