O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), tem priorizado o que considera acenos ao eleitorado evangélico, decisivo para sua vitória nas urnas. Em tramitação na Câmara, o projeto de lei da Escola Sem Partido que determina a afixação de cartazes em salas de aula delimitando a atuação dos professores, para coibir suposta doutrinação ideológica será um dos principais focos do governo e de sua base aliada no Congresso. Além disso, líderes evangélicos que o apoiaram na eleição veem como fundamental a nomeação do futuro ministro da Educação.
Líder da Assembleia de Deus Vitória em Cristo, o pastor Silas Malafaia é um dos que têm defendido junto ao presidente eleito que o próximo titular da pasta tenha como uma de suas prioridades varrer da educação brasileira a ideologia esquerdista. Malafaia tem dito que o presidente eleito se comprometeu a indicar um nome com este perfil. Para lideranças religiosas que apoiaram Bolsonaro, além do novo ministro da Educação, o apoio do governo a pautas como a Escola Sem Partido poderá manter o vínculo do presidente eleito com este eleitorado.
A importância dos evangélicos para a vitória de Bolsonaro é confirmada pelo cruzamento do resultado do segundo turno com dados do Censo de 2010 sobre religião: quanto maior o percentual de evangélicos nos 5.565 municípios brasileiros, maior foi a votação do capitão da reserva.
De maneira inédita, esses eleitores, que costumavam se dividir, optaram majoritariamente por um candidato. Nas 32 cidades com maioria protestante, Bolsonaro recebeu 74,26% dos votos. Esse percentual cai para cerca de 64,2% naquelas com entre 40% e 50% da população formada por evangélicos, e vai despencando conforme essa proporção se reduz. Nos 1.416 municípios onde os membros dessas igrejas somam menos de 10% da população, o presidente eleito teve apenas 28,07% dos votos, contra 71,93% recebidos por Fernando Haddad (PT).
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