A senadora Rose de Freitas (MDB), que foi alvo de uma operação da Polícia Federal nesta quarta-feira (12), que investiga a atuação de uma organização criminosa na Companhia Docas do Espírito Santo (Codesa), nega que tenha cometido algum ato ilícito durante os oito mandatos no Parlamento.
A investigação aponta que a senadora nomeava pessoas na estatal federal que administra o Porto de Vitória com a finalidade de desviar recursos públicos da área portuária. Foram cumpridos mandados de busca e apreensão na residência da senadora em Fradinhos, em Vitória, e no apartamento funcional onde ela reside, em Brasília.
Rose diz que desconhece as razões do mandado e que foi surpreendida pela ação da Polícia Federal. Computadores e documentos foram apreendidos.
Além disso, o irmão da senadora Edward Dickson de Freitas, e o assessor parlamentar e primo dela Ricardo Saiter Mota foram presos em cumprimento de mandados de prisão temporária, expedidos pelo ministro Kassio Nunes Marques, do Supremo Tribunal Federal (STF). Como a parlamentar tem prerrogativa de foro e há indícios, segundo a PF, de envolvimento dela no esquema, é necessária autorização do STF.
Rose de Freitas diz que desconhece as razões do mandado e que foi surpreendida com a presença da Polícia Federal no apartamento onde mora.
"Reafirmo não ter cometido qualquer ato ilícito ao longo dos oito mandatos exercidos na vida pública. Fui igualmente surpreendida pelas prisões de meu irmão e de meu assessor, realizadas no Estado do Espírito Santo. Confio no reestabelecimento da verdade e na apuração das possíveis motivações que ensejaram tamanha agressão", disse, por meio de nota enviada à imprensa.
No total, foram cumpridos dois mandados de prisão temporária – do irmão e primo de Rose – e 10 mandados de busca e apreensão em residências e empresas nos municípios de Vitória, Cariacica e Serra, no Espírito Santo, e em Brasília, no Distrito Federal, o sequestro de bens e valores.
Um dos investigados pela Polícia Federal foi preso em flagrante em Brasília por porte ilegal de arma. Como o crime é afiançável. ele foi liberado após o pagamento de fiança. O valor e a identidade do preso não foram divulgados.
A operação contou com a participação de 44 policiais federais. São investigados o cometimento de crimes de concussão, corrupção passiva, corrupção ativa, organização criminosa, fraude a licitações e lavagem de capitais.
De acordo com a Polícia Federal, os crimes teriam acontecido entre os anos de 2015 e 2018, com direcionamento de certames e desvio de recursos públicos dos contratos firmados com as prestadoras de serviços.
A investigação contou com a colaboração da atual gestão da Codesa, que, em auditoria realizada, estima que somente em dois dos contratos auditados a organização criminosa pode ter desviado cerca de R$ 9 milhões.
Para receber os recursos desviados, de acordo com a polícia, o grupo investigado utilizava um escritório de advocacia, responsável por simular a prestação de serviços advocatícios para lastrear a movimentação dos valores. As investigações revelaram ainda que a lavagem do dinheiro ilegal também ocorria por meio da compra de imóveis de luxo e do pagamento de despesas pessoais dos envolvidos.
Confira a nota da senadora na íntegra:
"Fui surpreendida hoje, às 9h, pelo mandado de busca e apreensão expedido pelo ministro Nunes Marques, do STF, no meu apartamento funcional onde resido, em Brasília. Desconheço, até o momento, as razões do mandado e reafirmo não ter cometido qualquer ato ilícito ao longo dos oito mandatos exercidos na vida pública. Fui igualmente surpreendida pelas prisões de meu irmão e de meu assessor, realizadas no estado do Espírito Santo. Confio no reestabelecimento da verdade e na apuração das possíveis motivações que ensejaram tamanha agressão. Identifico claramente uma tentativa de desabonar minha honra e dignidade. Não cederei a pressões de qualquer natureza, venham de onde vierem. Providências legais cabíveis estão sendo tomadas para que os fatos sejam devidamente esclarecidos e apurados. Sempre exerci com coragem, ética e dedicado trabalho os mandatos que honradamente recebi do povo do Espírito Santo. Todos os demais esclarecimentos serão prestados pelos nossos advogados, que se pronunciarão oportunamente."
A Codesa também foi demanda para se posicionar sobre a operação, mas disse que as informações ficariam a cargo da Polícia Federal.
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